Nesta quinta-feira (7), a UFMS concede o título Doutora Honoris Causa à pesquisadora María Esther Martínez Quinteiro, da Universidade de Salamanca, Espanha. Trata-se da máxima distinção concedida pela Instituição a pessoas que se distinguem pelo saber e conhecimento nas artes, ciência, filosofia e letras. María Esther contribuiu de forma relevante para a temática dos Direitos Humanos e seu nome foi proposto pela conselheira Ynes da Silva Félix, diretora da Faculdade de Direito (Fadir). A cerimônia será às 19h30 no auditório do Complexo de Educação a Distância e Escola de Extensão, na Cidade Universitária.
“María Esther contribuiu para a efetivação dos Direitos Humanos dentro e fora da academia, além disso também tem sido muito importante pela sua colaboração com a UFMS e com a Fadir. Sentimo-nos honrados em homenageá-la. Ela é um exemplo pela dedicação à pesquisa, em especial aos direitos das mulheres”, destaca a professora Ynes. Quinteiro iniciou o movimento de fundação do Instituto de Direitos Humanos em Mato Grosso do Sul e da realização do Congresso Internacional de Direitos Humanos, que atualmente está na 15ª edição. Ela também participou da fundação do Núcleo de Direitos Humanos da UFMS e foi presidente da Federação Internacional de Direitos Humanos. Os trabalhos de pesquisa desenvolvido no Núcleo pelos professores da Fadir, liderados pela pesquisadora espanhola, proporcionaram a implantação do Mestrado em Direitos Humanos, o primeiro em Direito em MS.
Para o reitor Marcelo Turine, a UFMS faz muito bem em reconhecer e agraciar a professora pelo seu empenho e dedicação à temática. “A vida profissional da nossa homenageada de hoje tornou-se um exemplo para todos nós. Ela preenche todos os requisitos para ser incluída na nossa galeria de doutores Honoris Causa. Colaborou também com os nossos professores e acadêmicos por meio de diversos trabalhos na área de Direitos Humanos, mas também tem desempenhado um papel importante na elaboração de redes internacionais para estudos nesta área”, destaca o reitor.
A homenageada
Nascida em Santiago de Compostela, capital da Galícia, no ano de 1946. Ela conta que naquela época a Espanha vivia as consequências da guerra civil desencadeada pelo golpe militar de 1936 e que culminou com a ditadura do general Franco, que durou até 1975. “O general Franco tinha como aliada a Igreja Católica e essa controlava toda a educação primária e secundária no país. Por escolha dos meus pais, fui educada pelas freiras da Companhia de Maria, uma versão feminina da Companhia de Jesus. Como minha mãe era muito culta e tínhamos uma biblioteca em casa, consegui preencher as lacunas de um sistema educacional hierarquizado e rígido, não nos era permitido acessar a biblioteca, não se falava de sexo e a presença de homens foi proibida até 1965”, relata.
María Esther graduou-se em Filosofia e Letras pela Universidade de Santiago de Compostela, onde também atuou como professora. “Comecei a cursar Direito, que me ajudou muito nos estudos posteriores sobre direitos humanos, mas infelizmente não conclui a faculdade”, lamenta a professora, que teve que abandonar o curso quando se transferiu para a Universidade de Salamanca, para ministrar a disciplina de História Contemporânea. “A Universidade, nos anos de 1970, era um centro de efervescência política antifranquista. Participei de muitas greves de alunos e professores que se estenderam até a morte de Franco”, relata. Ela conta que após a implantação da democracia, as condições de trabalho, as novas oportunidades e as políticas de igualdade foram ampliando de forma progressiva as chances e a independência pessoal e acadêmica dela e também das mulheres no país.
Em outubro de 2016, foi contratada pela Universidade Portucalense Infante D. Henrique (Portugal) para atuar como docente titular na Faculdade de Direito, mas ainda mantém vínculo com a Universidade de Salamanca, onde coordena um curso de pós-doutorado. Publicou os livros La mujer en la historia, el arte y el cine. Discurso de género, variantes de contenido y soportes. De la palabra al audio-visual e Comiendo del fruto prohibido. Mujeres, ciencia y creación a través de la historia. Na UFMS é professora visitante da Fadir. “Mantenho uma frutífera colaboração de muitos anos com a Faculdade e agradeço imensamente a concessão do título Doutora Honoris Causa”, ressalta.
Texto: Vanessa Amin/Rafael Cogo