O projeto de pesquisa (doutorado) intitulado: “Substituição do milho por casca de soja para equinos em atividade física moderada”, coordenado pelo professor Gumercindo Loriano Franco, coordenador do curso de Zootecnia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UFMS (Famez), junto com um grupo de estudos em nutrição de equinos (GENEQ) está avaliando a substituição de parte do milho, presente na alimentação de equinos, pela casca de soja, com o objetivo de melhorar a digestão dos animais. O projeto envolve 39 alunos da graduação e da pós-graduação.
De acordo com o professor, o cavalo evoluiu 55 milhões de anos para ser um herbívoro pastejador. Com o advento da domesticação, há cerca de 5.500 anos, já não havia o mesmo tempo para pastejo, pois o cavalo passou a produzir trabalho e houve a necessidade de suplementação com grãos de cereais para atender as exigências. A utilização de cereais, como por exemplo, o milho, aumentou a densidade energética das rações, porém trouxe problemas como a cólica. “O foco do projeto é melhorar o bem-estar do animal, diminuindo o número de problemas metabólicos que o cavalo possa ter. Para isso, vamos substituir parte do milho por casca de soja, e analisar os resultados colhidos durante o período experimental”, explica.
Outros objetivos esperados pelos pesquisadores são: o aumento do volume fecal, a redução da excitabilidade do animal, o aumento da retenção de água intestinal e a diminuição da produção de lactato, que pode causar acidose, e, consequentemente, a cólica.
A pesquisa teve início em janeiro, com a chegada de seis cavalos pantaneiros, vindos da Fazenda-Escola, localizada em Terenos, e está na fase de coleta de dados. Os cavalos consomem 1% do peso corporal de suplemento concentrado e deste são avaliados três níveis de inclusão de casca de soja: no primeiro tratamento, a casca de soja não é introduzida; no segundo, 25% de casca de soja é introduzida em substituição ao milho, e no terceiro tratamento, 50% da casca de soja é introduzida em substituição ao milho.
Os pesquisadores já contabilizaram um aumento na produção fecal e no consumo de água pelos animais, e não perceberam nenhum tipo de problema metabólico. “A próxima fase é a laboratorial, que analisa a bioquímica sanguínea, o consumo de água, a digestibilidade dos nutrientes, o pH, nitrogênio amoniacal e ácidos graxos voláteis no suco fecal “, explica Gumercindo.
O professor explica ainda, que os cavalos são monitorados durante 24 horas por dia, durante 6 dias. “Nesse período também é realizada a curva glicêmica e um teste de esforço físico, para ver o comportamento da glicose e do lactato em função da alimentação”, pontua.
Também é realizada a frequência cardíaca e respiratória, a coleta de sangue para a bioquímica sanguínea, antes do exercício moderado e imediatamente após, e também após 15 minutos de descanso, para analisar a recuperação do animal. Os resultados devem ficar prontos em 30 dias.