Projeto LeishNão torna-se referência na educação em saúde

Criado em 2013, o projeto de extensão “LeishNão: educação em saúde para o controle e prevenção da leishmaniose visceral” já impactou diretamente mais de dez mil pessoas por meio da realização de diversas atividades. “Nesses seis anos de projeto, atendemos mais de 50 instituições, entre escolas, empresas, órgãos públicos, sempre com o foco na educação em saúde para prevenção da doença”, conta a coordenadora Juliana Galhardo.

Professora do curso de Medicina Veterinária (Famez), Juliana destaca que um dos pontos positivos do projeto é o envolvimento de professores, acadêmicos da graduação e pós-graduação de outros cursos. “Ao longo desses anos, já participaram 150 estudantes de cursos como Enfermagem, Ciências Biológicas, Engenharia Ambiental, Zootecnia e Medicina, além de Medicina Veterinária, claro. Atualmente, temos uma equipe de cerca de 20 pessoas, a maioria são alunos da graduação de Veterinária e Enfermagem da UFMS, mas também contamos com dois alunos de Veterinária da UCDB e da Uniderp”, comenta. O projeto conta com recursos do PAEXT, para custeio das bolsas aos estudantes.

Entre as atividades de educação em saúde desenvolvidas estão teatro, feira de ciências, brincadeiras e jogos, nas quais são aplicadas metodologias lúdicas, além das palestras e ações de divulgação nas redes sociais. “Atuamos especialmente em Campo Grande, mas já levamos o projeto para outros municípios do Estado, como Bodoquena, Terenos e Rochedo”, explica a professora. Outros cinco municípios, incluindo Corumbá, também foram atendidos remotamente, por meio de intercâmbio de experiências e envio de materiais.

Porém, o alcance do projeto ultrapassou as fronteiras de Mato Grosso do Sul e possibilitou um estreitamento de relações interinstitucionais. “Diversas instituições de outros estados tem entrado em contato conosco em busca de informações ou para que possamos fornecer uma espécie de consultoria, a fim de reproduzir o modelo seja em universidades, faculdades, mas também prefeituras, órgãos como centros de Controle de Zoonoses e Vigilância Sanitária”, ressalta Juliana. Ela conta que já foi procurada por pessoas do Pará, Mato Grosso, Maranhão, Pernambuco, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Paraná. “O projeto repercutiu tanto que se tornou referência na educação em saúde”, comemora. “Nosso projeto já foi premiado por três vezes. O mais recente ocorreu durante o Integra UFMS, realizado na 71ª Reunião da SBPC”, ressalta a coordenadora.

E as fronteiras ultrapassadas não se restringiram ao Brasil. “Por causa do LeishNão, conheci uma professora da Universidade de Washington, que estava organizando o 33º Congresso Mundial de Medicina Veterinária, realizado em 2017, em Incheon na Coreia do Sul. Submeti um trabalho para o encontro e fomos os únicos da América Latina selecionados a participar”, lembra a coordenadora. Além do evento na Coreia, o projeto de extensão rendeu bons frutos na produção científica. “Nossa equipe já publicou artigos em periódicos, resumos, além de apresentações em eventos científicos no formato de palestras em Campo Grande, Bauru, Araçatuba e Londrina. Também atendemos, constantemente, solicitações da imprensa divulgando nossas ações e informações sobre a leishmaniose”, destaca.

Outra prova que o projeto LeishNão possibilita mais do que atendimento à comunidade estão no registro de patente. “A acadêmica Taiana Gabriela de Souza, que cursava Enfermagem, mas agora é aluna de Medicina no campus de Três Lagoas, foi a responsável por criar um jogo de tabuleiro para testar conhecimentos sobre a leishmaniose, voltado para crianças. Depositamos o pedido para registro de patente em 2017 no Instituto Nacional da Propriedade Industrial e estamos aguardando o resultado”, fala Juliana.

Além do jogo de tabuleiro, a estudante Jackelina de Lima Rodrigues criou o tapetão, também direcionado a crianças, que mede os conhecimentos sobre a doença. À medida que os participantes acertam as respostas, avançam nas caselas. “Além disso, apresentamos uma peça de teatro que conta a história de um cão com leishmaniose, por viver em uma casa com quintal sujo e com a presença do mosquito, levamos também um jogo de memória e quebra-cabeça, além da LeishFeira, na qual apresentamos a Leishmania em microscópio, Lutzomyia em lupa e em eppendorf e o ciclo da doença em pôster”, explica. Também do curso de Enfermagem, a acadêmica Lethicia Farias Marcino Pereira produziu uma maquete que mostra os contrastes de dois ambientes, um com condições favoráveis a proliferação do mosquito e, consequentemente à doença, e outro que seria o ambiente ideal.

Um outro fator positivo do projeto é o desenvolvimento de habilidades extracurriculares pelos alunos. “Além de todo o benefício gerado às comunidades atendidas, o estudante também consegue desenvolver habilidades na área de comunicação, já que é preciso falar com pessoas de diversas faixas etárias. Claro, há também a oportunidade de sair dos muros da Universidade e conhecer de perto outras realidades. Isso possibilita uma vivência e tanto, os estudantes saem do projeto diferentes”, pontua. “Na Reunião da SPBC, por exemplo, realizada em julho, fomos um dos projetos convidados a mostra de ações no estande da UFMS. Acredito que cerca de 2,5 mil pessoas, de adultos a crianças, nos visitaram e conferiram algumas das nossas ações. Nossas atividades foram intensas durante todo o evento”, diz Galhardo.

Além do contato presencial, o projeto LeishNão também está presente nas redes sociais. “Acredito que boa parte da visibilidade alcançada em outras regiões também se deve às nossas ações nas mídias sociais, como Facebook, Instagram e Youtube, além do blog do projeto”, destaca Juliana. No blog foram quase 70 mil visualizações, sendo a postagem mais vista a intitulada ‘Conhecendo um pouco mais sobre a leishmaniose’, com mais de 4 mil”, conta. A página do projeto no Facebook tem mais de 2 mil seguidores. “Acredito que ao longo desses anos temos cumprido nossa missão que é fazer com que a cada edição, a cada atividade do projeto, mais pessoas conheçam a doença e se conscientizem da importância da prevenção”, conclui a professora.

Para saber mais sobre o projeto LeishNão e acompanhar as atividades, basta acessar o Blog, a página do Facebook, do Instagram ou do Youtube. No Blog, inclusive, há materiais didáticos disponíveis para download. Outras informações também podem ser obtidas pelo e-mail juliana.galhardo@ufms.br.

Texto: Vanessa Amin

Fotos: Arquivo Projeto LeishNão