Projeto Senhorio Brasileiro homenageia etnias indígenas brasileiras

Características peculiares de diversas etnias indígenas brasileiras estão representadas em um conjunto de murais do Restaurante Universitário, em Campo Grande, resultado do recém-finalizado projeto de extensão Senhorio Brasileiro, realizado pelo curso de Artes Visuais.

A iniciativa de proposição e toda a pesquisa, definição de projeto e composição visual para as pinturas foi do acadêmico Luis Felipe Salgado, sob orientação da professora Priscilla Pessoa. Outros acadêmicos do curso também colaboraram na execução da pintura nas paredes.

A ação extensionista foi iniciada durante a Semana Mais Cultura 2015. A proposta inicial era executar a pintura de somente uma parede, mas com possibilidade de execução nos demais painéis.

Foi o que aconteceu. Depois de finalizado o primeiro mural, foi solicitada a pintura para as outras paredes. Assim, o projeto foi reformulado conceitualmente e visualmente pelo acadêmico Luis Felipe sob a orientação da Professora Priscilla Pessoa e nasceu o Senhorio Brasileiro, uma obra que engloba 14 murais de 14 diferentes etnias brasileiras, sendo quatro de Mato Grosso do Sul e dez de outras regiões do Brasil.

O RU da Cidade Universitária, frequentado diariamente por centenas de pessoas, foi escolhido para atingir com maior facilidade alguns dos objetivos da obra, já que eram necessárias paredes grandes e em local movimentado.

A obra, segundo os responsáveis pelo projeto, busca apresentar e rememorar uma das principais fontes da cultura brasileira e sul-mato-grossense e ainda levantar a discussão acerca da situação do indígena tanto na comunidade externa quanto na comunidade acadêmica, bem como as questões legadas à posse das terras.

“Além disso, abriu espaço para que os acadêmicos envolvidos pudessem aplicar e melhorar os estudos e técnicas que aprendem e desenvolvem durante  o curso de Artes Visuais”, diz o acadêmico.

Homenagem

As pinturas murais executadas no RU representam as etnias Yanomami, Kadiwéu, Pataxó, Guarani Kaiowá, Kayapó, Xavante, Karajá, Nambikwara, Terena, Maxakali, Kuikuro, Pankararus, Kaxinawá e Guarani Ñandeva.

“É importante ressaltar que as razões de representar diferentes etnias das diversas regiões do Brasil foi, além de homenagear, relembrar uma das principais fontes de cultura nacional, bem como levantar o questionamento acerca da vivência (ou sobrevivência) da comunidade indígena tanto na comunidade externa quando comunidade acadêmica”, explica o acadêmico Luis Felipe.

Todavia, enfatiza a orientadora, elas não são apenas origens remotas, belas, coloridas e ricas em cultura. “A despeito de toda violência e usurpação que desfigurou essas comunidades, e sobre as quais foi sedimentada o que hoje entendemos por sociedade brasileira, há sobreviventes. O genocídio indígena é uma realidade latente e atual e a última das representações do mural é também o único retrato, virado de frente aos demais e representa o líder indígena Marçal de Sousa”, expõe.

Para Priscilla, a figura de Marçal, encarando as demais imagens em um grito silenciado, sem cor e sem enfeites, questiona a nossa relação com a ideia de origem, herança e presença indígena. “O que sabemos dessas comunidades para além dos clichês? Quem é o senhorio brasileiro do título?… Longe de trazer respostas afirmativas a essas perguntas, a obra propõe questionamentos e um confrontamento entre homenagem e crítica, ambos componentes do trabalho”, completa.