foto: CCS/UFMS

UFMS ganha Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas

Aglutinar as forças sociais que atuam pela promoção da igualdade racial e étnica e difundir o respeito às diferenças são propostas mestras do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (NEABI-UFMS), lançado em Seminário realizado nos dias 19 e 20 de dezembro no auditório do Centro de Ciências Humanas e Sociais (CCHS).
Formado por pesquisadores da UFMS, entre eles professores, graduandos e pós-graduandos, o Núcleo também está aberto a ativistas que queiram estudar a história e a cultura africana, afro-brasileira e indígena, além dos problemas relativos a esses grupos, especialmente na realidade sul-mato-grossense.
Coordenado pelos professores Lourival dos Santos, do curso de História, e Antônio Hilário Urquiza, do curso de Ciências Sociais, o NEABI pretende incentivar mais pesquisas e dar maior visibilidade às que já são feitas.
“Queremos ir além de atitudes de tolerância. Pretendemos contribuir para uma cultura da diferença. Nosso propósito é trazer os saberes de negros e indígenas e dialogar com o conhecimento da Universidade cujo dever é fazer Ciência. Outra questão importante é a educação étnico-racial; precisamos formar quadros efetivos especialmente entre os nossos alunos de Licenciatura”, coloca o professor Lourival.
A ideia é tornar efetiva a transformação da realidade da sociedade por intermédio da escola, por meio da reeducação étnico-racial. “Todos são educados, de certa forma, para entender os sinais que são os pré-conceitos de qual é o ‘lugar do índio’, qual é o ‘lugar do negro’ e tantas outras diferenças que temos de tratar como singularidades históricas e culturais, tanto nos seus indivíduos como nas suas coletividades”, diz o coordenador.
Essa discussão deve ser levada também aos projetos de extensão, em articulação com as secretarias municipais e estaduais. “Nossa principal interface com a sociedade é com o movimento negro urbano, quilombolas, indígenas urbanos e rurais. Pretendemos criar grupos de estudos na UFMS em que tenhamos pessoas interessadas em estudar pautas específicas, congregar os grupos que na Universidade estão dispersos”, enfatiza o coordenador do NEABI.

Movimento interno

Uma questão a ser tratada na Universidade é a de atendimento aos cotistas. “Não há uma política específica. Entramos diferentes na Universidade, com diferentes saberes e temos de sair em igualdade de condições para transformar o mundo. Mas como não somos iguais, temos de dar condições para que todos continuem seus cursos e não os abandonem”, afirma.
A proposta é criar políticas efetivas para discutir a questão do preconceito contra o negro, contra o índio para não expulsá-los da Universidade, aponta o professor. “Temos de ser uma universidade acolhedora, temos de oferecer livros, dar apoio psicossocial, porque muitos são até mesmo frequentemente questionados por terem entrado pelo sistema de cotas. A cota não é o bastante, temos de evoluir para ações afirmativas”, diz.
Entre os assuntos em pauta estão também questões como o trabalho pelo fim dos estereótipos, mobilização de conhecimentos que são interdisciplinares, discussão sobre a intolerância religiosa, sobre o tratamento com desrespeito à cultura e à história dos diversos grupos, entre outros temas.  “A UFMS enquanto instituição estava mesmo devendo uma resposta à sociedade no sentido de sermos pautados pelos movimentos sociais de fora para dentro. A questão indígena é inescapável e os negros, de acordo com levantamento do IBGE, são 48,5% no Estado”, destaca o professor.


I Seminário da Consciência Negra difunde direitos e cultura afro

Com atrações culturais e palestras, o I Seminário da Consciência Negra –Avançando na Equidade, realizado no dia 26 de novembro na Universidade, reuniu pesquisadores e comunidade em debates sobre direitos humanos, legislação brasileira, saúde, educação, além de trazer curiosidades sobre moda, gastronomia, lazer, dança e mostra de exposições.
O Seminário compôs a agenda de uma série de eventos realizados em Campo Grande pelas comemorações do Dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro), destacado em homenagem à data da morte do líder do Quilombo dos Palmares, Zumbi, em 1695.
O evento foi promovido pelo Programa de Pós-Graduação Saúde e Desenvolvimento do Centro-Oeste na UFMS, em parceria com a Associação de Anemia Falciforme do Estado de São Paulo, no auditório e corredor do Centro de Ciências Humanas e Sociais (CCHS).
Um dos assuntos palestrados foi a anemia falciforme, doença do sangue, muito frequente na população negra, assunto tratado pelas doutorandas Berenice Kikuchi e Sandra Luzinete Felix de Freitas. No Brasil, devido à miscigenação, a doença falciforme também é encontrada em outras etnias.
“Com o trabalho desenvolvido no Programa de Pós-Graduação Saúde e Desenvolvimento do Centro-Oeste saímos apenas da questão das doenças e começamos a orientar também politicas públicas, avançando sempre, para chegarmos agora aos movimentos sociais. Precisamos ser uma universidade viva e ir até as comunidades e trazê-las até aqui para difundirmos o conhecimento”, diz a enfermeira Maria Lúcia Ivo, organizadora do evento.
O Seminário apresentou ainda aos participantes rodas de capoeira, grupo de hip hop, música, dança, como a Zumba, além da exposição de artesanato, barracas de comidas típicas, como acarajé e tapioca, e pintura de unhas decoradas com motivo afro.


Barraca típica tinha acarajé
Barraca típica tinha acarajé – foto: CCS/UFMS
Objetivo é contribuir para uma cultura da diferença
Objetivo é contribuir para uma cultura da diferença – foto: CCS/UFMS
Foto: CEDIDA PELA ORGANIZAÇÃO
Núcleo está aberto também a ativistas – foto: cedida pela organização
Pintura de unhas valorizou motivos afro
Pintura de unhas valorizou motivos afro – foto: CCS/UFMS

 

Capoeira também foi apresentada e encantou no corredor central
Capoeira também foi apresentada e encantou no corredor central – foto: CCS/UFMS