Sistema começou a operar na semana passada e exames positivos já foram detectados
Há pouco mais de uma semana começaram as coletas para exames de detecção por contágio do novo coronavírus no sistema Drive-Thru Covid-19, em Campo Grande. Até o dia 22 de abril, segundo informações da Secretaria de Estado de Saúde (SES) e Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul (CBM-MS), 567 pessoas foram testadas e 12 diagnosticadas positivas para o vírus da Covid-19. Do número total de amostras, 507 foram analisadas nos laboratórios da UFMS, sendo dez exames com resultado positivo.
A capital do estado já é considerada cidade com transmissão comunitária, ou seja, quando não há mais como identificar a origem da infecção das pessoas contaminadas pelo novo coronavírus. O sistema Drive-Thru é uma forma de ajudar a detectar de maneira mais rápida os pacientes com a Covid-19 e isolá-los. O exame é feito pela coleta de secreção nasal com o Swab, haste flexível de algodão estéril e descartável. As amostras são enviadas ao Laboratório Central de Segurança Pública (Lacen-MS), que distribui uma parte delas para análise na UFMS, onde são examinadas por professores e pesquisadores da Universidade e da Fundação Oswaldo Cruz de Mato Grosso do Sul (Fiocruz-MS).
Na UFMS, o material é direcionado para o Laboratório de Doenças Infecciosas e Parasitárias, da Faculdade de Medicina (Famed), onde é realizada a primeira etapa do processo. As amostras são cadastradas e conferidas minuciosamente e após o procedimento de conferência, elas são processadas e submetidas à extração do material genético.
“A gente precisa fazer uma extração de todo o material genético, na verdade, o RNA que está presente na amostra, que no caso é uma secreção nasal, para que a gente possa posteriormente fazer a amplificação desse material genético, agora de uma forma específica buscando o vírus SARS-CoV-2 que é o objetivo do diagnóstico molecular”, explica a professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Alimentos e Nutrição (Facfan/UFMS) e também pesquisadora da Fiocruz-MS, Ana Rita Coimbra.
Depois da extração do material genético, a segunda etapa do processo de análise acontece no Laboratório de Biologia Molecular da Facfan e do Instituto de Biociências (Inbio/UFMS). A professora Aline Pedroso, do Inbio, explica que essa é a etapa de amplificação do material genético e do diagnóstico específico da infecção por SARS-CoV-2, o vírus causador da Covid-19. “A gente vai investigar a presença do genoma viral por meio de uma técnica que é chamada de PCR, que vai amplificar esse genoma. Se o paciente tiver o vírus, esse genoma vai ser amplificado e a gente vai detectar durante a reação aqui. Se ele não tiver, não vai amplificar. Então a gente emite o laudo como vírus não detectado.”
O exame com o Swab, feito no Drive-Thru Covid-19, é diferente do teste rápido, realizado a partir de uma gota de sangue do paciente. O primeiro detecta a presença de vírus no organismo, o segundo a existência de anticorpos para a doença. O professor James Venturini, da Famed, explica que o exame molecular realizado pela amostra de secreção nasal deve ser feito em pessoas que apresentam sintomas em um período inicial de 7 dias. “Até sete dias de sintomas você tem uma carga viral muito grande nessa região nasal e orofaríngea, então a chance de você detectar o vírus nessa ocasião é muito maior. Fazer o teste, essa coleta de secreção nasal, com mais de sete dias pode não ocorrer a detecção do vírus porque ele já vai estar no sistema respiratório inferior”, explica o professor. Após esse período de sete dias o organismo da pessoa infectada começa a produção de anticorpos, sendo mais bem indicado o exame do teste rápido.
Os resultados do exame molecular saem em até 48h e são enviados aos pacientes via SMS e ficam disponíveis para consulta no site da Secretaria de Estado de Saúde. Eles são liberados no sistema de Gerenciamento de Ambiente Laboratorial (GAL) da SES pelos próprios profissionais que estão trabalhando nos laboratórios da Universidade. “A gente consegue auxiliar no diagnóstico, principalmente na demanda do Laboratório Central de Saúde Pública para que os resultados possam ser emitidos numa rapidez importante para posterior isolamento desses casos positivos”, comentou a professora Ana Rita.
Para a professora Aline, o dia a dia no laboratório tem sido trabalhoso. Ela é pesquisadora na área de Biologia Molecular para análise genética de plantas e fungos e se colocou a disposição para ajudar no enfrentamento ao novo coronavirus. “Tem sido um aprendizado bastante grande e também cada vez mais tenho respeito e admiração pelos profissionais da saúde e os profissionais que trabalham em laboratórios de diagnósticos, porque não é um trabalho fácil. São muitas amostras e requer bastante atenção, bastante dedicação”.
Boletim Coronavírus
Durante o “Boletim Covid-19 no MS” de quarta-feira (22), o Coronel Frahia, do CBM-MS, pontuou a parceria com o Laboratório Central e a UFMS, e a importância do sistema montado na cidade. “Essa estrutura ela justamente oferece ao estado de Mato Grosso do Sul a possibilidade de nós conseguirmos detectar e começar o tratamento daqueles casos positivados de forma imediata”, disse durante live na página oficial do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, na rede social Facebook.
Ainda segundo informações do Corpo de Bombeiros, o Drive-Thru Covid-19 opera em consonância com o Disk-coronavírus. Desde a sua criação, em 24 de março, até o dia 21 de abril, 7.938 chamadas foram atendidas para tirar duvidas e realizar o agendamento para os casos elegíveis direcionados ao exame gratuito no sistema Drive-Thru. Porém, o Coronel chamou a atenção para as chamadas abandonadas e indevidas que foram recebidas. Elas fazem parte de 49,5% do total de atendimentos. O Disk-coronavírus funciona de segunda a segunda, das 8h às 20h, incluso feriados e finais de semana, pelo telefone 3311-6262.
No Boletim desta quinta-feira (23), o Secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende disse que a previsão do Governo do Estado é levar a estrutura do sistema Drive-Thru Covid-19 para as cidades de Dourados e Três Lagoas na semana que vem.
Até a manhã de 23 de abril, Mato Grosso do Sul registrava 186 casos da doença, sendo 96 na capital, 24 em Três Lagoas e 11 em Dourados.
Texto e fotos: Thayná Oliveira (Repórter TV UFMS)