Projeto fortalece produção de alimentos a partir de frutos nativos do Cerrado e Pantanal

Com o objetivo de explorar o potencial da biodiversidade e dos frutos nativos de Mato Grosso do Sul, integrantes do projeto de extensão “Agroextrativismo Sustentável: compartilhando saberes e práticas culturais locais” desenvolveu ações junto a pequenos produtores e comunidades tradicionais. Os resultados foram compartilhados durante um evento na tarde desta segunda-feira, 9, no Auditório do Complexo EaD e Escola de Extensão.

Em seu discurso, o reitor Marcelo Turine salientou os impactos da ciência no desenvolvimento local. “Nos dá orgulho contribuir e ver que as comunidades tradicionais podem gerar renda e emprego. A ciência colabora com o desenvolvimento humano, social e sustentável. A pesquisa garante a produção em escala, mas, ao mesmo tempo, preservando a nossa natureza e a nossa biodiversidade”.

O deputado Vander Loubet e o reitor Marcelo Turine receberam bombons feitos a partir de frutos nativos

O projeto de extensão mapeou iniciativas para o desenvolvimento de produtos com os frutos nativos do Cerrado e Pantanal, desenvolveu um livro de receitas e promoveu ações como encontros, oficinas e feiras. As atividades receberam apoio por meio de emenda parlamentar do deputado federal Vander Loubet. Ele também esteve presente no evento e destacou a importância de aproveitar as matérias-primas disponíveis no estado para a geração de renda. 

“Estou muito contente e feliz de ser parceiro da Universidade. Esta parceria é boa para a UFMS, para a sociedade e, claro, para os pequenos produtores, que precisam de suporte, como a Universidade está dando”, comentou. 

Também presente no evento, o pró-reitor de Extensão, Cultura e Esporte, Marcelo Fernandes, reforçou a importância das ações de extensão, que ajudam a levar a ciência para a sociedade.

“Hoje estamos aqui por causa do projeto de agroextrativismo, mas tivemos outras ações bem sucedidas, que receberam recursos ou foram apoiados por emendas. A Universidade não pode correr o risco de ficar fechada em si mesma. A extensão é essa porta aberta, de duas vias: vai para a sociedade, mas a sociedade também vem para dentro da Instituição”, disse o pró-reitor.

De acordo com a coordenadora do projeto e professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Alimentos e Nutrição (Facfan), Raquel Pires Campos, a iniciativa começou na pandemia, com atividades à distância. Em seguida, foram desenvolvidas ações presenciais, com a participação de acadêmicos e parceiros a campo, com visitas a comunidades e aldeias, para a realização de um diagnóstico sobre o agroextrativismo em Mato Grosso do Sul. “O levantamento foi importante para fornecer informações sobre os principais frutos, as comunidades e as dificuldades enfrentadas”.

A coordenadora do projeto, Raquel Pires Campos, explicou como a iniciativa mapeou agroindústrias rurais

A professora comentou que, apesar da riqueza em biodiversidade, não é comum encontrar produtos derivados de frutos nativos em supermercados, restaurantes e lanchonetes. “É importante estimular a valorização, trabalhar a agregação de valor, para disponibilizar produtos com qualidade, segurança, sabor diversificado e, assim, auxiliar no desenvolvimento local”. 

Entre os frutos nativos que começam a ganhar popularidade entre os consumidores, está o cumbaru. A castanha torrada tem um valor que varia de R$ 100/kg a R$ 140/kg, preço que se assemelha a outras castanhas tradicionais. Além disso, a bocaiúva também ganhou notoriedade, com a farinha utilizada em pães, bolos e biscoitos. O jatobá também se destaca, com a farinha que é conhecida por auxiliar na imunidade do corpo.

O projeto mapeou 50 iniciativas que trabalham com o agroextrativismo, como associações, cooperativas, aldeias indígenas e comunidades tradicionais. Durante o evento, estiveram presentes os pequenos produtores beneficiados, que puderam expor seus negócios.

A empreendedora Flaviani Leite faz parte de uma empresa que desenvolve produtos portugueses que possuem frutos do cerrado entre os ingredientes. Os alimentos, que remetem ao país onde sua filha nasceu, ganharam um sabor especial, com ingredientes típicos de Mato Grosso do Sul. “Não podemos pensar só na venda, mas também mostrar a conscientização. Mostramos o porquê de não derrubar a árvore do baru, por exemplo. A gente também idealiza a conscientização sobre o nosso bioma, que está cada vez mais ameaçado”, conclui.

Texto e fotos: Mylena Rocha