Nos últimos 45 anos, a quantidade de estudantes, egressos, docentes, técnicos-administrativos e pessoas da comunidade externa que passaram pelos portões da Universidade é extensa. Muitas usufruíram, acrescentaram e participaram da história da UFMS diretamente, trilhando seus próprios caminhos e modificando as trajetórias de outros membros da sociedade. Para comemorar as quatro décadas e meia de Federal, queremos conhecer as narrativas que se entrelaçam aos anos de Instituição.
Esta é a segunda reportagem especial, que resgata as memórias de todos aqueles que buscam responder à pergunta “Como a UFMS faz parte da sua vida?”, mas que se deparam com uma história que começa com outro protagonista: suas mães. O exemplo pode ser uma semente capaz de modificar o futuro de comunidades inteiras, instigando e inspirando crianças a se tornarem adultos exemplares.
No início da década de 1980, Andréia Gomes Gusman iniciou sua trajetória na UFMS, que duraria 34 anos e 7 meses. Quem narra a história é a filha, Danielle Rollo, que relembra com carinho dos 26 anos que passou dentro da Universidade ao lado da matriarca. “Ser filha de servidora administrativa é conhecer as entrelinhas. Saber onde ir, onde achar, onde questionar. Foi da UFMS que saiu tudo o que minha mãe conquistou. Em toda minha vida com ela, ela nos sustentou com a UFMS”.
A servidora Andréia atuou como secretária administrativa do então Centro de Ciências Humanas e Sociais (extinto em 2017, dando origem às Faculdades de Artes, Letras e Comunicação, de Educação e de Ciências Humanas) e participou de momentos importantes, incluindo apoio na criação e implantação, em 2009, da Faculdade de Direito (Fadir), unidade em que se aposentou.
“Tudo o que eu sou hoje, como mulher, mãe e profissional, me inspiro nessa mulher. Infelizmente não temos muitas fotos de antigamente, pois uma enchente em 2007 fez com que perdêssemos muita coisa na nossa casa. Inclusive, reconstruímos muito com a ajuda dos colegas dela na Universidade”, conta a filha. Danielle fez licenciatura em Artes Visuais, de 2008 a 2011, e teve a honra de ter o diploma entregue em mãos pela própria mãe, no palco do Teatro Glauce Rocha.
A servidora Andréia faleceu aos 62 anos, após dois anos e quatro meses de aposentadoria. A filha Danielle mantém viva a lembrança da mãe, e este ano, foi aprovada no curso de Direito, sabendo que este seria mais um motivo de orgulho na família. “Perdemos uma mulher que foi uma potência, que criou três filhos bons, honestos e felizes, deixou netas saudosas e muita lembrança em quem a conheceu. Deixou os valores de ser honesta, ética e de ombridade no trabalho. Agradeço a UFMS por tudo o que fez por nós”.
Crescer pelos corredores da Universidade também foi comum para o doutor em Geografia e professor voluntário do curso de especialização de Gestão Organizacional e Negócios, Alexandre Hönig Gonçalves, que acompanhava a mãe Manoela Margarida Hönig, que trilhou sua carreira profissional no Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS/Ebserh).
Ainda na infância, visitou o Monumento Símbolo com os colegas do ensino fundamental e passou as férias, na década de 1990, no Complexo Aquático da Cidade Universitária. “Anos depois, tive a oportunidade de passar no Vestibular, em uma época que o ingresso na Universidade era um evento extremamente complexo e um marco simbólico importante. Realmente, uma passagem para vida adulta”, relembra o professor.
Além da inspiração materna, Alexandre conheceu o amor da sua vida na Universidade, Lia Moretti e Silva, professora do Câmpus de Nova Andradina, com quem completa duas décadas de companheirismo agora em 2024 e inspira o filho Jorge, de sete anos, a fazer parte do mundo UFMS. “De fato, somos uma família UFMS e assim pretendemos seguir ao longo da vida”, conta.
A Universidade também tem a capacidade de realizar sonhos de múltiplas gerações. O estudante Miguel Rodrigues, recém aprovado no curso de Engenharia de Software, é uma prova de que não são apenas os pais e mães que inspiram os filhos, mas também podem se espelhar em suas mudanças de vida para dar continuidade aos seus próprios desejos. Aos 50 anos, a mãe, Vânia Rodrigues, que encorajou e apoiou cada um dos seus anseios, decidiu ingressar no Curso de Pedagogia.
Agora, a UFMS ganha não apenas um, mas dois novos calouros. “Em uma conversa que a gente teve, ela nunca achou que conseguiria entrar numa faculdade federal, mas talvez porque ela nunca tenha tentado. Ano passado, ela começou a estudar pelo Cursinho e conseguiu a tão sonhada aprovação em uma Federal”, aponta o filho. Nas palavras de Vânia, “nunca é tarde para realizar um sonho”.
“Por causa de ti, eu descobri que eu sou capaz de conquistar qualquer coisa que eu desejar. Agradeço por ser a minha maior fonte de inspiração e coragem. Agradeço, principalmente por me dar sempre o seu amor. E parabéns pela sua aprovação na faculdade, vamos ser calouros juntos”, dedica Miguel à mãe.
UFMS 45 anos
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Texto: Agatha Espírito Santo
Fotos: Arquivo Pessoal