Com toda a sensibilidade que lhe cabe, a última noite de apresentação cultural do Integra 2020 foi presenteada com o “Recital de violoncelo Bach-Ligeti-Valente: mundos de pensamento na performance musical”, pelas mãos do violoncelista e professor de Música da UFMS William Teixeira.
Classificado pelo pró-reitor de Extensão, Cultura e Esporte da UFMS, Marcelo Fernandes, como um grande celista no estado, o professor William foi bastante elogiado no chat do YouTube da TV UFMS, onde foi transmitida a apresentação, que já tem cerca de 600 visualizações. “Foi um Recital de qualidade técnica e riqueza de repertório”, afirma.
As primeiras menções ao violoncelo são do início do século XVII e a peça inicial para o instrumento é de 1689. No Recital, foram apresentadas as peças de Johann Sebastian Bach, com Suíte para violoncelo solo em sol maior. BWV 1006., Gyorgi Ligeti, Sonata para violoncelo solo e Rodolfo Valente, com Refúgio.
A primeira peça foi composta por Ligeti em sua adolescência (1948-1953). “Tem muita relação com os compositores húngaros daquele período. Já traz um pouco do que vai ser a sua abordagem futura, com uma música muito energética, é uma heavy metal do violoncelo”, expõe William.
Refúgio é de Rodolfo Valente, compositor muito ativo em São Paulo. “Ele já recebeu diversos prêmios na Europa, e é um dos grandes expoentes da música mista, que mistura instrumentos acústicos com meios e processamentos eletrônicos”.
Já a suíte Bach talvez seja a peça mais importante para o violocenlo solo, segundo o professor William, e faz parte do conjunto das seis suítes para o instrumento composta pelo músico alemão, sendo o Prelúdio um dos mais tocados ao longo dos seus 300 anos de composição.
“A ideia foi realmente trazer três exemplos bem distantes em termos históricos para mostrar um pouco o que há de diferente nesses repertórios de origens temporais tão distantes mas, ao mesmo tempo, como podem ser colocados lado a lado e formar um todo que faz todo sentido do ponto de vista como utilizam o violoncelo e de como cada um, a sua maneira, constrói o seu mundo, que dialoga com o seu espaço local e que consegue ultrapassar os limites”, explica o professor William.
A proposta trouxe uma pesquisa de algo muito antigo, como o caso do Bach, de 1720, já com três séculos, e outra peça como a do Rodolfo Valente, que usa tecnologia. “É para mostrar como tudo isso pode ser colocado lado a lado, porque é tudo música no final”, completa.
Texto: Paula Pimenta