Selecionada para o Hands-On Research Conference, a pesquisa “Análise de métodos biomecânicos para controle e dinâmica do instrumento bateria” fará parte de um seleto grupo a ser apresentar no maior congresso mundial na área (performance musical), promovido pela Universidade de Aveiro (Portugal), de hoje (31) a 3 de novembro.
A pesquisa foi realizada pelo acadêmico do Curso de Música Sandro Moreno, com orientação do professor do curso William Teixeira. O trabalho é fruto de um projeto PIBIC com bolsa CNPq e teve apoio do Laboratório de Eficiência Energética da FAENG, que cedeu equipamento para a realização de experimentos, em abordagem interdisciplinar.
O congresso Hands-On é promovido pelo grupo de pesquisa em performance musical da Universidade de Aveiro, que hoje figura como um dos principais centros de pesquisa da área na Europa e no mundo, segundo o professor William. “Sendo assim, significa a inserção da pesquisa dentro da elite acadêmica, de maneira a fazê-la reconhecida por representantes das principais universidades do mundo que estarão lá presentes”, afirma.
Estudos
De acordo com os pesquisadores, “o estudo da bateria envolve muitas variáveis, dentre elas a precisão técnica, visando dinâmicas com controle efetivo do volume pelo baterista, o que é algo de extrema complexidade. O músico ao executar dinâmicas com baixa amplitude sonora encontra grande dificuldade em manter sua fluência e confiança musical”.
Para determinar o melhor controle e dinâmica da bateria, os músicos utilizaram métodos biomecânicos como a análise física do movimento e mensuração por meio de decibelímetro da energia sonora resultante do movimento. Assim, como método, trouxe uma análise multidisciplinar que explora conceitos e performances musicais baseados nos princípios de Biomecânica, Ergonomia, Mecânica, Ondas e Acústica.
“Levando em conta especialmente o baterista, esse método possibilita a performance em baixo volume sem que se perda pressão sonora e fluência musical, permitindo que o instrumento seja inserido em ambientes pequenos e gêneros musicais acústicos”, explica o professor.
Analisando os fatores que podem contribuir para essa prática, antes de realizarem a abordagem técnica, os músicos estudaram sobre a massa, densidade e formato das baquetas mais populares do mercado de forma a determinar qual seria a escolha mais adequada. Quanto as habilidades, foram examinadas as propostas sistemáticas de três educadores e artistas relevantes: George Lawrence Stone (18886-1967), Gladstone (1892-1961) e Sanford A. Moeller (1869-1961).
“Como a bateria é um conjunto recente de instrumentos na história da música ocidental, começando a ter sua prática sistematizada entre os séculos 19 e 20, existe um amplo caminho para diferentes abordagens da performance. Esta pesquisa concentrou-se em encontrar o melhor procedimento para desempenho de baixa amplitude usando a empunhadura correspondente como base, tendo como objetivo expor as técnicas manuais e os gestos corporais envolvidos na produção de um som de baixa amplitude durante a prática da bateria”, apontam.
Para afirmar um parâmetro de análise, o músico Sandro Moreno irá apresentar no Congresso um vídeo com uma performance ao vivo de uma dupla – violoncelista e baterista – mostrando os resultados da pesquisa em uma consumação musical real.
Sandro Moreno é músico profisisional desde 1992. Já foi integrante de diversas bandas e tocou com nomes como Zé Ramalho, Tetê e Jerry Espíndola, Almir Sater, Leila Pinheiro, Zélia Duncan, Alzira E., Mariana Aydar , Felipe Cato, Thiago Iorque, Ney Mato Grosso, Zeca Baleiro, Paulo Moska, entre outros. Foi primeiro colocado no Batuka Music Fest (maior concurso brasileiro de bateria) 2001, entre outros destaques.
O professor William Teixeira, Mestre em música pela UNICAMP e Doutor em música pela USP, pesquisa as relações entre a retórica e a música contemporânea a partir do referencial das neorretóricas do século XX. Seu trabalho já foi exposto em eventos nas áreas de música, teologia e análise do discurso em diversos estados do Brasil, além de Portugal, Reino Unido e Estados Unidos. Ao violoncelo, já atuou como solista frente a grupos como Orquestra Sinfônica da Unicamp, Orquestra Sinfônica de Rio Claro, Orquestra de Câmara da USP, USP-Filarmônica, Fukuda Cello Ensemble e Camerata Madeiras Dedilhadas UFMS. Tem desenvolvido trabalho dedicado à interface entre aspectos teóricos e práticos da música contemporânea, tendo estreado dezenas de obras de diversas gerações de compositores brasileiros.
De 5 a 7 de novembro, o professor William fará parte da mesa-redonda sobre performance musical no 5º Encontro Internacional de Teoria e Análise Musical, principal evento científico na área de teoria musical no Brasil, a ser realizado na Unicamp.
Paula Pimenta