Universidade inaugura laboratório com nível de biossegurança máximo

Na manhã desta quinta-feira, 18, foi realizada a inauguração do Laboratório de Nível de Biossegurança 3 do Biotério Central, na Cidade Universitária. A Universidade investiu mais de R$ 2 milhões, por meio de chamada pública do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, para realização da reforma da estrutura física e a aquisição de novos equipamentos. Com a finalização das obras, a UFMS passa a ser a única Instituição de Mato Grosso do Sul com um biotério de nível de biossegurança 3.

A reforma permite a manutenção e manipulação segura de animais de laboratório infectados com patógenos de alto risco individual e moderado risco comunitário para pesquisas de fármacos e vacinas contra doenças de interesse em saúde pública, como a Covid-19, a tuberculose e a brucelose. O espaço possui uma área biocontida de 40 metros quadrados, equipada com alta tecnologia de automação para controle e monitoramento ambiental, garantindo segurança para os usuários, a comunidade e o meio ambiente.

Entre as adequações realizadas estão um sistema de climatização totalmente automatizado e independente das demais áreas para manutenção constante da temperatura, umidade e diferencial de pressão no interior do laboratório; filtração absoluta de todo o ar da exaustão; instalação de três portas de biossegurança com juntas ativas e intertravadas para vedação total do ambiente, impedindo o escape de contaminantes e auxiliando na manutenção da pressão negativa interna; instalação de estação e tratamento de efluentes; e aquisição de equipamentos, como Cabine de Segurança Biológica; Autoclave de dupla porta; rack ventilada com pressão negativa para manutenção dos animais; e equipamentos para área de higienização de materiais. A estrutura segue as recomendações de bem-estar animal e biossegurança do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal e às diretrizes da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança.

O reitor Marcelo Turine esteve presente na inauguração e celebrou o investimento na inovação. “A ciência é investimento e esse Biotério mostra um pouquinho desse equipamento tecnológico de inovação que nós estamos entregando para Mato Grosso do Sul. É um espaço multiusuário que serve a todas as universidades do Mato Grosso do Sul, centros de pesquisa, com segurança máxima. […] Espero que daqui nasçam muitas pesquisas para salvar vidas e que a gente consiga usar esse equipamento junto a Universidade, empresas, Governo do Estado, para poder direcionar políticas estratégicas”, celebra. 

A pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, Maria Ligia Rodrigues Macedo, explicou que o laboratório não se limita apenas ao trabalho com vacinas e doenças emergentes. “[O NB3] permite a gente fazer novos fármacos, novos produtos, trabalhar com startups. Permite que startups e empresas inovadoras possam fazer seus modelos pilotos em um ambiente necessário, onde os animais daqui vão sendo mais selecionados para determinado tipo de câncer, determinado tipo de resistência antimicrobiana. Toda a parte da inovação vai ser gerada, feita e executada aqui. Possibilita que empresas, startups e indústrias comecem a fazer suas experiências no local”.

A responsável técnica pelo Biotério Central, Telma Bazzano da Silva, explica o propósito da área. “É a concretização de um sonho de possuirmos uma área de experimentação multiusuária, NB3, de alta complexidade, destinada a estudos de agentes de alto risco biológico, permitindo o conhecimento de diferentes patógenos causadores de doenças infecciosas de interesse em saúde humana e animal. Essa estrutura permitirá pesquisas tanto em modelos animais quanto em modelos in vitro, contribuindo significativamente para o progresso e inovação das pesquisas de nosso Estado e das regiões próximas”.

“O principal objetivo dessa estrutura é garantir a segurança tanto do pesquisador, como do ambiente externo. Para o trabalho com esses patógenos de risco, é exigido esse nível de estrutura. A gente precisa ter um sistema de climatização específico que garanta uma pressão negativa dentro da área, precisa ter portas especiais que não permitem o escape desses patógenos, equipamentos de proteção coletiva. Então, a gente tem autoclave, cabine de segurança biológica, todas específicas para esse nível de segurança”, explica a responsável técnica do setor de experimentação do Biotério Central, Maria Paula Ferreira Fialho Frazilio.

O presidente da Financiadora de Estudos e Projetos, Celso Pansera, comentou sobre a importância dos laboratórios de segurança. “A Covid-19 nos trouxe uma emergência, que são os laboratórios de segurança para fazer os estudos das patologias, um nível de segurança interessante. Aqui nós estamos juntando duas questões, uma regulamentação que permite a utilização de seres vivos para a pesquisa de animais, muito relevante, e a questão do laboratório de segurança. Para a gente, é uma satisfação estar presente aqui nessa inauguração”, enfatizou.

 

Texto: Elton Ricci

Fotos: Álvaro Herculano