Projeto incentiva formação de lideranças femininas

Apenas 38% dos cargos em alto escalão de empresas brasileiras são ocupados por mulheres. É o que revela levantamento realizado pela Grant Thornton – uma das maiores empresas globais de auditoria, consultoria e tributos. De acordo com o ranking global elaborado pelo International Business Report da Grant Thornton, o Brasil passou a ocupar o quarto lugar, atrás da África do Sul (42%), Turquia e Malásia (40%) e Filipinas (39%), mas se mantém a frente da média da América Latina (35%) e da global (32%). Após o salto de 5% em conquista de cargos no alto escalão em 2021, as mulheres perderam 1% dos postos executivos nas empresas brasileiras de médio porte, caindo para 38% em 2022. No entanto, o índice ficou 13 pontos percentuais acima dos 25% registrados em 2019. Ou seja, é possível dizer que as questões de diversidade e inclusão vem sendo tratadas de melhor forma ao longo dos últimos anos no país, porém ainda estão longe do cenário ideal.

Professora Jaqueline e equipe que integra o projeto de extensão

Para incentivar o surgimento de lideranças femininas, projeto de extensão coordenado pela professora do curso de História da Faculdade de Ciências Humanas (Fach) Jaqueline Aparecida Martins Zarbato promove reuniões de mentoria semanais. “O projeto de extensão  faz parte do grupo de pesquisa sobre Ensino de história, mulheres e patrimônio e vem sendo desenvolvido na UFMS e em escolas desde 2019. Esse ano estamos trabalhando na mentoria de estudantes. Atuo como pesquisadora na área de estudos de mulheres e, percebi que as ações em torno das lideranças femininas e feministas ainda são esparsas, no âmbito da formação de lideranças por isso resolvi criar a ação estratégica do projeto de pesquisa para a extensão”, explicou.

Além da professora, participam do projeto dez estudantes de graduação e três do mestrado em Educação, oferecido no Câmpus de Três Lagoas. “Também estamos nos organizando com a equipe técnica do Labcrie localizado na Agência de Educação Digital e a Distância para desenvolver materiais didáticos também”, falou a professora.

Segundo Jaqueline, a mentoria ocorre nas quartas-feiras, às 15 h. “Abordamos os tipos de liderança feminina na história, exemplos de ações de lideranças: política, cultural, educacional  e quais os meios, mecanismos e ações que podem ser incorporadas nas práticas de futuras lideranças. Uma das ações envolve as visitas a espaços públicos e privados”, detalha a coordenadora do projeto, que é direcionado a estudantes da UFMS e de escolas públicas da rede municipal e estadual.

“Pretendemos levar as mentorias para as escolas municipais e estaduais, atingindo um público estimado em 2,4 mil estudantes. Atualmente, estamos na organização das ações a serem realizadas nas escolas. Teremos algumas escolas piloto na capital para depois expandir para o interior”, relata a professora. Para ela, a finalidade do projeto é contribuir com o  empoderamento de meninas e mulheres, de todas as etnias que possam se inspirar e tenham sonhos de liderar equipes, de ser lideranças femininas e feministas em suas comunidades. E também na UFMS, que tenham a formação para despontar como líderes.

Para a estudante do sétimo semestre do curso de História Jéssica Vitória Gaspar Freitas participar do projeto é muito importante. “Também faço parte do programa de Residência Pedagógica e foi a partir das nossas primeiras atividades que me ofereci para fazer parte do projeto lideranças femininas. Nosso objetivo é estudar, mentoriar, desenvolver projetos e materiais que possam impulsionar o surgimento de lideranças femininas. Além de estar relacionado com os Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de número quatro – educação inclusiva – e número cinco – igualdade de gênero”, contou Jéssica.

Grupo de pesquisadores e professora, durante entrevista a escola da rede pública

“Eu tenho uma certa familiaridade não somente com os ODS’s, mas também com os estudos da questão de gênero. Isso porque toda a minha pesquisa de TCC é voltada para o assunto. Acredito que o projeto me traz a oportunidade de ampliar minhas perspectivas acadêmicas e sobretudo me trazer de volta a esperança de ser uma liderança feminina, especialmente por ser uma mulher negra, e isso pode espelhar o sentimento de empatia e cooperação entre as meninas que não se veem em espaços de poder”, falou.

Nelson Barros da Silva Júnior é graduado em História pela UFMS e está cursando o mestrado em Educação no Câmpus de Três Lagoas. “Sou pesquisador do grupo sobre ensino de história, mulheres e patrimônio. As discussões sobre lideranças femininas, de certa forma, sempre esteve presente em nosso grupo, seja em simples debates até grandes eventos científicos. O projeto é fruto de anos de esforços da professora Jaqueline e também dos integrantes do grupo. O objetivo geral é promover o protagonismo feminino, principalmente, nos espaços institucionais”, disse.

“Neste primeiro semestre estamos encaminhando o projeto, faremos a formação dos estudantes, promoveremos encontros, leituras, dando embasamento teórico-metodológico para que no segundo semestre consigamos expandir o projeto para além dos muros, discutindo-o escolas da rede municipal e estadual, no sentido de clarear para as pessoas, para as meninas, que é possível elas ocuparem os espaços institucionais ocupados, hoje, em uma grande parcela, por homens. Estou animado e feliz em participar desse projeto, como mestrando e acredito que só vai trazer frutos bons tanto para a universidade como para a comunidade”, contou.

Saiba mais

Informações sobre como participar podem ser obtidas por e-mail.

 

Texto: Vanessa Amin, com informações da Grant Thornton, e fotos do acervo do projeto.