Nos 45 anos de Federal, muitos professores, técnicos-administrativos, estudantes e colaboradores contribuíram para que a UFMS se tornasse também uma verdadeira família, ao se dedicaram às suas atividades com empenho e carinho, difundindo o amor pela educação e o sentimento de pertencimento à Instituição aos seus filhos. Nesta sétima reportagem especial, apresentamos relatos de pessoas que têm orgulho de ser UFMS desde muito novos e, ao responderem à pergunta “Como a UFMS faz parte da sua vida?”, trazem memórias de infância e da adolescência na Universidade. Isso porque seus primeiros passos dentro da Instituição foram de mãos dadas com seus maiores guias e fontes de inspiração, seus pais.
Cristiano Figueiredo dos Santos conta que pôde conhecer a Cidade Universitária muito antes de ingressar no Curso de Ciências Biológicas, em 2002. Seu pai foi servidor da UFMS até 1998, ano de seu falecimento. Ele e seus irmãos visitavam o câmpus aos finais de semana, criando memórias afetivas com o Estádio Morenão, onde ficava a sala dos seguranças, e diversas outras unidades, como o local onde foi construída a Reitoria, que na época era um campo de futebol, e o Autocine.
Foi na Universidade que o biólogo pôde apreciar desde cedo o contato com os animais. Para além das capivaras, Cristiano se lembra da primeira vez que interagiu com uma anta, na região da piscicultura. “Foi inesquecível, fascinante […] Meu pai me levou lá pra vê-la e me lembro de ter pego um pouco de capim e ter dado pra ela (ou ele?) comer através da grade”, narra. Outras experiências divertidas foram caçar bolinhas de tênis perdidas atrás das quadras esportivas; a primeira vez em que discou em um telefone na guarita do Hospital Universitário; e as brincadeiras na colônia de férias da Associação dos Servidores da UFMS (Assufms), onde também fazia aulas de natação. “São muitas as experiências vividas na infância que remetem à UFMS […] a sensação de correr nas rampas do Morenão como se fossem nossas, poder passar a mão nos cavalos do Hospital Veterinário e o cheiro tão característico desse lugar que eu nunca mais esqueceria, a quantidade de jamelões que caíam no chão e o cheiro adstringente que exalava deles, perto de onde hoje é a unidade 6 [Complexo Multiuso 2]”, memora.
Na graduação, trabalhou como temporário na antiga Comissão Permanente de Vestibular e na aplicação das provas; atuou na bilheteria do Morenão e como gandula; frequentou a Biblioteca Central, da qual se lembra do cheiro dos livros e do barulho dos carrinhos de reposição; frequentou o Complexo Aquático e viu filmes no Teatro Glauce Rocha; e participou de confraternizações como a Sexta Astral e a Quinta na Concha. “[Lembro] de estar caminhando pelo câmpus e ouvir um grito, vindo de dentro da viatura de ronda dos vigilantes, ‘ow formiguinha’, um apelido que meu irmão e eu ganhamos, quando crianças, dos amigos de meu pai, acompanhado de acenos e sorrisos. […] E foi também no câmpus que ‘saí do armário’, verbalizando minha orientação sexual pela primeira vez na vida, para um grupo de amigas conquistadas na minha turma de graduação. Foi um momento importante de constituição e celebração de minha identidade”, afirma.
Após cursar o mestrado em Recursos Naturais na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Cristiano voltou à UFMS em 2017 para o Doutorado em Ensino de Ciências. Concluiu o curso em 2021 e, em 2023, prestou concurso e passou, tornando-se, também, servidor da Universidade. “Fico pensando que se eu pudesse encontrar meu pai hoje em dia, eu diria algo do tipo ‘é pai… de fato é a ‘UFMS, a nossa Universidade’[…] Aquele menino que brincava no câmpus e ficava fascinado com as possibilidades desse lugar, que teve boa parte da infância marcada nesse espaço, pôde depois fazer graduação e pós-graduação tambéme entendeu a importância da educação em sua vida […] Hoje, mais do que nunca, posso dizer que #SouUFMS, mas tenho a impressão de que sempre fui”, finaliza o docente do Câmpus de Três Lagoas.
