Projeto Trilhas Urbanas da UFMS recebe prêmio da Rede Brasileira de Jardins Botânicos

Professoras Eliane Guaraldo e Aline Lorenz e o diretor da Dides Leonardo Chaves

Considerada uma das mais importantes iniciativas para reconhecer e incentivar práticas de educação socioambiental em jardins botânicos, a segunda edição do Prêmio Helena Quadros teve como vencedor o projeto Trilhas urbanas da UFMS: descubra a biodiversidade da Cidade Universitária. A iniciativa foi escolhida a melhor dentre os inscritos na categoria Ações Pedagógicas.

“Recebemos este prêmio com grande honra. É importante destacar que ele representa um esforço coletivo. A conquista é fruto do trabalho conjunto de todos envolvidos no projeto. Agradeço à Reitoria da UFMS por acreditar no projeto do Jardim Botânico, à coordenação do Curso de Ciências Biológicas do Instituto de Biociências (Inbio), em especial à professora Aline Lorenz, aos professores e aos estudantes que dedicaram seu tempo e conhecimento para a execução das trilhas. Agradeço também à professora Eliane Guaraldo, responsável técnica da Unidade de Apoio Jardim Botânico, pelo empenho e dedicação. Juntos, buscamos promover a conscientização ambiental e o respeito pela nossa biodiversidade”, destaca o diretor de Desenvolvimento Sustentável, Leonardo Chaves.

Alunos da Unapi na trilha

Realizado pela Rede Brasileira de Jardins Botânicos (RBJB), o prêmio presta homenagem à educadora Helena do Socorro Alves Quadros (in memoriam), cuja contribuição foi essencial para a promoção da educação ambiental, especialmente entre comunidades em situação de vulnerabilidade do Norte do Brasil. Helena Quadros dedicou sua vida à divulgação científica no campo da botânica, especialmente voltada à educação ambiental em comunidades vulneráveis. Ela se notabilizou por seu trabalho no Museu Paraense Emílio Goeldi, onde coordenou inúmeros projetos que aproximaram a ciência da sociedade.

O projeto

Cartilha do projeto Verde Perto

A primeira iniciativa de trilhas na UFMS ocorreu em 2019, com o projeto de extensão Verde Perto, no Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo e Geografia (Faeng). Em três edições reuniu segmentos da comunidade para compartilhar saberes técnicos e populares sobre árvores nativas presentes nos bosques da UFMS.

Já o projeto Trilhas Urbanas começou no início deste ano. “Na programação da recepção, organizamos uma trilha diurna orientada pelos professores Flávio Macedo, especialista em plantas, Adriano Spielmann, especialista em fungos, Rudi Laps, especialista em aves, e o professor Nelson Albuquerque, especialista em répteis e anfíbios. Também organizamos uma trilha noturna, para atender os estudantes da licenciatura. Ambas foram um sucesso!”, ressalta a professora e coordenadora do Curso de Ciências Biológicas do Inbio, Aline Lorenz.

Parada para observação de aves

Segundo a professora, a partir dessas duas iniciativas, foi organizado o projeto, com o cadastro institucional no Sistema de Informação e Gestão de Projetos realizado pela Diretoria de Desenvolvimento Institucional (Dides). “A trilha botânico-evolutiva foi inspirada em uma trilha do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e foi tema do TCC da estudante de biologia da UFMS Sara Cristaldo. Já a trilha para observação de aves é inspirada em eventos de birdwatching e é guiada pelo Clube Acadêmico de Observação de Aves da UFMS”, explica.

Trilha noturna também é realizada

Aline ressaltou que, além de estudantes de graduação e pós-graduação e alunos da Educação Básica, a trilha foi feita também com os participantes da Universidade Aberta à Pessoa Idosa (Unapi). “É uma programação que agrada desde crianças a idosos, ou seja, todas as faixas etárias”, avalia.

