Pioneira, UFMS inicia operação de novo equipamento de Ressonância Magnética Nuclear (RMN)

Como parte da proposta de ampliar e melhorar a qualidade da produção científica da UFMS, o Instituto de Química (Inqui) inicia amanhã (2/4) as atividades do equipamento de Ressonância Magnética Nuclear (RMN) de campo magnético de 11,75 teslas (operando a 500 MHz para a frequência do hidrogênio (1H)).

Este é o segundo equipamento de campo magnético de alta magnitude a estar em funcionamento no Estado, sendo que o primeiro (de 7,05T) foi instalado também no Inqui há mais de 20 anos. O início da operação do equipamento – que também irá aprimorar a qualificação dos recursos humanos formados nos Programas de Pós-graduação envolvidos, está marcado para 15h, em cerimônia com representantes da Administração Central e usuários no Laboratório de RMN.

A professora Glaucia Braz Alcantara, responsável pelo Laboratório de RMN, explica que o equipamento, a partir da incidência de uma radiação eletromagnética da ordem de radiofrequência, permite explorar as propriedades magnéticas de certos núcleos atômicos para determinar propriedades físicas ou químicas de átomos ou moléculas nos quais a matéria é constituída. Ou seja, o equipamento funciona no mesmo princípio dos de ressonância de imagem, por exemplo, mas gera gráficos bidimensionais.

“Os resultados gerados correspondem a gráficos de linhas (os espectros) informativos sobre a estrutura e/ou interação química das substâncias analisadas. A espectroscopia por RMN é uma técnica muito versátil de análise e quantificação de compostos orgânicos, aplicada especialmente para fins de determinação da estrutura molecular de compostos naturais e sintéticos, além da análise de plantas, alimentos, biomoléculas e compostos organo-metálicos, dentre outros. É uma importante técnica na interdisciplinaridade da Ciência, muito aplicada em diversas áreas como Química, Farmácia, Bioquímica, Biologia e Ciências de Materiais, dentre outras”, afirma Glaucia Braz Alcantara.

A técnica Luciana Ravaglia expõe gráfico gerado pelo equipamento

Todos na Universidade podem ter acesso às análises feitas pelo equipamento. “É uma ferramenta da química poderosa para poder enxergar, a partir de amostras líquidas, os gráficos que ajudarão a identificar a estrutura da substância orgânica desejada”, expõe a técnica do Laboratório de RMN, Luciana Marçal Ravaglia.

Pela técnica é possível visualizar, por exemplo, os núcleos de hidrogênio e os núcleos de carbono e, a partir dessas duas informações, mapear as estruturas orgânicas. “O pesquisador isola a substância de um produto natural novo, por exemplo, realiza uma série de purificações e quando alcança a substancia pura leva ao laboratório e, a partir do gráfico, poderá ter certeza de que se trata de estrutura inédita”, afirma a técnica.

O campo magnético mais intenso permite que os sinais tenham maior resolução, o que é primordial para o caso de amostras mais puras e específicas. A parte eletrônica do equipamento novo é mais moderna e melhora a relação sinal-ruído.

“Com dois equipamentos podemos dobrar a capacidade de análise, fazendo a triagem no mais antigo (300 MHz), e utilizando o segundo para análises mais importantes”, completa Luciana.

Modernização

Para a aquisição deste equipamento multiusuário de grande porte, a UFMS recebeu recurso da FINEP por meio de projeto aprovado no Convênio CT-INFRA/FINEP n. 01.13.0358.02, o qual envolveu o apoio de diversos pesquisadores e bolsistas produtividade do CNPq da UFMS.

O custo do equipamento é de aproximadamente R$ 2,4 milhões, fora os custos de importação – o aparelho é alemão – e transporte, tornando-se portanto, um dos mais altos investimentos em Pesquisa na UFMS, com gestão financeira do projeto pela Fapec.

“Alguns acessórios ainda serão adquiridos com a última parcela do Convênio Finep, mas de antemão este equipamento traz equiparidade de infraestrutura a importantes instituições de Ensino e Pesquisa do Brasil, tornando a UFMS uma instituição de referência regional em análises multiusuárias de RMN a fim de proporcionar o desenvolvimento científico e tecnológico da nossa região, bem como fortalecer e expandir o cenário científico atual da UFMS por meio de pesquisas interdisciplinares de maior impacto”, afirma a professora Gláucia.

Paula Pimenta