Projeto propõe maior controle do mosquito da dengue

A preocupação com a capacidade de atendimento aos pacientes com Covid-19 na rede de saúde pública e particular se agrava quando se sabe que parte dos leitos estão ocupados com pessoas acometidas de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, como Zika, Chikungunya, mas principalmente a Dengue, que assume o maior número de casos.

De acordo com o boletim epidemiológico do Governo do Estado, foram notificados, até 4 de abril deste ano, 9.053 casos de dengue em Mato Grosso do Sul, sendo 1.255 só em Campo Grande.

Diante dessa realidade, o professor Antonio Pancracio de Souza, do Instituto de Biociências (Inbio), apresentou por meio do edital de projetos, ações e ideias “UFMS contra o Coronavírus”, o projeto “O controle de mosquito Aedes aegypti em tempos de Covid-19”.

“Quero conscientizar as pessoas, diante da possibilidade de falta de leitos, de  UTI e respiradores para o atendimento aos casos de Covid-19, sobre a importância de evitarmos essa tríplice epidemia causada pelo Aedes agypti e que está ocupando vagas no sistema de saúde desnecessariamente, porque são doenças que podem ser evitadas”, afirma o professor Antonio Pancracio.

Amplamente distribuído em todo o país, o mosquito transmissor da dengue e outras arboviroses pode ser combatido por meio da eliminação de seus criadouros potenciais.

“Uma  das  preocupações  das  autoridades  é  devido  ao  fato  de a  cidade  de  Campo  Grande  propiciar  condições favoráveis  para  o  desenvolvimento  do  inseto  vetor:  temperaturas  altas  e  períodos  chuvosos,  fatores  estes  que, quando  associados,  proporcionam  o  hábitat  ideal  à  postura  dos  ovos  pela  fêmea  adulta  do  mosquito  e, consequentemente, possibilitando que a larva complete seu ciclo de desenvolvimento até se tornar mais um inseto adulto na população”, afirma o professor.

Pancracio destaca que em Campo Grande, por exemplo, o balde é o principal criadouro do mosquito. “Isso é algo ridículo, já que basta deixá-lo virado de boca para baixo para não haver água parada”, completa.

Por isso, o professor propôs o projeto a fim de buscar o engajamento da população em ações cotidianas de eliminação de criadouros do mosquito vetor.

“Vamos fazer uma campanha de conscientização sobre a continuidade do controle de Aedes aegypti a fim de que o sistema de saúde não esteja sobrecarregado antes mesmo de se aumentarem os casos de Covid-19. Para isso, vamos organizar os dados de boletins epidemiológicos à respeito do progresso e da situação atual de ocupação do sistema de saúde e das medidas de controle esperadas pela população. A partir desses dados, produzir material áudio visual de curta duração para divulgação nas mídias da UFMS e aplicativos como o whatsapp”, explica.

De acordo com os especialistas, entre as principais medidas de controle do vetor estão: manter bem tampado tonéis, caixas e barris de água; virar baldes de cabeça para baixo quando não estiverem com produtos de limpeza, lavar semanalmente com água e sabão tanques utilizados para armazenar água; manter caixas d’agua bem fechadas; remover galhos e folhas de calhas; não deixar água acumulada sobre a laje; encher pratinhos de vasos com areia até a borda ou lavá-los uma vez por semana; trocar água dos vasos e plantas aquáticas uma vez por semana; colocar lixos em sacos plásticos em lixeiras fechadas; fechar bem os sacos de lixo e não deixar ao alcance de animais; manter garrafas de vidro e latinhas de boca para baixo; acondicionar pneus em locais cobertos; fazer sempre manutenção de piscinas; tampar ralos; colocar areia nos cacos de vidro de muros ou cimento; não deixar água acumulada em folhas secas e tampinhas de garrafas; vasos sanitários externos devem ser tampados e verificados semanalmente; limpar sempre a bandeja do ar condicionado; lonas para cobrir materiais de construção devem estar sempre bem esticadas para não acumular água e catar sacos plásticos e lixo do quintal.

Texto: Paula Pimenta