“Ficamos muito felizes quando soubemos do prêmio, pois é um projeto que envolve diferentes unidades, como o Clube de Observação de Aves, a Liga Acadêmica de Genética e Evolução, estudantes e professores do Inbio, além do Jardim Botânico da UFMS. Sentimos uma receptividade muito grande da comunidade acadêmica e das pessoas de fora da UFMS, que transformaram sua percepção em relação a biodiversidade da Cidade Universitária”, diz Aline.

“A Cidade Universitária da UFMS é um lugar privilegiado, rico em fauna e flora. Temos uma Reserva Particular do Patrimônio Natural na UFMS, conhecida como Cerradinho, e ela precisa ser aproveitada da melhor maneira possível”, reforça a professora.

O Jardim Botânico da UFMS

Equipe colaboradora da semeadura de palmeiras doadas pelo Jardim de Inhotim

Criado em fevereiro deste ano, o Jardim Botânico da UFMS visa promover a educação, o estudo e a proteção da biodiversidade e do patrimônio genético dos biomas existentes na Cidade Universitária, nos câmpus e nas bases de pesquisa. De acordo com o diretor da Dides, a iniciativa está alinhada à Política de Sustentabilidade da UFMS e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas.

“Após a criação, vimos agindo no sentido de elaborar a documentação da unidade, alinhada aos demais jardins botânicos brasileiros que integram a RBJB. Temos participado de reuniões e eventos da rede, inclusive o próximo congresso da Rede será em 2025, no Espírito Santo”, explica a professora e responsável técnica pela unidade, Eliane Guaraldo. De acordo com a docente, a mais recente ação do Jardim foi a semeadura, no mês passado, de cerca de 220 sementes de palmeiras do Cerrado. As sementes foram recebidas do Jardim Botânico de Inhotim, por meio do projeto Palmetum. “Essa semeadura está protegida em uma mini estufa e aguarda germinação para plantio definitivo em local a ser definido em projeto”, fala Eliane.

O Jardim envolve todos os câmpus da Instituição. “Dessa forma, sua flora apresenta variações decorrentes da localização geográfica desses câmpus, somados a vegetação introduzida por meio de plantios ao longo de ruas de acesso e junto a edifícios.  Em Campo Grande, há ainda fragmentos de Cerrado protegidos, convivendo com a vegetação plantada junto às unidades setoriais e espaços de circulação de veículos e pedestres. Um traço importante a destacar é que como a UFMS está localizada em área do Cerrado, no Pantanal e no Mata Atlântica, seu jardim botânico poderá organizar suas coleções para dar relevo a esta variedade, que também reflete a grande riqueza do Brasil”, fala a professora.

Profa Eliane e Leonardo receberam as sementes do projeto Palmetum

“Devido à presença de vegetação em maior quantidade e concentração em relação ao seu entorno urbano, a UFMS, tanto em Campo Grande como nos demais câmpus, presta serviços ecossistêmicos importantes nas cidades onde está presente. Isso ajuda a promover mais conforto ambiental e qualidade de vida para quem usa a Universidade e também para quem mora ou circula próximo a ela. Podemos dizer que são verdadeiras ilhas de frescor em meio a cidade, colaborando ainda para a preservação da biodiversidade”, avalia.

A professora Eliane explica que, atualmente, a estrutura do Jardim Botânico está em fase de elaboração, reunindo as ações já realizadas pela Universidade relacionadas a pesquisa, ensino e extensão, destacando nesta a educação ambiental, objeto do prêmio ora recebido. “O Jardim Botânico da UFMS pretende ser uma referência regional e nacional de jardins universitários, dando suporte para o conhecimento cientifico e o envolvimento da comunidade, que desta forma pode trazer para seu cotidiano a convivialidade com a natureza, em uma relação biofílica de grande relevância. Eles são mais do que meras coleções, são patrimônios e testemunhos da paisagem vernacular nos lugares onde estão sediados, prestando serviços no presente e no futuro”, finaliza a professora.

Texto: Vanessa Amin, com informações da Dides e fotografias do Inbio e Jardim Botânico da UFMS