O Projeto Aldeias Conectadas, desenvolvido pela UFMS, recebeu o Gartner Eye on Innovation Awards for Education (Prêmio Gartner de Olho na Inovação para Educação, na tradução literal), premiação internacional organizada pelo Grupo Gartner, que reconhece usos inovadores da tecnologia e destaca os melhores resultados no setor educacional. A Universidade concorreu na categoria Melhorando a Experiência e a Segurança do Aluno e conquistou a primeira posição, ultrapassando os finalistas das Universidades da Califórnia, em Berkeley, a Estadual Grand Valley, da Carolina do Sul, ambas dos Estados Unidos, e também da Politécnica Seneca, do Canadá.
O diretor da Agência de Tecnologia da Informação e Comunicação (Agetic), Luciano Gonda, afirma que o reconhecimento internacional demonstra a preocupação da Instituição em fornecer aos estudantes condições diferenciadas para que possam participar das atividades relacionadas aos seus cursos. “Este prêmio mundial é de extrema importância, pois também mostra a entrega de valor que a Agetic tem buscado para que a Transformação Digital realmente impacte na vida dos estudantes da UFMS. Ter uma iniciativa reconhecida pelo Garner coloca a Universidade em outro patamar em relação à área de Tecnologia da Informação e Comunicação no Brasil e no mundo”, destaca.
Esta é a primeira vez que uma instituição federal brasileira recebe o prêmio, e o destaque consagra o projeto de vanguarda da UFMS, além do comprometimento da gestão na busca pela inclusão digital. Atualmente, o Aldeias Conectadas segue ativo, mantendo o caráter inovador e de grande relevância social, que se tornou objeto de estudo de estudantes da pós-graduação, além de abrir caminhos para que outras regiões afastadas e de difícil acesso do país, possam receber sinal de internet.
Conectando estudantes indígenas
Com a pandemia e o isolamento social, principalmente dos universitários distantes dos grandes centros, a permanência na Instituição se tornou uma das principais urgências da administração. Em dezembro de 2020, a Universidade realizou pregão eletrônico para contratar serviços de acesso à internet por link via rádio, com o intuito de auxiliar os estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica, além de atender aldeias indígenas das regiões de Aquidauana e Miranda.
O pró-reitor de Assuntos Estudantis, Albert Schiaveto de Souza, explica que a UFMS foi uma das três instituições federais do país que não parou as atividades durante a emergência sanitária, mas optar pela continuidade apresentou um outro problema: a ausência de conectividade nas aldeias indígenas. “Com o ensino remoto de emergência, adaptamos as nossas atividades acadêmicas, disponibilizando auxílios para que os discentes pudessem comprar pacotes de internet, e também distribuímos chips de dados para que eles acompanhassem as atividades. Porém, nossos estudantes aldeados tinham um problema adicional, porque onde residiam não existia cobertura de internet pelas operadoras comerciais”.
O Aldeias Conectadas nasceu, então, a partir da demanda de estudantes indígenas do Câmpus de Aquidauana, que tinham a necessidade de ampliação da conectividade à internet na região, principalmente porque eram um dos grupos de risco, e a recomendação era que permanecessem em suas aldeias. No início de 2021, foi realizada uma reunião com lideranças indígenas, docentes e representantes estudantis, para atender as necessidades locais. Então, foi criado o projeto piloto da UFMS, considerado inédito no Brasil.
“Surgiu a ideia do projeto, com recursos próprios, de contratar uma empresa para que pudesse instalar antenas que transmitissem internet às escolas indígenas. Dessa forma, os estudantes aldeados poderiam ir até esses locais para ter acesso à internet de forma ininterrupta”, destaca o pró-reitor. Dessa forma, foram instaladas 3 torres de radiodifusão para a transmissão de internet via rádio, além de 14 pontos de acesso wi-fi, distribuídos nas aldeias Ipegue, Lagoinha, Água Branca, Bananal, Limão Verde, Colônia Nova e distrito de Taunay.
Foi realizado um estudo técnico para definição da tecnologia que seria empregada, e após a análise do uso de satélites, fibra óptica e internet móvel serem descartadas, optou-se pelo link de internet via rádio. Com a conclusão do processo licitatório, a instalação das torres levou cerca de três meses. “A internet atualmente é uma ferramenta essencial para todas as nossas atividades, especialmente na UFMS, que vem em um processo de Transformação Digital desde 2017. Assim, o principal impacto foi a inclusão digital dos nossos estudantes, permitindo que muitos deles continuassem seus estudos”, destaca o diretor da Agetic.
A elaboração, concepção e implementação do projeto, em prol da acessibilidade, foram as principais motivações de todos os envolvidos no Aldeias Conectadas. O diretor ainda ressalta o orgulho que sente do trabalho desenvolvido pela equipe da Agetic para a UFMS, além da satisfação por ver uma iniciativa concluída com qualidade e competência. “É um misto de muitos sentimentos. Gratidão, por ter tido a oportunidade de fazer parte de um projeto tão importante, tanto do ponto de vista social, quanto da complexidade tecnológica para a solução. E, por fim, alegria, por ter sido reconhecido mundialmente por um prêmio tão importante e de uma empresa com extrema credibilidade na área de TIC”, encerra.
Texto: Agatha Espírito Santo