Pesquisas irão analisar a superestrutura viária do Estado e de Campo Grande

O Laboratório de Transportes (Latran) inicia em breve a análise da superestrutura viária do Estado e de Campo Grande por meio de duas pesquisas, a serem realizadas, respectivamente, com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e a segunda com o Exército Brasileiro. Ambas aguardam assinatura de acordo de cooperação para serem iniciadas.

Os resultados dos projetos de pesquisa serão utilizados pela Petrobras, por meio da Rede Temática de Asfalto, responsável por recalibrar o novo método de dimensionamento de pavimentos. Desde 1996 está em vigor o atual método que passará por uma mudança considerável.

Professor Daniel, com amostra das camadas do pavimento utilizado no Brasil

“Nós iremos participar enviando resultados a partir de experimentos com materiais próprios de nossa região, como ligantes asfálticos, agregados, solos, entre outros presentes no Estado. O país inteiro estará fornecendo os dados para a Petrobras para que a partir de um sistema de calibração venha a surgir um novo método de dimensionamento tipicamente nacional”, explica o professor Daniel Anijar de Matos, coordenador das pesquisas e do Latran, laboratório que trabalha com duas linhas de pesquisa: o planejamento de transportes – tráfego e a infraestrutura viária – pavimentação.

Com a nova calibração, o pavimento no Brasil, que é constituído de diversas camadas – revestimento asfáltico, base, sub-base, e subleito, que é o terreno natural – com espessuras diferenciadas dimensionadas por certos fatores, sendo uma adaptação do modelo americano, passará a ter outros parâmetros e ensaios.

“A partir das pesquisas, queremos elaborar trechos experimentais que são segmentos que variam de 100 a 500 metros, realizando novos pavimentos em determinados locais para verificarmos como estes irão se comportar. Para isso, vamos utilizar novas tecnologias, como asfalto-borracha, por exemplo”, diz o professor.

Após a aplicação dos experimentos nas rodovias federais, estaduais e na via urbana de Campo Grande, os pesquisadores irão retirar amostras para fazer ensaios e acompanhar o desenvolvimento do pavimento ao longo do tempo. No primeiro ano, o asfalto será monitorado mensalmente e depois anualmente até completar cinco anos. “Essa análise nunca foi realizada no Estado”, completa Daniel.

Irão participar da pesquisa a equipe do Latran, acadêmicos dos cursos de Engenharia Civil e Engenharia Ambiental, equipes do Exército e do DNIT.

Melhorias

Com uma adaptação do modelo americano de pavimentação aeroviária, no Brasil o asfalto é uma problemática real, com muitas vias em situação precária e/ou deficiente.

“Por ser uma adaptação, a pavimentação aqui está superdimensionada ou subdimensionada. Outra diferença, é que o modelo americano é de pavimento rígido, concreto – mais caro e durável. Aqui trabalhamos com o pavimento flexível – de betume , derivado do petróleo – que  é mais barato,  mas precisa  de mais manutenção. Como não é feita no tempo adequado, não há o planejamento, o asfalto se torna velho, oxida, a vida útil cai e vira um caos”.

O pavimento flexível deveria durar em torno de cinco anos sem manutenção, mas durante esse período é preciso que seja realizado frequentemente o acompanhamento de algumas patologias, como trincas e fissuras que se não controladas de início dão vida aos buracos.

“Também iremos aplicar trechos experimentais aqui na Universidade, porque poderemos acompanhar de perto. Com a nova calibração, a expectativa é de que a vida útil do pavimento melhore”, expõe.

Os experimentos nas rodovias federais serão feitos de acordo com a demanda do DNIT. Nos contratos de obras em rodovias federais, as empreiteiras serão obrigadas a realizar um trecho experimental com novas tecnologias para acompanhamento.

Atualmente Mato Grosso do Sul tem uma frota aproximada de 1,5 milhão de veículos. As vias pavimentadas somam 7.982 km, sendo 3.779 km em rodovias federais e 3.475 km em rodovias estaduais.

O aspecto das vias no Estado, de modo geral, é de ótimo em 8,2% dos casos, bom em 38,3%, 40,7% regular, 12% ruim e 0,8% péssimo. Os valores consideram a pavimentação, a sinalização e a geometria da via (largura, concordância da curva bem dimensionada, etc).

“A maior parte está entre bom e regular. O problema é que esse bom, em pouco tempo, pode passar a regular se não houver a manutenção adequada”, enfatiza o professor.

O modo rodoviário é o mais importante no Brasil, sendo responsável por 61,1% da movimentação de cargas e 95% da de passageiros.