Congresso Brasileiro e Ibero-americano de Arborização Urbana será realizado de 29 de agosto a 5 de setembro

Campo Grande acaba de ser reconhecida internacionalmente como uma Tree City por ser uma referência mundial em cidade arborizada.

Concedida pela Fundação Arbour Day Foundation, ligada a Organização das Nações Unidas, o título foi outorgado a um grupo de aproximadamente 40 cidades no mundo, entre elas Turim, Barcelona, Paris. No Brasil são três: Campo Grande, São Carlos e São José dos Campos.

“Recebemos um certificado de Tree City e isso é um incentivo muito grande para continuarmos com as ações em relação a qualidade da cobertura arbórea na cidade. Estamos num momento especial na UFMS e também na cidade para o  24º Congresso Brasileiro e 3º Congresso Ibero-americano de Arborização Urbana, que serão realizados entre dias 29 de agosto e 5 de setembro, este ano com o tema “A Cidade na Mata – Contribuição da Natureza às Pessoas”, explica a professora Eliane Guaraldo, coordenadora do evento.

A Universidade venceu o pleito realizado em João Pessoa, durante a realização do evento no ano passado, para sediar a próxima edição que está sendo organizada pelo Programa de Pós-graduação em Recursos Naturais (PGRN/UFMS).

“Campo Grande é assim porque também existe uma área como a UFMS que é protegida, conservada, que as pessoas têm um olhar com respeito. Temos coberturas vegetais respeitadas, como a Reserva Particular do Patrimônio Natural, unidade de conservação e muitas pesquisas no nosso cerradinho”, afirma Eliane.

Congresso

O Congresso é promovido anualmente pela Sociedade Brasileira de Arborização Urbana (Sbau), instituída na década de 80, filiada à International Society of Arboriculture (ISA).

“O Congresso Ibero-americano espera receber cerca de 800 pessoas pela inovação que o tema representa, por Campo Grande ter sido uma das cidades recentemente reconhecida como Tree City e também pelo fato de a UFMS, que foi eleita uma das melhores do país, ter sediado em 2019 a reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Isto significa que a Universidade está apostando na inovação, na tecnologia, e também que tem suporte, infraestrutura para abrigar um evento desse porte”, afirma a professora Eliane Guaraldo, coordenadora do evento, diretora da regional Centro-Oeste da Sbau.

Internacional, o congresso Ibero-americano envolve a troca de experiências, tecnologias e inovações entre mais de um país. “Há vários países na América do Sul que têm técnicas avançadas em arboricultura, maneiras inovadoras de enxergar e muito mais que isso, a arboricultura ligada à forma como as pessoas vivem na cidade”, diz a professora.

Os temas dos congressos da Sbau envolvem a árvore na cidade convivendo com o ambiente urbano, no conflito com as redes elétricas e com as redes subterrâneas, pavimentos, além da relação com automóveis e pessoas.

“Em geral, as pessoas reconhecem, plantam, se sentem pertencendo a um lugar por causa das árvores. Se afeiçoam, é sempre essa correlação, por isso chamamos de contribuição da natureza para as pessoas – “Nature Contribution to People”.

Entremeada de remanescentes, de fragmentos de mata, Campo Grande bem representa o evento deste ano que trará a discussão sobre a convivência dos cidadãos com a mata, com palestras que abordam biodiversidade dentro da cidade.

Atividades

O Congresso irá oferecer palestras, workshops, minicursos, campeonatos como o Latino-americano de Escalada, dois exames de certificação – um para Tree Work (trabalho na árvore) e outra para a carreira de arborista -, e visitas técnicas a áreas arborizadas.

A logo do Congresso é um Tarumã e traz as conexões da mata com a cidade, significando as cidades (em amarelo) entremeadas de áreas verdes.

Entre os palestrantes, já estão confirmados o presidente técnico-científico da Sbau, Ricardo Martins, Flávio Barcelos, Arnildo Pott, Neiva Guedes (Instituto Arara Azul), Simone Mamede (Instituto Mamede), Camila Aoki, Flávio Macedo Alves e Graziela Porfírio. Estarão presentes árbitros e profissionais latino-americano para conduzir os exames e o campeonatos.

Pesquisa

Entre os trabalhos já desenvolvidos na área, está em andamento a pesquisa “Árvores notáveis da UFMS”, que pretende valorizar as espécies por meio do reconhecimento e identificar a floresta urbana da Cidade Universitária.

A ideia surgiu de uma necessidade, porque em muitas disciplinas com conteúdos relacionados ao meio ambiente, à proteção das árvores, os acadêmicos tinham dificuldade em reconhecer o que estava sendo protegido. E quando a comunidade, seja ela interna ou externa, passa a conhecer as árvores, que são patrimônio natural do campus, o indivíduo arbóreo ganha outra medida de importância e preocupação, segundo os pesquisadores.

“As árvores podem ser notáveis pela raridade no local, porque é bem percebida e bem valorizada pela população, por ser bonita, porque tem uma raiz interessante, ter alguma uma singularidade, um valor cultural, como o Pau-Brasil que tem importância histórica imensa, entre outras questões”, explica a professora Eliane.

Também foi realizado o projeto de extensão “Ver de perto”, com caminhada pelas áreas verdes, e que será repetido durante o Congresso como visita técnica.

“Iremos fazer uma visita guiada aqui na Universidade com os congressistas, que irá trazer informações sobre as nossas árvores, as áreas protegidas e apresentará algumas áreas da UFMS como o canteiro central, que foi reformulado e o Museu de Ciências, que serão arborizados com espécies nativas. Vamos ter ainda uma experiência com biovaletas na praça do monumento símbolo. É um passeio pela UFMS para mostrar as pessoas o que tem sido feito em prol das áreas verdes dessa cidade”, expõe Eliane.

É preciso elevar o conhecimento da sociedade como um todo, para que as pessoas entendam o que é qualidade de vegetação urbana, segundo a professora.

“Muitos pensam que um arbusto é uma árvore e arborizam suas calçadas com essas espécies. Não está correto, porque ele presta um serviço ambiental menor do que uma árvore, vive menos, tem menos conexões com a avifauna”, completa.

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Texto: Paula Pimenta