Nesta semana, a Cidade Universitária foi toda remodelada e apresenta uma difusão muito maior de conhecimentos, pesquisas e saberes, com inúmeras atividades simultâneas e de livre acesso, como conferências, mesas-redondas e palestras. Em uma dessas mesas-redondas, que ocorreu ontem, quinta-feira (25), abordou-se um tema que afeta boa parte da população, “Fake News na Ciência”.
Jornalistas, cientistas e pesquisadores se reuniram para debater o tema de relevância e que interfere gravemente na vida dos cidadãos. A mesa-redonda contou com a presença de três pesquisadores, a professora Mariluce Moura, que atua juntamente com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) no Projeto Ciência na Rua, o professor do Instituto de Física de São Carlos, Glaucius Oliva e a professora Germana Barata, atuante no Laboratório de Jornalismo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
O ponto de tensão em que se encontram as ditas informações falsas é o fato de que a confiabilidade da população em jornalistas e pesquisadores vem sendo colocada em xeque. Os olhos de quem lê notícias ou artigos científicos se questionam de algo que, pela sua premissa, deveria ser verdade. A checagem e as revisões, em ambos os casos, são essencialmente a essência dessas atuações. Porém, em uma era de click, acesso e compartilhamentos equívocos, o que se gera é uma desnutrição informacional que as deslegitima.
A dúvida se faz presente em todos os processos científicos e criativos. Se não há dúvida, não há resolução de problemas. Aquela pulga atrás da orelha, que hoje, contemporaneamente, chama-se de “feeling”, é o objeto de preocupação dos pesquisadores. “Notícias falsas nascem lado a lado daquelas que se dizem verdadeiras”, abordou a professora Mariluce Moura, ao tratar de fatos icônicos de divulgações falsas de informações, como o caso do “Boi Mate” – publicação feita pela revista “Veja”, que trazia uma pesquisa sobre a mutação de um fruto, que, se consumido, o indivíduo ingeriria uma porção de tomate e carne bovina ao mesmo tempo.
“Fake News são notícias divulgadas, principalmente, nas redes sociais, que geralmente apelam para os sentidos emocionais”, e ainda acrescentou Mariluce, sobre os locais de disseminação, que hoje não são apenas em revistas, “O whatsapp virou de cabeça para baixo as questões das Fake News.”.
A crescente forma de desqualificar a ciência e o jornalismo foram abordadas na fala do físico Glaucius Oliva, que trouxe exemplos recorrentes de falsidades informacionais na ciência. Outra relação apresentada por Glaucius foi a questão de como fatos já consolidados na ciência são transformados em novos rumores. “Mentiras se espalham mais rápido que a verdade”, expôs o físico.
As formas de disseminação e como as redes de internet afetam estas cambiações falsas, foram mencionadas pela jornalista Germana Barata, que assegurou: “Falar de Fake News, é falar de redes sociais”. Na apresentação, dados afirmaram que 66% dos brasileiros acessam o Whatsapp, local de grande difusão das informações falsas. “É nele que as verdades duras são remodeladas em mentiras confortáveis”, acrescentou a jornalista.
Ao final da fala de cada pesquisador, caminhos foram apresentados para que o público e consumidores de notícias e artigos científicos possam driblar o fenômeno. “Acho que podemos fortalecer as nossas redes de compartilhamento de notícias verdadeiras”, concluiu a professora Mariluce, como um chamado para que as bases de informações verdadeiras sejam ampliadas.
Texto e Fotos: José Câmara (estagiário de Jornalismo)