Foto: Ecoa

Pesquisadores articulam início de estudos sobre os efeitos dos agroquímicos no Pantanal

Acontece essa semana na UFMS o primeiro encontro para articulação de uma network de pesquisa envolvendo diferentes instituições, entre elas a UFMS, a Universidade de Nottingham (Reino Unido), UFGD, Embrapa Pantanal, WWF e Fundação Neotrópica. A ideia é entender as rotas de contaminantes na Bacia do Alto Paraguai e apresentar, futuramente, propostas que aliem a preservação, diante do uso crescente de agroquímicos, com a produção de alimentos.

O projeto inicia-se com financiamento da Universidade de Nottingham (Beacon Future Foods), da Fundect e do Programa Institucional de Internacionalização (PrInt), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Os pesquisadores reuniram-se ontem (12) e hoje (13) no Instituto de Biociências (Inbio). Os professores da Universidade de Nottingham, Lisa Yon e Matthew Johnson, irão a campo nos próximos dias para conhecer potenciais locais de estudo em Bonito, Bodoquena, Miranda e Corumbá.

“Provavelmente precisamos ter muita clareza da dimensão social e ecológica do problema para avançarmos”, explica o professor Fábio Roque, coordenador do Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação. Pela UFMS, participam ainda do projeto os professores Alexandra Penedo de Pinho, Fernando Paiva, Francisco Valente Neto e Carlos Eurico.

Os problemas são similares aos  estudados pelos pesquisadores da Universidade de Nottingham em outros países. “Estamos investigando particularmente na África do Sul e no Reino Unido. Estamos olhando para essa questão dos contaminantes e seus impactos em todos os diferentes aspectos da vida selvagem e da biodiversidade, problemas de conservação, saúde humana e animal. O Brasil é uma área maravilhosa para conservação e biodiversidade e essa parece ser uma questão muito importante para explorar”, expõe a professora Lisa Yon.

A Universidade Nottingham financia os trabalhos este ano. “Esperamos ser contemplados com mais recursos para investigar esse tema mais detalhadamente nos próximos anos. Provavelmente, não é uma questão pequena, não será uma simples resposta e deverá levar alguns anos para investigar devidamente. Então, agora é só o começo do que esperamos ser uma longa colaboração”, afirmou a pesquisadora.

Além de entender melhor a questão e as preocupações relativas à saúde dos animais, dos humanos e do ecossistema, os pesquisadores querem trabalhar com as pessoas que vivem nessas comunidades, cujos meios de subsistência dependem do sistema das atividades agrícolas. “Esperamos trabalhar juntos e achar algumas soluções que irão lhes permitir continuar suas atividades, mas declinando os impactos no meio ambiente”, afirma Lisa.

Para o pesquisador da Embrapa Pantanal, Carlos Roberto Padovani, o tema é sensível, diante da polêmica sobre o uso dos agrotóxicos, mas muito importante. “Ao mesmo tempo que você tem a necessidade do uso de agroquímicos, em função da produção agrícola, podemos vir a ter os problemas de contaminação ambiental e até dos humanos. Primeiro, vamos fazer um apanhado geral do que existe, do potencial de risco ou não, sempre com a participação dos interessados (stakeholders), pessoas da região que necessariamente tem de lidar com essa situação, órgãos do estado, secretarias de meio ambiente e produtores. A ideia é fazer projeto aberto, transparente, para que possamos trazer informações, discutir os problemas e tentar resolver conjuntamente”, explica.

Paula Pimenta