Iniciativa contribui para o desenvolvimento sustentável incentivando o transporte limpo e beneficia proprietários de veículos elétricos
Nesta segunda-feira, 24, Mato Grosso do Sul ganhou o seu primeiro eletroposto de carga rápida, instalado na Cidade Universitária. “Mato Grosso do Sul tem como proposta se tornar em breve um estado verde, sustentável. Agradeço a todos os parceiros, órgãos públicos e empresas, juntos criaremos um corredor em Campo Grande replicando estruturas como a que entregamos hoje e permitindo aos cidadãos da Capital usufruírem da tecnologia de carregamento rápido de veículos elétricos, além de subsidiar nossas pesquisas nessa área. Somos uma Universidade diferenciada”, ressaltou o reitor Marcelo Turine.
No Estado, já existem eletropostos de carga lenta, tipo de garagem. Segundo informações da Associação Brasileira de Veículos Eletrificados, atualmente há mais 1,5 mil postos instalados nas principais cidades e rodovias. A estimativa da Associação é de que nos próximos três anos haja pelo menos 10 mil empreendimentos espalhados pelo Brasil. “Em nome do coordenador do projeto, professor Ruben Godoy, cumprimento toda a equipe de pesquisadores, técnicos e acadêmicos da graduação e pós-graduação que participam dos estudos. A questão da energia renovável é um desafio para todo o mundo. Sem energia, não conseguimos sobreviver e, por isso, temos que cada vez mais pensar em sustentabilidade”, acrescentou o reitor, acompanhado da vice-reitora Camila Ítavo.
“A UFMS, o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e o governo do Estado há anos perseguem o mesmo objetivo: avanço tecnológico. Em um período de dois a três anos devemos transformar a frota do Detran em veículos elétricos. Temos já a autorização do governador Eduardo Riedel para instalar mais dois eletropostos, um será na sede do Detran e o outro no Bioparque Pantanal. É um projeto fantástico e não podíamos ficar de fora. Agradeço muito à UFMS pelo convite para estamos com vocês em uma ação que tem um futuro grande”, disse o diretor-presidente do Detran-MS, Rudel Trindade.
Representando do governador Eduardo Riedel, o secretário-executivo de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, Ricardo Senna, agradeceu à comunidade universitária. “Queremos ser um estado carbono neutro. Assim, temos obrigação de apoiar todos os projetos que nos conduzam a isso. É muito bom saber que estamos na vanguarda em alguns desses projetos, como esse coordenado pelo professor Ruben. Aqui temos um exemplo importante proporcionado pela UFMS para MS e para o mundo. Em nome do governador parabenizo ao reitor e a vice-reitora pela gestão. Vemos algo invisível acontecer nesses últimos anos: a UFMS está tirando os projetos de pesquisa das mesas e bibliotecas para fora, em benefício da sociedade e do próprio planeta”, enfatizou Senna.
“É uma honra poder participar de uma solenidade como essa. Acredito que há algumas palavras-chave no nosso repertório, neste momento: inovação, sustentabilidade, eficiência energética, mitigação da poluição. Elas resumem de certa forma todo o projeto de recarga de veículos. É um momento muito importante para a Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo, e Geografia. Antes de falar de transporte de veículos e bicicletas, falamos de transporte de corrente elétrica, calor, transporte de massa e, todos esses tipos de transporte, são a base para poder falar de transporte por energia elétrica. É um momento de gratidão aos parceiros, professores, técnicos e acadêmicos. Agradeço também à Fapec por ter sido a interveniente administrativa e à Agência de Internacionalização e Inovação, que foi a responsável por todo o processo burocrático, tornando o projeto uma realidade e colocando a UFMS numa vanguarda de desenvolvimento no cenário nacional e posição de destaque. Parabenizo todos os professores, acadêmicos e servidores pela dedicação”, reforçou o diretor da Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo, e Geografia (Faeng), Robert Schiaveto de Souza.
O coordenador do projeto Ruben Barros Godoy agradeceu a presença de tantas autoridades e revelou da emoção em participar da ação. “O eletroposto não é apenas uma estação de recarga, mas um grande laboratório. Não é possível enxergar, os sensores, algoritmos, aplicativos, enfim, equipamentos que possam nos ajudar a gerar dados que terminem em relatórios, teses, dissertações, trabalhos de conclusão de curso. Nossos artigos vêm sendo publicados nos melhores periódicos da área. Faço questão de mencionar o nome de alguns pesquisadores que foram importantes para que tudo acontecesse: professor Edson Batista e professor Moacir Brito e, ainda, nosso orientador que é o Thiago Matheus. Muito obrigado a vocês e às empresas executoras que trabalharam duro para que estivéssemos aqui. Nós somos uma das poucas, ou até a única, a trabalhar com o conceito V2G, vocês vão ver esse nome muitas vezes no nosso projeto”.
