Professores da UFMS são reconhecidos com o Prêmio Fundect Pesquisador Sul-Mato-Grossense

Professores da UFMS se destacaram em todas as categorias do Prêmio Fundect Pesquisador Sul-Mato-Grossense 2023, organizado pela Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect), na última segunda-feira, 18. A premiação, realizada a cada dois anos, condecorou cinco profissionais da UFMS por terem participado ativamente da produção científica estadual.

A vice-reitora Camila Ítavo esteve na cerimônia e participou da entrega dos prêmios aos pesquisadores da UFMS. Entre os premiados da Universidade na categoria Pesquisador Inovador, estavam a pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação e pesquisadora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Alimentos e Nutrição, Maria Lígia Rodrigues Macedo, que conquistou o 1º lugar em Inovação para o Setor Público; e o professor da Faculdade de Computação, Wesley Nunes Gonçalves, que também ficou com a 1ª posição em Inovação para o Setor Empresarial. Na categoria Pesquisador Destaque, foram reconhecidos o docente da Faculdade de Ciências Humanas, Antônio Hilário Aguilera Urquiza, que ficou em 1º lugar em Ciências Humanas; o pesquisador da Faculdade de Medicina, Valter Aragão do Nascimento, que atingiu a 3ª posição na área de Ciências da Vida; e o professor do Câmpus de Chapadão do Sul, Paulo Eduardo Teodoro, 3º lugar na área de Ciências Exatas.

O prêmio é dividido em duas categorias e cinco subcategorias: Pesquisador Destaque, que reconhece os pesquisadores das áreas de Ciências da Vida, Ciências Exatas e Ciências Humanas; e Pesquisador Inovador, das áreas de Inovação para o Setor Empresarial e Inovação para o Setor Público. A solenidade de entrega, realizada no Auditório da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, reconheceu o trabalho de profissionais que desenvolvem relevantes pesquisas científicas, tecnológicas e de inovação deste ano.

O diretor científico da Fundect, Nalvo Franco de Almeida Júnior, explica que os pesquisadores são selecionados por meio de chamada em edital, por indicação dos dirigentes máximos das Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) e de Ensino Superior (IES), que consideram toda a atuação dos profissionais em suas áreas de pesquisa. É realizada, então, uma análise de mérito pela comissão julgadora designada, que envia o resultado final à diretoria executiva da Fundect, que por sua vez homologa e convoca os finalistas.

“Os critérios de avaliação levam em conta itens como: qualificação, experiência e trajetória profissional; qualidade e relevância da produção científica e tecnológica; formação de recursos humanos em nível de pós-graduação; contribuição dos resultados das pesquisas para a popularização da ciência; potencial inovador dos produtos, processos e serviços; e expressividade dos problemas contemplados pelo produtos, processos ou serviços inovadores”, destaca o diretor científico.

Os três primeiros classificados de cada categoria e subcategoria receberam certificação e premiação financeira, totalizando R$ 90 mil. De acordo com o diretor, o reconhecimento encontra-se no escopo da principal finalidade da Fundect, que consiste em apoiar, fomentar, incentivar e acompanhar a pesquisa científica, tecnológica e de inovação nas ICTs e IES, com o objetivo de promover o desenvolvimento científico, tecnológico, econômico, social e cultural de Mato Grosso do Sul.

Fomento à pesquisa, ciência e inovação

Entre os candidatos, profissionais que possuem menor tempo de atuação também foram indicados ao prêmio, como é o caso do professor Paulo Eduardo Teodoro, que ingressou como docente na UFMS em 2017 e afirma se sentir grato pelo reconhecimento da Fundect. Atualmente, ele atua como coordenador do Programa de Pós-Graduação em Agronomia e acredita que fazer parte da seleta lista dos finalistas indica que seu trabalho está no caminho certo. “Algo a se considerar é que estou no Câmpus de Chapadão do Sul, onde temos o Curso de Agronomia e o Mestrado em Agronomia, é uma região agrícola muito forte no nosso estado, então desenvolvemos pesquisas voltadas para o agro”.

Segundo o docente, as pesquisas que têm desenvolvido recentemente têm relação com o melhoramento genético da soja, na parte de fenotipagem de alta precisão, onde emprega sensores remotos multi e hiperespectrais como ferramentas que atuam na busca pelo desenvolvimento de materiais genéticos de soja que tenham melhor capacidade fisiológica, melhor desempenho nutricional e maior produtividade de grãos, o que impacta diretamente no bolso do produtor. O professor ainda associa o estudo a pesquisas de inteligência computacional, e também atua na pesquisa de neutralização de emissões de carbono, avaliando quais usos de ocupação do solo emitem menos dióxido de carbono para a atmosfera.

