Museu de Anatomia foto: CCS/UFMS

Peças anatômicas compõem futuro Museu de Anatomia

Anos de conhecimento,experiência e dedicação proporcionaram à Universidade um interessante acervo de peças anatômicas que em breve irão compor o Museu de Anatomia na UFMS. A proposta da seleção do acervo é perenizar peças de maior curiosidade, entre elas órgãos, ossos, vascularizações e outros, trabalhados com técnicas diversas pelo técnico-administrativo Valfrido Rodrigues Santos, agora aposentado, mas que dedicou 30 anos ao Laboratório de Anatomia da Instituição. O Museu, que já tem espaço próprio, aguarda apenas o reconhecimento formal para ser definitivamente implantado. O local já é frequentemente visitado por alunos do ensino fundamental, médio e superior e vem sendo objeto de pesquisas já concluídas e em andamento.
Segundo a professora Jussara Peixoto Ennes, responsável pelo setor de Anatomia Humana e pelo projeto de implantação do Museu, como há uma manipulação muito intensa do acervo pelos acadêmicos dos cursos da área de saúde, se não houvesse essa separação das melhores peças o material poderia ser deteriorado com o tempo. Há um potencial imenso entre peças preparadas por diferentes técnicas e curiosidades anatômicas e patológicas diversas.
O primeiro projeto de extensão que propôs a implantação do Museu é de 2008, e foi renovado durante alguns anos, pelo grande interesse dos acadêmicos em participar. Em 2011, pelo ProExt (Ministério da Educação), foi criado o Programa “Museu de Anatomia na UFMS: preservando o patrimônio científico-cultural do Mato Grosso do Sul”, que abrigou uma série de projetos e recebeu recursos financeiros expressivos.
O Programa abraçou ações como a criação de um site específico para o Museu; catalogação das peças do acervo; aquisição de material para implantação da plastinação (técnica de perenização do material anatômico pela substituição dos fluidos corporais por materiais sintéticos); a criação de um espaço exclusivo para o acervo; oferecimento de cursos técnicos básicos de preparação de material e cursos científicos para atualização de professores da educação básica da rede pública e técnicos de Ciências e Biologia e outros cursos para outros profissionais, entre outros.
O acervo é composto de 53 peças anatômicas, todas trabalhadas por Valfrido Santos, que deixou o Laboratório de Anatomia há quatro anos para se aposentar. Ele trabalhou diversas peças a partir de técnicas que utilizam formol, glicerina (técnica de Giacomini), injeção e corrosão, como no caso das vascularizações e de insuflação de peças ocas, como o estômago e intestinos. “Nesses 30 anos aprendi muito e sempre fiz as peças com muita dedicação, porque gosto muito desse ofício, mas nunca tive muito tempo para trabalhar em peças específicas porque sempre houve grande demanda de afazeres, em especial a dissecação de peças para o Laboratório de Anatomia para as aulas”, expõe Valfrido.
Para o artista anatômico, que hoje ocupa o tempo com a preparação artesanal de cabeças bovinas a partir da taxidermia, “o essencial é a importância que esse Museu tem para a anatomia, para o ensino”. Ele afirma que há a possibilidade de se aumentar muito mais o acervo, com a participação dos novos técnicos Lindomar Mello Castilho e Liliane Campos e do técnico de anatomia veterinária Jean Carlos de Oliveira. Mas, um dos entraves para o aumento do número de peças é a dificuldade para se conseguir cadáver. Segundo a professora Jussara, há dez anos a Universidade sofre com uma crise de aporte de corpos não reclamados. Por isso, a professora propôs um outro projeto, que encontra-se em análise pela Universidade, a implementação do “Programa de Doação de Corpos da UFMS com a finalidade de criar equipe e as condições de viabilidade Institucional para o recebimento de corpos doados para melhorar a qualidade do ensino e da pesquisa em Anatomia Humana”. “Isso deverá refletir na melhoria da qualificação dos profissionais da saúde formados pela UFMS e por outras universidades que estejam aptas para receber cadáveres para essa finalidade”, completa a professora Jussara, que já recebeu pessoas dispostas a doarem seus corpos quando do falecimento, o que ainda não pode ocorrer. Visitas ao acervo podem ser feitas de segunda a sexta-feira, das 7h às 11h e das 13h às 17h no Laboratório de Anatomia, na unidade próxima ao Lago do Amor. Grupos maiores precisam fazer agendamento e são guiados por professores de anatomia da UFMS.

Valfrido Santos trabalhou as peças quando ainda era servidor – foto: cedida pela professora
museu anatomia (4)
foto: CCS/UFMS
museu anatomia (5)
foto: CCS/UFMS
Peças preparadas com diferentes técnicas foram separadas para não se deteriorarem com o tempo. Elas chamam a atenção pela curiosidade anatômica e patologias diversas
Peças preparadas com diferentes técnicas foram separadas para não se deteriorarem com o tempo. Elas chamam a atenção pela curiosidade anatômica e patologias diversas – foto: CCS/UFMS