O fluxo de pessoas é intenso, assim como a concentração de visitantes no ginásio Moreninho, nas tardes desta semana. As apresentações dos pôsteres reúnem estudantes, professores, pesquisadores e profissionais de todo o Brasil, que submeteram trabalhos à 71ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Mais de 680 trabalhos serão apresentados, e estão divididos em oito grandes áreas: Ciências Exatas e da Terra, Ciência Biológicas, Engenharias, Ciência da Saúde, Ciência Agrárias, Ciências Sociais Aplicadas, Ciências Humanas e Linguística, Letras e Artes.
O ambiente das exposições está organizado de forma dialética. As apresentações à comunidade motivam conversas e a troca de conhecimentos. Para ir além daqueles inúmeros pôsteres que estão dispostos no ginásio, basta um olhar fixo e individual a qualquer um deles. Após, gentilmente, os expositores explanam seus conhecimentos sobre a pesquisa a frente.
Os estudos apresentados não foram calcados apenas em números, dados ou referências bibliográficas, mas, particularmente, em desejos. Foi assim com a acadêmica do nono semestre do curso de Medicina da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Camila Brunfentrinker. A partir de uma vontade, iniciou sua pesquisa: “Empatia e depressão em estudantes de Medicina: um estudo em duas Universidades de Santa Catarina”. “Nós precisávamos de um estudo base sobre ansiedade, depressão e empatia”, diz Camila sobre a necessidade do trabalho desenvolvido e sobre o desejo ao iniciar a pesquisa.
A observação compara a empatia, ansiedade e depressão nos estudantes de Medicina, em duas universidades de Santa Catarina. Mais de 400 estudantes participaram da pesquisa. Os resultados apontam que as mulheres que cursam Medicina nas universidades pesquisadas possuem mais empatia do que os homens, porém, são elas que mais sofrem com ansiedade e depressão.
É nisso que se encontra um dos apontamentos feitos na análise. “Nós não sabemos se elas, por serem mais empáticas, tornam-se mais predispostas a terem transtornos psicológicos, ou se é o contrário: ter os transtornos psicológicos fazem com que elas se identifiquem mais com os pacientes e, dessa forma, acabam desenvolvendo a empatia”. Porém, o estudo aponta um agravante muito maior que pode servir de alerta. “Onze por cento dos estudantes já pensaram em suicídio. Isso é grave e deve ser levado a entidades maiores, para verificar o que o curso pode fazer para amparar esses estudantes que irão atender a população”.
As apresentações dos pôsteres funcionam em sistema de rodízio, para que a cada dia novas pesquisas sejam divulgadas. Além das colocações feitas pessoalmente, os trabalhos apresentados serão publicados no livro eletrônico disponível no site da SBPC, a partir de outubro.
Texto: José Câmara (estagiário de Jornalismo)