Visita técnica inicia tratativas para rede de monitoramento de contaminação por agrotóxicos

O Laboratório de Qualidade Ambiental (Laqua), da Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo e Geografia (Faeng), recebeu nesta terça-feira, 16, uma visita técnica de representantes que devem compor uma rede de monitoramento de qualidade ambiental e das águas, com foco na presença de agrotóxicos. A iniciativa deve ser promovida a partir de parceria entre a UFMS, a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Superintendência Estadual do Ministério da Saúde. A visita teve como intuito iniciar as tratativas para implementação da rede. 

O Laqua realiza pesquisas e análises sobre a qualidade e potabilidade da água, assim como a investigações sobre impactos em águas naturais superficiais e subterrâneas, tratamento de água e efluentes domésticos e industriais. Na rede, o laboratório deve representar a UFMS nas análises de monitoramento da existência de agrotóxicos em amostras coletadas no Estado. 

O reitor Marcelo Turine enfatiza a relevância da rede para garantir a qualidade de vida da população do Estado. “É um projeto referência, pioneiro no Mato Grosso do Sul e no Brasil. Vamos juntar essas instituições e montar uma grande estrutura para poder cobrir o Mato Grosso do Sul, atender demandas das comunidades que precisarem de uma análise de qualidade de água, algo que demanda investimento. Então o objetivo é atender a comunidade e ao mesmo tempo as políticas públicas do Mato Grosso do Sul, sempre pensando no ponto de vista da pesquisa, desenvolvimento, da inovação e atendendo a qualidade de vida da população”, ressalta.

“O Laboratório de Qualidade Ambiental possui uma equipe de pesquisadores e técnicos totalmente qualificados, que atuam em projetos de pesquisa de ensino e de extensão. O estabelecimento dessa parceria é também um reconhecimento dos pesquisadores que temos, de todo esse trabalho que é feito pelos pesquisadores da nossa Instituição, em especial nessa área da qualidade da água, a qualidade do meio ambiente. Mostra que a produção científica é importantíssima não só para a Universidade, mas para toda a população”, pontua o diretor da Faeng, Robert Schiaveto de Souza. 

A professora da Faeng e coordenadora do Laqua, Keila Oliveira, explica que a formação da rede permite empregar a pesquisa científica para atender a população. “A proposta de formar uma rede é fundamental para conseguir estabelecer pontos de monitoramento de qualidade ambiental, não somente água, mas também análises humanas para atender a população. A gente pode disponibilizar o desenvolvimento científico e o avanço das nossas pesquisas na área e deixá-las a serviço da população do nosso Estado, um estado tão importante, em crescimento, onde temos grandes biomas em constante alteração”.

“O laboratório já tem alguns anos de caminhada, nós temos um corpo técnico bem robusto e  buscamos sempre inovar, melhorar nossos potenciais de atendimento, de serviços prestados à comunidade por meio da extensão universitária, indo além da pesquisa e ensino. Esse momento vem potencializar e trazer também visibilidade para o nosso trabalho, dando mais um impulso nas nossas atividades”, completa a coordenadora do Lacqua. 

Para o reitor da UFGD, Jones Dari Goettert, a parceria interinstitucional permite o cumprimento da missão social das universidades. “É fundamental a integração entre universidades para termos uma atuação social, que é o nosso papel, de pensarmos os territórios diferentes do Estado, a partir da premissa básica que é contribuição dessas instituições para a qualidade de vida da população, seja a população humana, animal ou vegetal”, diz.

O médico e superintendente estadual do Ministério da Saúde, Ronaldo de Souza Costa, conta que a ideia da rede surgiu a partir da ocorrência de contaminações por agrotóxicos em populações urbanas da cidade de Dourados. “Essa iniciativa partiu da nossa observação em relação às alterações nos pacientes que eu atendia como médico do trabalho. Eles começaram a apresentar alterações nos seus exames de sangue, de urina e exame oftalmológico. Fiquei muito preocupado e procurei investir na investigação sobre a causa daquele processo. O Ministério Público Federal pediu análise das amostras de água do Rio Dourados, da estação de tratamento e da torneira, e verificou inicialmente que tinham duas substâncias, dois tipos de agrotóxicos”, relata.

“Estamos expostos a uma série de substâncias químicas […] A gente precisa ter a possibilidade de mostrar quais as alterações que isso causa. Esse agrotóxico gera uma bioacumulação que gera um dano difícil ainda de estimar. Então, a gente vê a possibilidade dessas instituições interagirem de forma muito positiva no sentido de montar essa rede de monitoramento”, finaliza o superintendente.

Texto: Alíria Aristides

Fotos: Cristhofer Andrade