Rã-buraqueira. Fotos: Diego Santana

Pesquisadores registram mais de 17 mil ocorrências de espécies de anfíbios no Pantanal e entorno

No momento em que o Pantanal precisa de mais conservação e estudos, acaba de ser publicado na Nature Conservation um data paper do “Conjunto de dados de ocorrências e características ecológicas dos anfíbios na Bacia do Alto Paraguai, no centro da América do Sul”.

O trabalho é assinado pelo doutorando Matheus Oliveira Neves, do programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação, com orientação do professor Diego José Santana (Inbio), e tem a participação de outros pesquisadores da UFMS e outras instituições.

A pesquisa abraça a Bacia do Alto Paraguai, onde nasce o Rio Paraguai, e engloba o Pantanal (ao centro) e os planaltos de entorno, como a Chapada dos Guimarães e Serra da Bodoquena.

Perereca do Cerrado

“Cada vez mais vem sendo estimulado divulgarmos os dados de coleta e uma das maneiras é publicar data papers, como esse que traz o registro de mais de 17 mil registros de ocorrências das espécies do Pantanal e dos Planaltos de entorno, assim como 30 características ecológicas para cada uma das 113 espécies que ocorrem na região”, explica Matheus.

De acordo com o pesquisador, os dados de distribuição muitas vezes estão espalhados pela Literatura e existem muitas áreas em que faltam amostragem, o que os prejudicam saber qual a real distribuição das espécies, como também causam ruídos em análises biogeográficas.

“Para compilar os dados eu visitei várias coleções científicas, tanto nacionais como regionais aqui no Brasil, como também na Bolívia e no Paraguai, porque a bacia engloba esses três países e também utilizamos dados de Literatura. Esses dados no artigo estão distribuídos em duas tabelas de dados: a primeira traz informações sobre ocorrência das espécies, retirados das coleções científicas, e a segunda traz os dados de características ecológicas”, diz o doutorando.

O primeiro conjunto de dados inclui os registros de ocorrência de espécies e informa a id do espécime, coleção de habitação, localidade, coordenadas geográficas, precisão geográfica, data de coleta e nome do coletor.

Já o segundo conjunto cobre atributos de nível de espécie em morfometria (as medidas), dieta, atividade, habitat e estratégia de reprodução.

De acordo com os pesquisadores, esses conjuntos de dados melhoram a acessibilidade a dados espaciais e de características para espécies de anfíbios no Ecorregião do Pantanal, uma das maiores áreas úmidas do Planeta.

Matheus explica que o estudo aponta que há duas espécies ameaçadas nessa região, sendo que a maioria das espécies são de pequeno porte, frequentam áreas abertas, são aquáticas, são espécies que se reproduzem na estação chuvosa, noturnas, de desenvolvimento indireto, de águas lênticas (açudes, lagoas, áreas alagadas do Pantanal) e com a deposição dos ovos diretamente na água.

“Esses dados podem ser utilizados tanto para trabalhos básicos de levantamento, ou se alguém estiver trabalhando em alguma região ou com uma espécie específica dentro da bacia do Alto Paraguai, como também serve para chamar mais trabalhos biogeográficos para a região do Pantanal e seus planaltos de entorno, principalmente agora que o Pantanal está precisando de mais pesquisa e mais incentivo à conservação”, expõe Matheus.

Nova espécie

Uma nova espécie de sapinho da Amazônia foi recém-descrita pela pós-doc do Programa de Pós-graduação em Biologia Animal, Sarah Mângia, pelo ex-doutorando do PPGEC, Ricardo Koroiva e pelo professor Diego José Santana (Inbio).

Sapinho-anão-do-Garda

Na Revista Científica PeerJ, os pesquisadores descrevem “Uma nova espécie de sapo minúsculo Amazophrynella (Anura: Bufonidae) do leste do Escudo das Guianas na Amazônia, Brasil”.

“Nós homenageamos o professor da UFRN Adrian Garda, que foi meu orientador de Doutorado e da Sarah. É uma espécie bem interessante, pois é bem pequenina e na curiosidade descobrimos que ela era nova mesmo. Aliás, desse grupo sabíamos que existiam outras espécies para serem descritas, inclusive de outras regiões na Amazônia, mas essa é uma linhagem completamente nova que nos deparamos”, expõe o professor Diego.

Texto: Paula Pimenta