UFMS integrará Sistema Nacional de Laboratórios de Fotônica

O Grupo de Óptica e Fotônica do Instituto de Física (GOF/Infi) aprovou o projeto intitulado Tecnologias ópticas e fotônicas associadas à inteligência artificial para soluções ambientais, energéticas e agronegócio na Chamada Pública do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). Com isso, o GOF será um dos laboratórios que passam a integrar o Sistema Nacional de Laboratórios de Fotônica (Sisfóton).

O Sistema foi instituído por meio da Portaria GABMI Nº 4.530, de 5 de março de 2021, cujo foco está na promoção da inovação na indústria brasileira e no desenvolvimento científico, tecnológico, econômico e social. “A aprovação da proposta, sob coordenação do professor Anderson Caires, fará com que a UFMS seja parte integrante do Sisfóton-MCTI”, explica o professor do Infi Cícero Rafael Cena.

Por meio do Sisfóton, o MCTI objetiva criar um ambiente nacional integrado que possibilite o acesso da comunidade científica as tecnologias fotônicas, formação de recursos humanos e o desenvolvimento de parcerias estratégicas entre as universidades e centros de pesquisa com o setor privado, promovendo um ambiente que induza a criação de start-ups e a cooperação internacional.

A proposta envolve o desenvolvimento de tecnologias a partir do desenvolvimento e aplicação de materiais avançados para fotônica, instrumentação óptica, espectroscopia e metrologia em setores como saúde, energia, agricultura e meio ambiente. Atuando em consonância com as seguintes linhas de pesquisa do grupo: Biofotônica; Óptica analítica e aprendizagem de máquina, e Mitigação de poluentes e conversão de energia.

“Tendo em vista o know-how instalado no GOF e as potenciais demandas regionais em tecnologias fotônicas, um dos principais objetivos do projeto aprovado é contribuir para que seja alavancada a industrialização e o desenvolvimento de processos inovadores nas áreas de agricultura e pecuária de precisão por meio do uso das técnicas de biofotônica associada a inteligência artificial. Também serão buscadas novas tecnologias fotônicas que sejam compatíveis com um desenvolvimento ambientalmente sustentável”, destaca o professor Cícero.

De acordo com o professor, a partir do credenciamento na rede do Sisfóton, o GOF passará a dedicar cerca de 30% de seu tempo de funcionamento ao atendimento a demanda externas, disponibilizando as técnicas espectroscópicas e fotônicas disponíveis em suas dependências, além de análises de dados com o objetivo de desenvolver e ofertar prestação de serviço; colaboração técnica; colaboração científica; e desenvolvimento e inovação em diferentes aplicações em pesquisa, desenvolvimento e inovação para o setor industrial, de serviços e do agronegócio.

Como um dos dez laboratórios nacionais cadastrado no Sisfóton, o Grupo passa a atuar de forma integrada com os demais laboratórios da rede. “Os parceiros vinculados ao projeto possibilitam a inserção de atividades do laboratório não apenas na região de Campo Grande, ampliando assim a atuação do laboratório no âmbito regional e nacional. As parcerias estabelecidas para esta chamada decorrem de colaborações científicas de longa data entre os pesquisadores dos laboratórios e pesquisadores das demais instituições envolvidas”, explica. Dentre os laboratórios contemplados, apenas a UFMS e UFG figuram com laboratórios credenciados na região Centro-Oeste. “Destaca-se que metade dos laboratórios selecionados estão localizados no estado de São Paulo e outros três em Pernambuco, Santa Catarina e Espirito Santo”, complementa.

Além dos professores Anderson e Cícero também colaboraram na proposta os professores do Infi Samuel de Oliveira, Bruno Marangoni,  Heberton Wender e Cauê A. Martins; Evaristo Alexandre Falcão, da Universidade Federal da Grande Dourados, Etenaldo Felipe Santiago, da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Fernando Rodrigues da Conceição do Instituto Federal do Mato Grosso do Sul, Ricardo Rodrigues de França Bento e Jorge Faria da Universidade Federal do Mato Grosso e Renato Grillo da Universidade Estadual Paulista.

“Pode-se dizer que um dos principais objetivos da inserção do GOF na rede Sisfóton é possibilitar a oferta de prestação de serviços e parcerias estratégicas, entre a universidade e o setor produtivo, de forma a induzir o desenvolvimento de inovação e tecnologia para a obtenção produtos e processos inovadores para a solução de problemas atuais de interesse da sociedade. Por exemplo, as tecnologias fotônicas associada a inteligência artificial poderão ser de grande utilidade no desenvolvimento de técnicas de análises inovadoras em diferentes áreas da agricultura de precisão, o que poderá impactar positivamente a produtividade e manejo ambiental de diversas culturas”, destaca.

