Pesquisa na UFMS assume novos rumos na inovação e internacionalização

Responsável pela geração de produção intelectual, científica e de desenvolvimento nas áreas tecnológica, artística, técnica, esportiva, pedagógica e cultural, a pesquisa na UFMS busca respostas hoje em mais de três mil iniciativas de investigações ímpares às demandas do conhecimento.

São cerca de 900 projetos coordenados pelos professores da Instituição, com participação de mais de 700 graduandos em iniciação científica, e outras 2,2 mil pesquisas nas mãos de pós-graduandos.

Em 10 anos, o crescimento no número de pós-graduandos na Instituição foi de 93%. Em 2009, foram abertas 482 vagas na Pós-graduação, com 374 ingressantes. À época, havia 1.168 mestrandos e doutorandos. Este ano, a UFMS conta com 2.253 pós-graduandos, com oferta de 1.070 vagas e 790 ingressantes até maio.

Para alavancar a pesquisa a patamares ainda maiores, a UFMS foca potencialmente a internacionalização, procurando ofertar disciplinas em língua estrangeira, capacitar docentes e técnicos-administrativos da UFMS nesse propósito, aumentar a mobilidade de estudantes e professores em instituições estrangeiras e vice-versa, buscando transferência de tecnologias para potencializar a vocação da Instituição.

A UFMS apresenta histórico de parcerias internacionais, com protocolos de intenção, acordos de cooperação e convênios com universidades localizadas em países da América do Sul, América do Norte, Europa, África e Ásia, em iniciativas que premiam a pesquisa com parcerias pautadas em compartilhamento do conhecimento.

Dessa forma, a pesquisa tem sido pautada com política agressiva de qualificação em nível de pós-graduação, especificamente com afastamentos para doutorado e de docentes como visitantes no exterior.

De acordo com levantamento da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propp), desde o ano 2000 foram registrados 481 afastamentos para qualificação, dos quais 56 afastamentos, portanto cerca de 12%, foram para o exterior, contabilizando uma média de aproximadamente três por ano.

“Dentre os afastamentos para o exterior, 26, quase metade, estão concentrados nos últimos cinco anos, o que mostra um substancial incentivo à essa política. O outro aspecto refere-se à política de internacionalização do corpo docente dos PPGs, por meio da contratação de visitantes estrangeiros”, sinaliza o Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Nalvo Franco de Almeida Junior.

Recentemente, a UFMS abriu editais para a contratação de pesquisadores estrangeiros e nacionais, com mais de 100 inscrições para o edital de pesquisadores estrangeiros. Foram selecionados 16 visitantes estrangeiros e 20 nacionais (todos os nacionais com experiência internacional), dentre os quais sete bolsistas PQ (sendo quatro PQ-1A). Segundo o Pró-Reitor da Propp, “o potencial colaborativo de visitantes bem qualificados e com experiência é tão positivo para os programas de pós-graduação, que em 2019 a UFMS lançou em maio outro edital para a contratação de 30 pesquisadores visitantes, nacionais e estrangeiros, para serem imediatamente credenciados como membros permanentes dos programas”.

Pós-graduação e Pesquisa

O primeiro Mestrado na UFMS data de 1988 no Programa de Pós-graduação em Educação. Mas muito antes disso, a pesquisa tomou rumo na Instituição. A professora Neli Honda, por exemplo, em 1978, antes mesmo da federalização da Universidade, enviou ao CNPq o projeto “Estudo de Fitoaglutininas (Lectinas) de algumas variedades de vegetais encontrados no Mato Grosso”, que recebeu à época Cr$ 280 mil (Cruzeiros) como auxílio para aquisição de material de consumo.

A Instituição oferece atualmente pesquisas em 61 programas de pós-graduação, que transpassam as principais áreas do conhecimento: Ciências Exatas e da Terra, Ciências Biológicas, Ciências da Saúde, Ciências Agrárias, Ciências Sociais Aplicadas, Ciências Humanas, Engenharias, Linguística, Letras e Artes.

Além das cooperações internacionais, as pesquisas envolvem a parceria de outras instituições, órgãos e empresas nacionais como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que há quase 20 anos compartilha pesquisas bem sucedidas com a UFMS, em áreas como bioinformática e biologia molecular.

Crescimento

O Programa de Pós-Graduação em Química (PPGQ) é, na UFMS, o que possui o maior número de bolsistas de produtividade do CNPq na UFMS – 10 dos 61, segundo o coordenador, professor Silvio Cesar de Oliveira.