De acordo com o professor, para utilizar o eletroposto é necessário efetuar apenas um cadastro. “Com base nesses dados – quantos carros, qual a média de abastecimento – vamos entender melhor quem utiliza esse serviço”, explicou.
Ainda há possibilidade de retirar uma bicicleta elétrica para uso na Cidade Universitária e reabastecer o veículo acessando o aplicativo ezbike. “Estamos indo mais longe nas pesquisas e avaliando a possibilidade de abastecer os veículos sem a necessidade de alguém interagir. Tudo está sendo desenvolvido por nossa equipe”, comentou. O professor destacou o empenho da gestão para que o projeto se tornasse realidade.
“Neste dia em que inauguramos a última estação prevista no plano de trabalho, em nome da Serra do Facão Energia, destaco que esse projeto deixa um legado de vocação para contribuir para um esforço que deveria ser universal: melhor as condições de vida humana na Terra. Saliento a nossa percepção que a chave para superar os desafios seja a construção de parcerias sólidas, honestas e pautadas na comunhão de objetivos. Nosso sincero reconhecimento a todos os parceiros no desenrolar dos trabalhos”, ressaltou a analista de negócios da empresa, Rita de Cássia Resende
O vice-presidente de Operações da Elera Renováveis, Flávio Martins, também participou da inauguração. “O projeto do Eletroposto conversa muito com os projetos da Elera. Somos uma empresa 100% renovável. São 42 hidrelétricas, 26 eólicas, 4 usinas de biomassa e 28 plantas solares. Temos uma preocupação grande de gerar resultados inovadores, mas fazendo com que os recursos sejam bem administrados e os projetos tenham a maior eficiência possível”, destacou Flávio.
Também estiveram presentes a diretora-presidente e o diretor administrativo da Fapec, Nilde Brun e Carlos Rabello; o deputado federal Luiz Ovando; o desembargador Ruy Celso Florense; o secretário municipal de Turismo, Silvio Lobo;, entre outras autoridades estaduais, municipais e federais.
Tecnologia e vantagens
Além da possibilidade de utilização da energia fotovoltaica, o eletroposto da UFMS também inicia testes de abastecimento sem fio. “É um projeto que tem duas vertentes muito bem definidas. Uma é utilizar tecnologias comerciais de carregamento emergentes no cenário nacional, que estamos comprando e instalando para a comunidade utilizar, e a parte de desenvolvimento de produtos”, explica Edson Antonio Batista, um dos integrantes do grupo de pesquisadores da UFMS envolvidos no projeto. “Estamos desenvolvendo em laboratório um eletroposto teste, para carregamento sem fio”, complementa Ruben.
O projeto conta ainda com a participação de professores, técnicos, profissionais e estudantes de graduação e pós-graduação: Guilherme Anderson de Bragança Fernandes, Artur Alves de Carvalho, Matheus Arakaki de Souza, Sandro Petry Laureano Leme, Moacyr Aureliano Gomes de Brito, Daiane Soares Correa, Anderson da Silva Volpato, Fernanda Moarais Balta, José Luiz Moreira Júnior, Luis Felipe da Silva Carlos Pereira, Nicholas Delben de Andrade e Lucas Gutierrez da Silva. Segundo o grupo, a proposta conta com o financiamento da Global Participações em Energia S/A e suas cooperadas – Companhia Energética Potiguar, Baesa, Sefac, Itiquira Energética, Grupo Equatorial, Alcoa, Companhia Geração de Energia Pilão, Companhia Energética Manauara, e do Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul, e é executada pela UFMS em parceria com Lactec, Nexsolar e Nastek.
De acordo com os pesquisadores, a proposta abrange a modelagem, projeto e implementação dos diversos estágios de potência objetivando operação estável, elevada robustez, elevado rendimento, baixo tempo de carregamento e baixo custo. “A operação de cada estágio de potência, bem como do sistema como um todo, é devidamente avaliada através de resultados experimentais para a transmissão sem fio de até 5 kW. É ainda proposto que o carregador permita fluxo de potência bidirecional, ou seja, a carga das baterias pode ser utilizada para alívio da rede elétrica em momentos de pico de demanda, para ajuste de contratos a fim de reduzir os valores faturados de energia elétrica, ou para atender cargas locais”, dizem.
Segundo o grupo, outra vantagem do eletroposto da UFMS é a flexibilidade do sistema que é composto de uma microrrede: acumulador secundário, acumulador do próprio veículo elétrico (não descartando a adição de bicicletas elétricas), do gerador solar fotovoltaico e da própria rede de distribuição de energia elétrica. “Desenvolvemos também a segurança cibernética para todo o sistema de gestão do eletroposto, de carga, recarga, principalmente, quando for inserir os créditos e outra ferramenta que estamos utilizando e que é top de linha, agregamos o hardware-in-the-loop que é uma simulação em tempo real do sistema”, comenta Edson.
Texto: Vanessa Amin
Fotos: Álvaro Herculano