Não é novidade que a Cidade Universitária é rica em fauna e flora. Basta entrar no Câmpus para perceber a mata exuberante, o trânsito das capivaras, a presença de diferentes aves, e não podemos nos esquecer do Lago do Amor – um dos cartões postais de Campo Grande. Para ajudar no reconhecimento e preservação dos diversos animais presentes na região, pesquisadores criaram o Guia de Identificação dos Vertebrados no Lago do Amor.
O professor Fernando Rogério de Carvalho, do Instituto de Biociências (Inbio), organizou o manual para a identificação dos vertebrados que já foram avistados no local. De acordo com o levantamento, entre 231 espécies de animais residentes e visitantes ocasionais, há 150 de aves, 30 de mamíferos, 23 de répteis, 19 de peixes e 9 de anfíbios.
“O Guia foi construído com o objetivo principal de levar a informação correta aos estudantes e campo-grandenses que visitam essa área turística do município, e que sempre se deparam com alguns animais. O nosso intuito é mostrar a diversidade escondida no Lago do Amor”, afirma.
O levantamento dos animais surgiu a partir de um edital da Agência de Comunicação Social e Científica (Agecom) para publicação de materiais de divulgação científica com temas de impacto social. Foi quando o pesquisador decidiu reunir informações sobre os vertebrados do Lago do Amor, com a participação dos professores Sarah Mângia, Maria Eduarda Garcia, Rudi Laps, Vanda Lúcia Ferreira, Diego Santana, Willian Nassar Eduardo, Luiz Gustavo Rodrigues Oliveira Santos e Diogo Provete.
“Compilamos os dados que cada um tinha e publicamos este guia, que é simples, mas o objetivo principal é informar, levar conhecimento a toda a comunidade sobre os vertebrados presentes no Lago do Amor e nas áreas do entorno”, reforça.
O grande número de espécies presentes no local surpreende, considerando que o Lago do Amor fica localizado em uma área urbana. Entre os vertebrados identificados, estão aqueles que já são muito conhecidos pelos estudantes, como capivaras, gatos e araras. O manual também traz animais raros e ameaçados de extinção, que dificilmente são avistados, mesmo por quem frequenta a Universidade diariamente. “Temos mamíferos como o tamanduá-bandeira, a lontra, a anta e a cuíca-d’água”, exemplifica.
A cuíca-d’água é um dos destaques entre os vertebrados existentes na UFMS, por ser uma espécie ainda pouco conhecida pela comunidade científica. “É bastante rara. Ela está categorizada como ‘dados insuficientes’. A gente não conhece quase nada da história de vida desta espécie, mas temos ali no Lago do Amor. Isso mostra que conservar essa área tal como ela está, com as suas propriedades mais naturais possíveis, é de suma importância para manter a fauna”, pontua Carvalho.
A espécie de vertebrado mais comum na região é também a que ameaça a existência dos outros animais: a homo sapiens. Diante do assoreamento e da poluição, com garrafas plásticas e até pneus no Lago, os animais estão em perigo, mas algumas ações simples podem ajudar.
“Se estiver visitando uma área próxima do Lago do Amor, evite deixar o lixo. Nunca alimente os animais, seja com salgadinho ou outra comida. Eles têm toda uma história de busca do alimento na natureza e o que nós consumimos muitas vezes são processados, são alimentos danosos à saúde deles. Além disso, não destruir as árvores que protegem as margens dos córregos. São medidas simples, mas que contribuem para a conservação e manutenção dessa fauna”, orienta.
O Guia de Identificação dos Vertebrados no Lago do Amor traz a relação de animais já identificados no local, com o nome científico, o popular e uma descrição. Confira o levantamento completo aqui.
Texto: Mylena Rocha