Gustavo Santiago Torrecilha Cancio também afirma com orgulho que a história da Universidade se confunde com a sua. “Filho de pais docentes da UFMS, literalmente cresci na Cidade Universitária”, destaca. O pai Marcelo Cancio entrou como professor substituto na UFMS em 1994, como efetivo em 1998 e se aposentou recentemente, depois de mais de 20 anos de Universidade. A mãe Maria Lúcia Torrecilha é professora na Instituição desde 2011. “Eu, que nasci em 1991, posso dizer que sou filho desse casamento e também da Instituição que acolheu profissionalmente os meus genitores”, reflete.
Graduado em Direito pela UFMS em 2013, recebeu o diploma dos pais, na colação de grau na Universidade. Participou da primeira turma do Mestrado em Direito, que teve início em 2016 e na sequência, fez parte também da turma inédita de doutorado interinstitucional, ofertado em parceria com a Universidade de São Paulo em 2018. Por fim, prestou concurso e, assim como os pais, ingressou como docente efetivo na Instituição em dezembro de 2021. “Entre memórias, experiências e oportunidades, eu carrego de forma perene o sentimento de honra de poder fazer parte dessa trajetória acadêmica, mantendo a vontade de continuar retribuindo um pouco de tudo o que a UFMS me proporcionou”, encerra o docente do Câmpus de Coxim.
Já a história de Jorge Luiz Raposo Junior com a Universidade começa antes mesmo de sua existência, quando seus pais vieram para Campo Grande cursar Medicina, a mãe em 1975 e o pai em 1976. Ambos ingressaram na Instituição quando ela ainda era estadual de Mato Grosso, acompanharam a criação do estado de Mato Grosso do Sul e quando concluíram o curso, em 1980 e 1981, se formaram já na UFMS. “A propósito, eu nasci em 10 de dezembro de 1981 e meus pais foram comemorar a formatura de meu pai em 18 de dezembro de 1981. Eu, recém-nascido, fiquei em casa com meus avós”, conta.
Após a graduação, os pais de Jorge receberam uma proposta de trabalho no interior do Estado, onde atuaram por quase dois anos, retornando à capital em 1983, quando seu pai prestou concurso para a UFMS e se tornou médico do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS/Ebserh). “Lembro muito bem, todo domingo nos despedíamos, minha mãe, eu e minhas duas irmãs, do meu pai no começo da noite porque ele assumia o plantão no Hospital Universitário às 19h. Foi uma rotina que perdurou por 33 anos, até sua aposentadoria”, relembra.
Além dos plantões, o pai de Jorge chefiou divisões médicas no hospital e atuou em exames admissionais e perícia médica. “Acredito que muitos servidores da UFMS passaram pelas mãos do Dr. Jorge L. Raposo. […] Fomos crescendo e vendo que esse era de fato um ambiente que fazia parte do nosso dia a dia e que poderíamos chamar de segundo lar”, destaca. Com incentivo dos pais, Jorge Luis Raposo Junior prestou Vestibular e ingressou na graduação na UFMS no ano 2000. “Consegui me formar em quatro anos e recebi o grau de Bacharel em Química Tecnológica das mãos de meu pai, numa cerimônia no Glauce Rocha. Foi um dos momentos mais marcantes de nossas vidas”.
Jorge fez mestrado na UFMS e doutorado na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, passou no concurso da Universidade Federal da Grande Dourados em 2011 e, em 2017, conseguiu transferência para a UFMS. “Não fomos colegas de Instituição porque meu pai se aposentou das atividades na UFMS em 2016. Hoje, após sete anos de casa, tenho certeza que fiz a escolha certa para trilhar meu caminho, assim como meu pai o fez com toda dedicação. Meu pai não está mais entre nós, faleceu em 28 de março deste ano, mas certamente ele se orgulha de ter vivido a UFMS e ter me direcionado para o mesmo caminho”, conclui o docente do Instituto de Química.
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Texto: Ariane Comineti
Fotos: Arquivo pessoal dos professores