Professora da UFMS compõe grupo reconhecido internacionalmente por conservação de fungos

O Grupo de Especialistas em Fungos do Brasil, ligado à Comissão de Sobrevivência de Espécies da União Internacional para a Conservação da Natureza, foi premiado por ações realizadas em prol da conservação dos fungos. Entre os pesquisadores que compõem o grupo, está a professora do Instituto de Biociências e curadora do Herbário da UFMS, Luciana da Silva Canêz, que é também vice-líder do grupo de especialistas em fungos. 

A premiação foi realizada durante a 5ª Reunião de Líderes da entidade internacional, entre os dias 25 a 28 de outubro, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. O encontro teve como objetivo promover a discussão sobre a conservação das espécies no planeta, além de atuar como espaço para divulgação de estratégias, ações e planos de sucesso. A partir da reunião, foi produzido um relatório enviado à Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP 16), que incentiva a conservação da biodiversidade por meio de soluções interligadas às agendas da crise climática e de promoção do bem-estar humano.

Criado em janeiro de 2023, o Grupo de Especialistas em Fungos do Brasil é o sexto grupo internacional de especialistas dedicados à conservação de fungos junto à organização. “A maior parte dos grupos são de conservação global, e o grupo brasileiro tem essa característica regional, o que foi considerado muito interessante porque conseguimos atuar em conjunto por estarmos sob a mesma jurisdição de lei. Precisamos entender as mesmas demandas, estamos sob as mesmas ameaças e isso nos favorece quando a gente vai planejar ações de conservação”, explica a professora Luciana. 

Na ocasião, o grupo apresentou atividades desenvolvidas no país com foco na conservação das espécies de fungos. Entre elas, estão a realização de workshops para avaliação das espécies ameaçadas de extinção, cooperação com outros órgãos de proteção da biodiversidade, além de ações como cultivo em laboratório de espécies ameaçadas de extinção e trabalhos de divulgação científica em escolas. 

“O mundo fala sobre a necessidade de preservar a flora e a fauna, mas as pessoas desconhecem que nós temos mais um terceiro reino, o dos fungos. Esse evento foi muito importante para dar visibilidade a esse grupo, para mostrar a necessidade e a importância da gente preservar também esses organismos que fazem parte dessa rede. Os fungos são grandes decompositores. Eles fazem parte da ciclagem de nutrientes, podem ser bioindicadores, servem de alimento para outras espécies, eles estão no ambiente conectados com a flora e com a fauna também”, enfatiza a professora.

A pesquisadora destaca ainda o papel da Universidade e espaços como o Herbário da UFMS para conservação dos fungos. “Os herbários são um registro da biodiversidade ao longo do tempo. Nós temos no nosso Herbário exemplares de espécies categorizadas como criticamente ameaçadas, como o líquen Parmotrema pachydermum, que só ocorre no interior do Rio Grande do Sul. Então esses espaços são importantes ferramentas para a gente poder estimar as perdas e pensar em estratégias de conservação, pensando em distribuição geográfica e ocorrência”.

Texto: Alíria Aristides

Fotos: Arquivo da professora Luciana Canêz