Sistema de inteligência desenvolvido em parceria com a UFMS auxilia na prevenção de incêndios no Pantanal

Fruto de uma parceria com a UFMS, o Sistema de inteligência do Fogo em Áreas Úmidas (Sifau) foi lançado nesta semana e deve contribuir na tomada de decisões para manejo e combate ao fogo no Pantanal. A iniciativa tem a participação dos pesquisadores do Núcleo de Estudos do Fogo em Áreas Úmidas (Nefau) da Universidade em cooperação com o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), a Organização Não Governamental Wetlands International e o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa) do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). 

O sistema de monitoramento fornece dados de forma simplificada e foi inserido na plataforma Alarmes do Lasa-UFRJ, com acesso aberto ao público em geral. Ao se inserir na plataforma um determinado perímetro a ser analisado, são disponibilizados dados como histórico de área queimada, tipo de vegetação, acúmulo de material combustível e previsão de perigo de fogo. O intuito é que as informações auxiliem o poder público e os proprietários rurais a identificarem áreas de risco que precisem de manejo para evitar incêndios. 

A vice-reitora Camila Ítavo esteve presente no evento de lançamento e enfatiza a importância da parceria entre diversos atores da sociedade para criar iniciativas de proteção do Pantanal. “Para ter uma política pública efetiva, nós precisamos estar baseados em evidências científicas. É isso que a gente vê aqui hoje, uma parceria imensa entre ciência e tecnologia, o Governo do Estado e sociedade civil, além da presença também do proprietário rural. O que acontece no Pantanal atinge toda a população sul-mato-grossense e todo o país. É preciso a gente pensar na conservação, na produção consciente e que a gente consiga com a ciência trazer mais desenvolvimento para todos nós”, ressalta.  

O professor do Instituto de Biociências e coordenador do Nefau, Geraldo Damasceno, explica que a Universidade auxiliou na logística e na elaboração da ferramenta. “A gente trabalhou em conjunto no sentido de viabilizar ferramentas e auxiliar na elaboração do projeto, na escolha de áreas-piloto para testes em fazenda que já fazíamos pesquisas prévias. Também colaboramos na definição dos parâmetros inseridos na ferramenta”, detalha. O professor ressalta que a ferramenta permite que o fogo seja utilizado de forma benéfica para o Pantanal.  “O fogo auxilia no manejo de pastagens, em benefício de todos, e o sistema auxilia justamente a evitar incêndios catastróficos”, reforça. 

A coordenadora do Lasa-UFRJ, Renata Libonati, explica que a ferramenta foi desenvolvida levando em consideração a simplificação de informações e possibilidade de acesso mesmo em áreas remotas do Pantanal.  “As informações estão disponíveis de forma simples e direta para auxiliar no desenvolvimento de protocolos de ação, independente do grau de conhecimento que o usuário tenha em relação a dados de satélites, clima, ou em relação ao próprio manejo. Com essa ferramenta, o proprietário rural e o Imasul têm informações confiáveis para utilizar técnicas de manejo integrado do fogo”, evidencia. 

O diretor presidente do Imasul, André Borges, ressalta que a plataforma deve agilizar processos de emissão de licenças para queima controlada. “O manejo com fogo é uma prática utilizada no trato de pastagens que deve ser autorizada e monitorada pelo órgão ambiental do Estado, pelo Imasul. Com o Sifau, o técnico responsável terá maior agilidade e segurança para emitir o parecer porque vai conseguir identificar facilmente onde existe maior acúmulo de biomassa, risco de incêndio. Antes teríamos que buscar em diferentes plataformas para formular o parecer, e agora não”, explica. 

Para a diretora executiva da ONG Wetlands International, Rafaela Nicola, os incêndios no Pantanal são um alerta para a necessidade de iniciativas de monitoramento e preparação. “Com os incêndios dos últimos anos no Pantanal, tivemos perdas econômicas, biológicas, sociais, do saber, do pertencimento. A necessidade de resposta ao fogo fez com que a gente olhasse com mais atenção para ações que unem o conhecimento da academia e o saber local em um esforço enorme de preparação para o risco que o fogo pode representar quando está fora de controle”, conclui. 

Sifau deve ser incorporado à plataforma Alarmes, do Lasa/UFRJ

Texto: Alíria Aristides
Fotos: Rosa Helena da Silva (capa) e Álvaro Herculano