Na tarde da sexta-feira (26), último dia da programação da SBPC Educação, foi realizada uma conversa sobre educação e como ela pode ser inserida no contexto tecnológico vivido pelas novas gerações. As apresentadoras foram Miriam Brum Arguelho, do Centro Universitário da Grande Dourados (Unigran) e Valdênia Rodrigues Fernandes Eleotério, da Secretaria do Estado de Educação (SED/MS).
Como apresentado pelas palestrantes, há uma enorme discrepância entre a tecnologia presente dentro e fora das escolas públicas. Isso torna difícil para o professor atuar como mediador entre o aluno e essa área do conhecimento, mesmo porque os alunos estão nascendo e crescendo totalmente imersos no mundo digital, enquanto os professores tiveram ou ainda têm que aprender a lidar com essa nova realidade. Apesar disso, se cobra cada vez mais que os professores preparem seus alunos não apenas como consumidores, mas também como produtores de tecnologias.
O abismo entre a exigência da sociedade e do governo para a formação cada vez maior de alunos produtores de tecnologia e o ambiente fornecido nas escolas para que os professores desenvolvam esse tema em sua didática é um grande impasse para os docentes. A formação inicial e continuada dos professores também pode ser listada como ponto negativo nessa questão, uma vez que não tem sido efetivamente abrangente para que eles tenham a base necessária para aplicar a tecnologia em sala de aula ou em laboratórios de informática.
Outro ponto atacado foi a estrutura organizacional das escolas públicas enquanto amparadoras dos professores e como o investimento apenas em técnicos de educação não é suficiente para amenizar a situação, tendo em mente que a proposta, mais uma vez, é criar produtores e não apenas consumidores de tecnologia.
Para tentar superar essas barreiras, as palestrantes sugerem, com base em seus estudos e experiência, que os professores trabalhem a tecnologia não como protagonista da aula e sim como ferramenta impulsionadora do interesse dos alunos para produção e não somente consumo tecnológico. Utilizar a tecnologia simplesmente como meio de evitar a lousa e o giz não trará os resultados propostos. Mesmo sem muita vivência com a tecnologia, o docente pode ter algo a acrescentar ao conhecimento tecnológico do aluno. Em meio a essas dificuldades, o professor também deve se colocar em posição de aprendizado, tentando absorver de seus alunos a experiência com o digital.
Ainda, citam como as escolas também precisam investir melhor em suporte aos professores. Materiais, espaços, especializações precisam ser ofertados. A escola deve ter em mente que a metodologia empregada quanto à imersão dos professores nessa cruzada não deve ser compulsória e sim voluntária. Existem os docentes totalmente inclinados a essas práticas, assim como existem aqueles que não se interessam ou que ainda não se interessaram pelo tema.
Arrastar todo e qualquer professor para um ambiente escolar que quer preparar os alunos como produtores de tecnologia, mas ainda não fornece todo o aparato digital e tecnológico para tanto, ocasionará somente atraso aos avanços e as discussões acerca da melhoria da educação. A questão não é quantidade, mas sim qualidade do ensino.
Texto: Amanda Marques (Monitora SBPC)