Na chamada, o fomento tem duração inicial de três anos, mas as atividades a serem desenvolvidas pela equipe ocorrem em fluxo contínuo por prazo indeterminado. “Uma vez que são atividades dentro das linhas de pesquisa do grupo, envolvem não apenas o desenvolvimento de conhecimento científico, como também o atendimento de demandas da comunidade acadêmica, empresas, associações de classes industriais e comerciais, e demais setores de interesse. Espera-se que as atividades dentro da rede Sisfóton seja fomentado continuamente, uma vez que é uma atividade estratégica para o país conforme definido pelo MCTI”, explica Cícero.

O Grupo de Óptica e Fotônica foi criado em 2010 e é formado por professores, técnicos, estudantes de iniciação científica, de programas de pós-graduação da UFMS. O grupo também faz parte do INCT de Óptica Básica e Aplicada às Ciências da Vida, liderado pela Universidade de São Paulo, e está articulado com outros centros de pesquisas do Brasil e internacionais. Para saber mais sobre o grupo clique aqui.

Saiba mais

O Sisfóton-MCTI é uma das principais ações estratégicas e estruturantes da Iniciativa Brasileira de Fotônica (IBFóton), instituída por meio da Portaria GABMI Nº 4.532, de 5 de março de 2021. Tem entre os objetivos promover o avanço científico, tecnológico, inovador e empreendedor da área de fotônica no País, alinhado com os desafios nacionais para a Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I); estimular parcerias entre as Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovação (ICTs) e o setor privado, visando o desenvolvimento tecnológico, a inovação, o empreendedorismo, o adensamento das cadeias produtivas e o aumento da competitividade nacional na área de fotônica; contribuir para a universalização do acesso à infraestrutura avançada na área de Fotônica, em especial para as comunidades científica, tecnológica e empreendedora e para o setor privado do País.

Na seleção das propostas, foi dada prioridade na concessão a laboratórios atuantes nos seguintes setores e tecnologias: I – Comunicações e Tecnologia da Informação e Comunicação, Saúde, Energia, Agricultura, Meio Ambiente, Indústria, Defesa, Mobilidade e Educação; e Tecnologias: II – Fibras Ópticas, Dispositivos Fotônicos, Integração Híbrida, Óptica Integrada, Dispositivos Optoeletrônicos, Sistemas e Redes de Comunicações Ópticas, Lasers, Materiais Avançados para Fotônica, Nanofotônica, Plasmônica, Ópticas Clássica, Quântica e Não Linear, Instrumentação Óptica, Espectroscopia, Metrologia, Sensores, Displays e Iluminação. Os recursos previstos inicialmente para a Chamada são de R$ 5 milhões, a serem aplicados no período de 2021 e 2023.

Fotônica

Fotônica é o campo da ciência dedicada a estudar a luz, sua dualidade onda-partícula (fóton), sua geração, detecção, manipulação, emissão, transmissão, modulagem, processamento de sinal, amplificação e sensoriamento. A Fotônica é uma tecnologia estratégica para o aumento da competitividade da vários setores industriais. No setor de telecomunicações, as redes ópticas viabilizam as comunicações em altas taxas de transmissão. Na área médica, a fotônica é utilizada para diagnósticos e fins cirúrgicos em oftalmologia, dermatologia, cirurgia plástica e odontologia; além de permitir o desenvolvimento de equipamentos cirúrgicos de alta precisão e mínima invasão; kits de diagnóstico in vivo e in vitro precisos, sensíveis, rápidos, portáteis e amigáveis. Nas indústrias de transformação, lasers estão sendo utilizados para a realização de cortes, furos, soldas e gravações em diferentes materiais como metais, madeiras, couros e plásticos. Nos produtos para o consumidor, a fotônica está presente em aparelhos como monitores de computadores, televisores de LED e OLEDs. No setor de iluminação, os dispositivos emissores de luz a base de LEDs substituíram lâmpadas de filamento e tubos fluorescentes com ganhos de eficiência energética e durabilidade. No setor de fotovoltaicos, células fotovoltaicas e painéis solares são utilizados em geradores de energia elétrica de grande porte, casas e edifícios, e pequenos painéis para aparelhos eletrônicos como calculadoras de mão. Por se tratar de uma tecnologia transversal, a Fotônica é uma área estratégica para o desenvolvimento econômico e social e para o domínio competitivo de áreas consideradas essenciais para o mundo moderno, em especial a manufatura, comunicação, saúde e defesa.

Texto: Vanessa Amin, com informações do MCTI

Imagens: MCTI