O Programa é um dos mais procurados na pós-graduação, recebendo no momento 114 pós-graduandos no PPGQ e outros 22 no Programa de Mestrado Profissional em Química em Rede Nacional (ProfQui).

“Nossas pesquisas têm grande apelo para a saúde pública. Temos descobertos produtos, a partir da química, que ajudam a prevenir doenças, como o câncer pelo uso do Ipê Rosa, ou detergentes naturais para combater doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Outros grupos trabalham com outras tecnologias como fotoquímica, combustíveis, ressonância magnética nuclear, entre outras”, destaca o coordenador.

Pesquisadores do Inqui, aliás, compõem um dos cinco grupos aprovados ano passado para o Programa Institucional de Internacionalização (PrInt) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

A UFMS e a Universidade de Brasília (UnB) foram as únicas no Centro-Oeste selecionadas para participar desse Programa, destinado a apenas 36 instituições escolhidas entre 108 concorrentes.

Além da Química, que no projeto PrInt propõe a “Síntese e caracterização de novos materiais baseados em nanopartículas de metais aplicados ao transporte de medicamentos, estudo da mobilidade intra-agregada de sais biliares e produção de hidrogênio”, foram selecionados projetos dos Programas de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação, Tecnologias Ambientais, Doenças Infecciosas e Parasitárias, Saúde e Desenvolvimento na Região Centro-Oeste.

O Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação (PPGEC) reúne no PrInt cerca de 50 pesquisadores nacionais e estrangeiros no projeto de pesquisa “Mudanças climáticas e no uso do solo: em direção ao entendimento dos efeitos antrópicos e do aumento de temperatura na biodiversidade do Pantanal”.

As pesquisas realizadas no PPGEC têm a ver primariamente com uma questão de soberania nacional em relação a informação e ao conhecimento, segundo o coordenador do Programa, professor Rafael Guariento.

“Por que a água está ficando escassa em algumas regiões do país, por que algumas espécies, responsáveis por serviços ecossistêmicos importantes, estão sumindo, como podemos conciliar a questão do crescimento do agronegócio com a preservação do meio ambiente? Para responder essas perguntas precisamos de profissionais que entendam desses assuntos e essa é missão do Programa”, aponta o coordenador.

Como resultado de todas as pesquisas, o PPGEC é o único em Mato Grosso do Sul com nota 6 na Capes, em especial pelo elevado índice de internacionalização, encaminhando muitos alunos a outros países e recebendo também muitos pós-graduandos estrangeiros.

“Um ponto bastante relevante é a colaboração que temos com pesquisadores de outras universidades, com alta taxa de publicação de artigos científicos em cooperação com pesquisadores internacionais, mostrando o nível de excelência da qualidade da produção científica gerada no PPGEC”, completa Rafael.

Os Programas de Pós-graduação em Doenças Infecciosas e Parasitárias (PPGDIP) e em Saúde e Desenvolvimento na Região Centro-Oeste (PPGSD), ambos da Faculdade de Medicina (Famed) da UFMS, nota 5 na Capes, assinam o projeto de pesquisa PrInt em “Saúde no Âmbito de Doenças Emergentes, Reemergentes e Negligenciadas”, com investigações de doenças infecciosas que assombram as estatísticas brasileiras.

O PPGSD é hoje, na Universidade, o Programa com maior número de alunos matriculados. Desde o ano de 2006, quando criado, diplomou 339 mestres e 176 doutores e tem em seu quadro 45 docentes de diversas áreas, entre as quais, medicina, enfermagem, fisioterapia, nutrição, engenharia, biologia, veterinária, pedagogia e outras, que de maneira interdisciplinar orientam mestrandos e doutorandos de variadas áreas de formação.

“Aqui são realizados estudos sobre doenças conhecidas pela população como dengue, chikungunya, zika, leishmaniose, depressão, e outras menos conhecidas ou divulgadas, como anemia falciforme, doença de Parkinson, e até doenças raras como a Fibrodisplasia Ossificante Progressiva. Também são realizados estudos que tem como foco as plantas e frutos do cerrado, suas propriedades terapêuticas e nutricionais”, explica a coordenadora do PPGSD, professora Alexandra Maria Almeida Carvalho.

Muitas das pesquisas realizadas na Universidade podem ser acompanhadas na coluna Pesquisa e Extensão do site da UFMS.

Paula Pimenta