A UFMS foi uma das 20 selecionadas pelo Programa Professor Visitante de Curta Duração Fulbright Specialist para receber um professor norte-americano em 2025. Randall Allsup, da Universidade Columbia, estará na Cidade Universitária entre fevereiro e abril para atividades de formação em educação musical, entre outras ações.
Para a secretária de Relações Internacionais da Agência de Internacionalização e Inovação (Aginova), Lucilene Machado Garcia Arf, a participação no Programa traz benefícios que podem impactar tanto o ambiente acadêmico, quanto a sociedade em geral. “Ao receber professores e pesquisadores de outros países, as universidades brasileiras fortalecem a internacionalização de suas atividades acadêmicas, promovendo o intercâmbio de ideias e metodologias. Isso permite a integração de diferentes perspectivas e a diversificação do currículo”, indica.
Ainda segundo a secretária, a aprovação da proposta mostra que os professores da UFMS estão atentos aos editais internacionais e estão concorrendo com qualidade equivalente aos professores de instituições maiores ou mais bem posicionadas nos rankings. “Isso também é fruto da divulgação da Universidade lá fora. As ações de internacionalização têm também essa causa e efeito. Às vezes, o professor desenvolve um trabalho lá fora, faz contato com professores de sua área e isso acaba fortalecendo os vínculos e a implementação de novos projetos, como a criação de redes de colaboração internacional, publicações conjuntas e a obtenção de financiamento para pesquisas globais”, ressalta.
Além de propiciar o fortalecimento do vínculo entre as instituições brasileiras e norte-americanas, o Programa Fulbright Specialist objetiva a contribuição dos especialistas com processos formativos na instituição anfitriã, sendo assim voltado a programas de pós-graduação. Na UFMS, a proposta aprovada está vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagens (PPGel) e foi elaborada pelo professor da Faculdade de Artes, Letras e Comunicação William Teixeira, em conjunto com o docente norte-americano.
“Já conhecia o professor Randall Allsup e, quando fiz o contato para verificar sobre a proposta, o interesse foi imediato. Ele é, sem dúvida, hoje, o maior nome da educação musical do mundo. É editor de uma das séries de livros mais importantes da área de filosofia da educação musical, coordena diversos eventos na área e integra os maiores grupos de educação musical”, aponta o professor.
Intitulada Desenhando e Implementando Currículos Democráticos em Música, a proposta prevê a oferta da disciplina de Filosofia da Educação Musical no PPGel, uma oficina de formação de professores realizada em parceria com a Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso do Sul e um seminário para desenvolvimento profissional, voltado a professores do ensino superior.
“Levo muito a sério a missão da Fulbright de fortalecer os laços entre instituições. Acredito profundamente que o conhecimento é algo que compartilhamos e distribuímos, e não que seja algo que guardamos para nós mesmos ou apenas para os estudantes que assistem às nossas aulas. […] Mais do que nunca, precisamos de instituições democráticas comprometidas que sirvam ao bem público, e a cooperação é crucial para fortalecer nossa capacidade de combater os males sociais que surgem do medo, da competição desnecessária ou do ódio”, afirma Randall.
Para o professor, as artes têm um papel fundamental em ajudar a reimaginar um mundo em dificuldades, um mundo que muitas vezes tomamos como certo, como algo fixo e imutável. “As artes nos ajudam a ver a nós mesmos como poderíamos ser diferentes. Música, dança e arte ajudam, principalmente os jovens, a expressar sentimentos que de outra forma seriam difíceis de capturar”, reforça.
Sobre as atividades na UFMS, o professor revela a expectativa. “Estou muito ansioso para conhecer os estudantes e o corpo docente da UFMS. […] Com meu anfitrião, William Teixeira, planejamos abordar questões sobre inclusão e acesso em um ambiente de música instrumental. Vamos projetar aulas que modelam pedagogias centradas nos alunos, especialmente aquelas que privilegiam a criatividade e a resolução de problemas. Espero que meus alunos brasileiros se interessem por compor colaborativamente (claro que vão) e por experimentar a composição de canções. Espero que possamos ter conversas filosóficas sobre o que fazemos e por quê”, explica.
Para o professor William, a vinda do norte-americano propiciará aos integrantes do curso discutirem e revisarem os próprios caminhos de formação dentro das possibilidades atuais. “Nossa expectativa é que possamos, acima de tudo, trazer renovação para a área de Educação, aplicada à Música, claro, mas também pensando novos mecanismos para estruturação de currículos e processos pedagógicos. Como ofertamos um curso de licenciatura, temos esse compromisso de não apenas formar profissionais, mas de formar professores hábeis a se colocarem dentro das novas demandas da educação do presente e do futuro”, finaliza.
Texto: Ariane Comineti