“Essa indicação reflete um trabalho em grupo, que começa no apoio do nosso reitor, da nossa pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação, passa pela direção do Câmpus de Chapadão do Sul e pela parceria que temos com todos os professores do PPG em Agronomia. Nós temos vários professores envolvidos, são vários parceiros, vários estudantes, desde a iniciação científica, estudantes de mestrado, doutorado e pós-doutorado que fazem pesquisa conosco, e apenas assim conseguimos fazer pesquisas de impacto. Além disso, a Fundect tem nos apoiado em projetos de pesquisa, e hoje grande parte dos professores do Programa possuem projetos financiados pela Fundect e ficamos muito felizes com esse apoio, porque apenas assim conseguimos fazer pesquisa de ponta e formar estudantes com qualidade”, relata.

A pró-reitora Maria Lígia Rodrigues Macedo, que conquistou a 1ª posição como Pesquisadora Inovadora no Setor Público, aponta a premiação como um importante reconhecimento e incentivo do processo de crescimento científico e institucional. “Em toda a minha vida científica, desde a graduação aos pós-doutorados, incluindo a minha vida como pesquisadora e professora, tudo foi traçado dentro de uma universidade pública. […] Me sinto muito honrada em ser do setor público e devolver o meu conhecimento, a minha ciência, por menores que sejam, a uma nação tão sacrificada, que muitas vezes não tem acesso sequer ao ensino fundamental, e que propiciou que a ciência, a inovação e a tecnologia continuassem andando”, aponta.

Para a pró-reitora, o fomento e incentivo à ciência auxiliam no desenvolvimento e superação de desafios, transformando o Brasil em um país melhor e próspero, caso contrário, os pesquisadores não poderiam desenvolver e se aprofundar em seus estudos. “Agradeço à minha Instituição, por um dia ter me aceito dentro dos seus muros e ter me dado as ferramentas para o meu crescimento, amadurecimento profissional, para hoje ter sido coroada – representando tantos outros que não estiveram presentes, mas merecem tanto quanto – com este prêmio. A UFMS me deu a régua e o compasso, para que hoje eu consiga retornar um pouco do tanto que recebi de uma sociedade. Agradeço também à Fundect, ao Governo do Estado, que valoriza, reconhece e entende que a ciência é o único investimento que não se tem risco, investir na ciência é acreditar que podemos mudar uma nação”.

Segundo o professor Wesley Nunes, figurar na lista dos finalistas da Fundect demonstra o reconhecimento do esforço e dedicação à pesquisa e inovação da equipe que trabalha, formada por docentes e estudantes do Laboratório de Inteligência Artificial e Laboratório Geomática, validando a qualidade da pesquisa e destacando a relevância da contribuição para a comunidade científica e para o desenvolvimento regional. “O fomento e incentivo à ciência desencadeiam uma série de impactos positivos na sociedade. Os recursos direcionados para pesquisas inovadoras, têm o potencial de gerar produtos e processos que, quando validados, resultam em impactos significativos. Enfrentamos o desafio crucial de transpor as barreiras entre a pesquisa acadêmica e o mercado, um obstáculo que tem sido superado por meio da criação de startups. Dessa forma, a sociedade como um todo se beneficia do conhecimento e da inovação, além da geração de recursos humanos altamente qualificados”.

O professor Antônio Hilário ressaltou que a indicação como representante da área de Humanas já é o grande reconhecimento. “Lembro sempre que o objetivo do prêmio é a divulgação e visibilidade da ciência e do que é produzido no Mato Grosso do Sul, pois não encaramos como uma disputa. Na verdade, a ênfase na produção da ciência, em todas as suas áreas, é a colaboração e o trabalho em rede”.

Para o docente, que trabalha na área de Antropologia e atua com o ensino, a pesquisa e a extensão – sobretudo a pesquisa – com ênfase nos povos indígenas há mais de 30 anos, compreender suas culturas, formas de vida e produção de conhecimentos tem sido um dos grandes desafios, que tenta elucidar com o apoio e envolvimento de outros jovens pesquisadores, desde o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica até o doutorado.

“Um país que não investe em educação e em ciência, não tem futuro. A ciência é, de certa forma, como um farol, que vai à frente desbravando caminhos e avançando em direção a novos conhecimentos. Por isso a importância do fomento e de termos uma instituição como a Fundect no Mato Grosso do Sul, com o principal objetivo de estimular a pesquisa e a inovação, através do aporte de recursos, pois a ciência se faz com recursos humanos qualificados e recursos financeiros; não basta termos ótimos pesquisadores se não temos condições de pesquisa e produção de ciências”, relata o professor.

Texto: Agatha Espírito Santo

Fotos: Leandro Benites da Fundect