Plantas alimentícias não convencionais surpreendem participantes da SBPC

Com o intuito de abordar uma alimentação saudável, mas de um ponto de vista que foge do tradicional, as professoras da UFMS Bruna Paola Murino Rafacho e Camila Medeiros da Silva Mazzeti idealizaram o minicurso “Plantas Alimentícias Não Convencionais: como aplicar?”. Realizado entre os dias 22 e 25 de julho, durante a 71ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o minicurso reuniu cerca de 25 participantes e contou também com o Engenheiro Agrônomo Andrei Oliveira e a Nutricionista Melina Fernandes como ministrantes.

“Eu nunca nem tinha visto taioba, uma planta citada e que algumas pessoas já tinham provado. Conhecia realmente muito pouco sobre o assunto e por isso foi uma experiência bastante interessante para mim. Gostei do conteúdo porque além de nos apresentarem as plantas não convencionais, trouxeram também outras informações relacionadas ao assunto como a coagricultura, entre outras”, contou Luciana Marçal Ravaglia, que é técnica administrativa da Universidade.

“Infelizmente o brasileiro tem o hábito de consumir alimentos que não são da sua terra e nossa flora é muito rica em diversidade alimentícia. Entre as plantas comestíveis que eu não conhecia destaco a beldroega, uma plantinha que parece um musgo, que costuma nascer em qualquer lugar como calçadas rachadas e a gente acha que é mato. Tem também um hábito que eu não sabia que existia aqui em Campo Grande de comer as flores em conserva do hibisco vinagrera”, revelou a ponta-poranense Rayani Maciel Boeira Charão, acadêmica de Nutrição da UFMS.

De acordo com a professora Bruna Rafacho outras plantas alimentícias não convencionais (PANCs) muito utilizadas na capital de MS são a capuchinha, a azedinha e a ora-pro-nobis. “São plantas que você não encontra nos mercados, muito raramente encontra em feiras. Normalmente se consegue diretamente com produtores locais ou, por exemplo, com pessoas que produzem em casa, no quintal, e dividem com vizinhos. Trata-se de um conhecimento bem tradicional mesmo e que é compartilhado”, explicou.

As PANCs são cada vez mais utilizadas na culinária por conterem fibras, vitaminas e minerais que complementam e melhoram a alimentação. Além disso, costumam ter um custo menor, justamente por serem produzidas em menor escala ou em hortas caseiras. É preciso, porém, tomar conhecimento do preparo adequado, uma vez que podem possuir toxidade. No minicurso a parte prática foi realizada no dia 25 com a preparação de um “bolo de mato”. Foram utilizadas bertália e ora-pro-nobis, resultando em uma massa de coloração bem verde. O gosto? Aprovado pelos participantes.

“Com esse minicurso esperamos que as pessoas incorporem esses alimentos no seu dia a dia, melhorando sua alimentação e saúde e que sejam também multiplicadoras do conhecimento”, disse a professora Bruna Rafacho. “Foi um curso que me chamou a atenção para a cultura local, para valorizar e cuidar da alimentação, diversificar. Foi muito bom, amei”, finalizou Luciana Ravaglia.

Texto e fotos: Ariane Comineti