Pesquisadores brasileiros e estrangeiros compartilham experiências de sistemas socioecológicos no Hemisfério Sul

Como trabalhar a dinâmica de interface de agricultura-área proativa, rumo a uma abordagem de sustentabilidade é um dos principais desafios a ser debatido por pesquisadores do Brasil, França, Colômbia, África do Sul e Zimbábue que participam esta semana (27/5 a 2/6) na UFMS do Workshop internacional “Socio-ecological systems in transition on tropical protected-non protected interfaces: a South-South sharing experience”, organizado pela UFMS e a Université d’Angers.

Financiado com recursos do projeto Casest (https://casest.hypotheses.org), por meio da Région Pays de La Loire, Capes-Cofecub (Brasil – França) e do Programa Institucional de Internacionalização (PrInt), o workshop pauta-se primordialmente pelo compartilhamento de experiências no Hemisfério Sul, em especial na discussão de transições de sistemas socioecológicos em interfaces tropicais protegidas e não protegidas.

“Começamos a discutir as interfaces entre áreas protegidas e não protegidas, produção de alimento e conformação da biodiversidade e como isso está conectado com grandes agendas internacionais”, explica o professor Fabio de Oliveira Roque (UFMS), que coordena o evento ao lado do professor Pierre-Cyril Renaud (Université d’Angers).

Cada um dos países participantes tem a sua lógica e problemas sociais diferentes, mas todos se encontram na questão da sustentabilidade no uso da terra. Para os pesquisadores, novidades em estruturas conceituais são necessárias para uma abordagem integrativa mais eficiente. “Queremos compartilhar experiências para chegar às novidades. É importante que os países do Hemisfério Sul compartilhem inovação intelectual, legislativa e tecnológica. É bem mais fácil que essa troca aconteça quando há interação direta entre as pessoas que vivem a situação”, aponta Pierre-Cyril Renaud.

O aumento do uso da terra para o ecoturismo, associado a produções agrícolas ou pecuárias, é exemplo positivo nessa proposta de reunir o que primeiramente pode parecer antagônico.

“Nessas áreas de uso múltiplo, é possível agregar valor ao território. Com o ecoturismo, não se chega ao pior das situações dessas paisagens nos trópicos que é a monocultura, com uso único do solo. É possível chegar a práticas agrárias sustentáveis, de forma a não permitir que se acabe com os serviços ecossistemáticos. Reunir o valor da agricultura sustentável e do ecoturismo, além de valorizar a propriedade e gerar duas fontes de renda, guarda uma conectividade social interessante, e isso debaixo de uma mesma fazenda, afinal de contas não há de ter conflito”, diz Pierre-Cyril.

De uma terra bem explorada turisticamente pelos “Games reserves”, a pesquisadora Alta de Vos, da Rhodes Universitty, na África do Sul, também acredita que o ecoturismo seja elemento importante nessa proposta de conciliação da produção com a preservação.

“Já registramos um crescimento na conservação de áreas a partir do ecoturismo, mas essa não é a única solução. Por isso é importante workshops como esse em que ouvimos e aprendemos com experiências South – South. Porque nossos problemas são diferentes, mas em alguns aspectos são os mesmos”, afirma Alta de Vos.

Alguns pesquisadores participarão ao final do evento de viagem para campo, para o planalto da Bodoquena e Pantanal.

 

Paula Pimenta