Pesquisadores explicam desenvolvimento de quatro vacinas nacionais para Covid-19

Hoje, 13, foi realizado o webinário Vacina para o Brasil, promovido pela Academia Brasileira de Ciências (ABC), e o reitor Marcelo Turine prestigiou o evento, que debateu um tema oportuno para este momento da pandemia de Covid-19.

No início no século 20, o Brasil construiu uma estrutura de produção e distribuição de vacinas consistente com a criação das instituições que deram origem à Fundação Oswaldo Cruz (1900) e ao Instituto Butantan (1901), ambos desenvolvedores de pesquisa biomédica, produção de imunobiológicos e divulgação técnico-científica, além de ter a estrutura eficaz do Sistema Único de Saúde, criado em 1988 para universalizar o acesso à saúde no país.

“Por que, então, dependemos de outros países para conseguir insumos e não temos ainda vacinas brasileiras contra Covid-19?”, questiona a ABC. Para debater este tema, o webinário teve a presença de Ricardo Gazzinelli, professor da Universidade Federal de Minas Gerais e pesquisador da Fiocruz; Celio Lopes Silva, professor da Faculdade de Medicina da USP; Jorge Kalil, professor da Faculdade de Medicina da USP e diretor do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração; e Pedro Pires Guimarães, professor da Universidade Federal de Minas Gerais.

O pesquisador Ricardo Gazzinelli está na equipe de desenvolvimento da vacina Spin-Tec, já na fase de testes com animais. “No momento estamos fazendo os testes em primatas, já fizemos os testes de proteção em hamsters e agora estamos no diálogo com a Anvisa, preparando o lote piloto que seria injetável em humanos”, conta.

Em agosto de 2020 foi iniciado o projeto de desenvolvimento da vacina Versamune-MCTI. “O nosso objetivo é desenvolver uma vacina de subunidade nanoparticulada que tenha qualidade e competitividade para ser um sucesso nacional e global no controle da Covid-19”, afirma o pesquisador Celio Lopes.

O pesquisador Jorge Kalil explicou sobre o desenvolvimento da vacina FAUSP/INCOR de nanopartículas quitosana que penetram no muco nasal. “Agora nós estamos vendo qual a melhor forma industrial de produção do antígeno”, informa. 

Já o pesquisador Pedro Pires Guimarães falou sobre o desenvolvimento de uma plataforma de vacinas de ácidos nucleicos para a Covid-19. “Acreditamos ser estratégica para o país dominar esse tipo de tecnologia”, comenta.

Todos os pesquisadores falaram sobre o “vale da morte”, momento em que a produção científica trava e não consegue seguir até o objetivo final, grande desafio a ser superado.

Após as apresentações, foi aberto o debate, baseado nas perguntas enviadas pelos telespectadores. Cerca de 490 pessoas participaram do evento. Este e os demais webinários realizados pela Academia Brasileira de Ciências estão disponíveis em abc.org.br/nacional/webinarios.

Vacinas para o Brasil

O Grupo de Trabalho sobre Vacinas da ABC organizou a revista Vacinas para o Brasil, que remonta a história da vacinação, desde a varíola até a Covid-19, e discorre sobre os desafios enfrentados pelas instituições e pelos pesquisadores que atuam nesta área.

A publicação pode ser acessada no site da Academia Brasileira de Ciências.

Texto: Leticia Bueno