Políticas afirmativas na pós-graduação são discutidas em seminário

Evento começou hoje e reúne estudantes, professores, técnicos e pesquisadores da UFMS e outras 12 instituições de ensino superior e pesquisa

Nesta terça-feira, 6, foi aberto o 1º Seminário Nacional de Políticas Públicas Afirmativas na Pós-Graduação em Educação – Marco Zero. Durante dois dias, estudantes de graduação e pós-graduação, professores, técnicos-administrativos e pesquisadores de instituições de ensino superior e membros da comunidade externa reúnem-se no Auditório Marçal de Souza Tupã-Y, na Cidade Universitária, para debater o projeto Políticas afirmativas na pós-graduação stricto sensu em educação: acesso, permanência e titulação.

“Em nome do reitor Marcelo Turine, cumprimento todos quer participam desse Seminário e desejo bom início de evento em especial os envolvidos na organização. No dia 3 de julho, foi instituída a Política Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes) pelo Ministério da Educação. Em seu primeiro artigo, ela prevê, agora, recursos orçamentários para beneficiar estudantes matriculados em programas presenciais de mestrado e doutorado. Antes, pelo decreto, isso acontecia apenas para estudantes de cursos presenciais de graduação. Com isso, poderemos conceder auxílios diretos, como os de permanência, moradia, creche, alimentação. São dez programas para que possamos cuidar melhor e favorecer mais a permanência dos estudantes nas universidades. Considero a política um grande avanço, pois antes os estudantes que ingressavam e concluíam a graduação graças a esses benefícios, não tinham a opção de continuar seus estudos na pós-graduação”, disse o pró-reitor de Assuntos Estudantis (Proaes), Albert Schiaveto.

O diretor de Pós-Graduação da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, professor Daniel Henrique Lopes, lembrou que a UFMS, mesmo antes da instituição da Pnaes, foi uma as pioneiras a instituir ações afirmativas para favorecer o ingresso e permanência de estudantes em seus mais diversos programas de pós-graduação (PPG). “Discutir o acesso e a permanência dos egressos na pós-graduação por meio de políticas afirmativas é extremamente importante. A UFMS é uma instituição pioneira na política de reserva de vagas nos cursos de mestrado e doutorado. Estamos caminhando em direção não apenas à ampliação dessas vagas, mas para que elas sejam, de fato, ocupadas e que esses profissionais possam voltar à sociedade qualificados após concluírem os programas. Mais do que isso, é importante pensar também como o ingresso desses grupos nos nossos programas transformam os mesmos”.

“É um prazer estar com vocês. Enquanto diretora de Inclusão e Integração Estudantil, queria dizer a vocês que na UFMS as demandas de estudantes de pós-graduação sempre aparecem. Hoje, para atender esse público, temos na Proaes várias ações, entre elas as bolsas Carrefour que contemplaram 19 estudantes pretos e pardos em oito programas de pós-graduação. Os auxílios mensais são de 3,5 mil reais para mestrandos e 5 mil reais para doutorandos. Também temos editais com recursos para participação em eventos. A partir desse ano, contemplamos também estudantes da pós-graduação com notebooks e cromebooks, além da campanha Eu Respeito que promove ações afirmativas durante todo o ano”, ressaltou Luciana Contrera.

A coordenadora do PPG em Educação (PPGEdu) Fabiany de Cássia Tavares Silva parabenizou a organização do Seminário e destacou a sua importância no âmbito do PPGEdu. “Para esse programa, no auge dos seus quase 40 anos de existência, a possibilidade de trazer um evento como esse, que discute políticas e ações afirmativas, em um país de dimensão continental cujas questões estão na sua estrutura e na possibilidade de dar a ele a audiência sobre a forma como enfrenta esses problemas, o torna imensamente qualificado. Primeiro porque traz para discussão uma política que precisa ser discutida. Segundo porque traz a possibilidade de fazer circular e produzir conhecimento sobre o tema. Terceiro porque estamos em uma das regiões cujos financiamentos em pesquisa ainda são identificados. Não temos financiamento como tem a região Sul ou Sudeste. […] Entendo que o mais importante a ser dito e discutido é a educação, em especial, a educação indígena, a educação quilombola, a educação especial, educação inclusiva, entre outras. Que nossas análises sejam efetivamente críticas e permitam um movimento social consciente, nos limites de suas possibilidades nesta sociedade, mas sem abandonar a luta necessária para uma sociedade mais humana”, falou.

“Como é importante essa cooperatividade. Para todos é muito bom ter acesso a tantos dados. Se não fosse essa conectividade entre os pesquisadores e a união das diferentes instituições de todo o país, não teríamos conseguido aprovação do projeto. Todos estão muito comprometidos e agradeço a todos os que estão aqui presentes e os que nos acompanham de forma remota. Realmente, estudamos as nossas instituições com objetivo de buscar fraturas, nas quais possamos fazer intervenções. Assim, é importante destacar o que vem sendo feito e destacar também a onde precisamos reforçar e buscar por mais recursos e possibilidades. Que possamos discutir metodologias, dados, pesquisas e trabalhar, também, na prática”, salientou a coordenadora do Seminário e professora da Faculdade de Educação da UFMS, Carina Elizabeth Maciel.

A coordenadora da Rede Universitas, Vera Lúcia Jacob Chaves, participou da abertura por meio de videoconferência. “Somos uma rede que integra pesquisadores de mais de 50 universidades de todo o Brasil e temos 31 anos de existência e de desenvolvimento de pesquisa sobre políticas do ensino superior no país. Temos uma vasta produção a respeito das políticas da educação superior. Esse primeiro Seminário é um evento que representa um acúmulo de conhecimentos sobre políticas afirmativas e de inclusão social. Essa temática já vinha sendo trabalhada na Rede há anos e é fundamental para que possamos cumprir bem essas políticas. Para que possamos ter êxito, é necessária a contrapartida do Governo Dederal. Assim os estudantes terão acesso à universidade e, ainda, conseguirem permanecer nos seus programas”, destacou.

A Rede Universitas Brasil caracteriza-se como uma rede acadêmica, com pesquisadores de instituições de ensino superior de todas as regiões do país, visando à pesquisa e à interlocução entre pares que têm em comum a área do conhecimento Políticas de Educação Superior. A Rede congrega pesquisadores do Grupo de Trabalho (GT 11) – Política de Educação Superior da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação e de várias instituições do país.

Programação

A abertura do Seminário contou, ainda, com a apresentação do monólogo Zumbi dos Palmares pelo servidor da UFMS, Alguimar Amâncio da Silva. Ele é graduado em Ciências Biológicas pela UFMS e mestre em Letras pela UFMS. É autor do livro Lição de cigarra, lançado pela Editora UFMS. Em seguida, a professora da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Uems), Maria José de Jesus Alves Cordeiro, ministrou a palestra de abertura. Confira a programação completa neste link.

O Seminário segue até dia 8 e é financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e tem como parceiros pesquisadores da Uems, Universidade Federal da Grande Dourados, Universidade Federal de Goiás, Universidade Federal do Pará, Universidade Federal do Amapá, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Universidade Federal de Juiz de Fora, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Universidade Federal da Paraíba, Universidade Estadual de Santa Cruz e da Fundação Oswaldo Cruz.

Texto: Vanessa Amin, com informações de Elton Ricci

Fotos: Álvaro Herculano