Imagem de índios realizando uma dança indígena.

Pesquisadores avaliam qualidade do leite produzido em aldeias

Projeto foi noticiado também na revista Sinapse

Durante um ano, pesquisadores da UFMS e UEMS avaliaram a qualidade físico-química e a carga microbiana do leite produzido pelos indígenas da etnia Terena, das Aldeias Buriti, Córrego Seco, Limão Verde e Santa Catarina, no município de Aquidauana (MS), por meio do projeto de extensão: “Qualidade do leite em terras indígenas de Aquidauana (MS)”.

O projeto foi encerrado em abril, data que coincidiu com o “Dia do Índio”, quando os pesquisadores foram até a Aldeia Limão Verde e participaram das atividades festivas. O trabalho se encerrou com uma
palestra, com a entrega dos laudos e das camisetas cedidas pela Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis (PREAE) aos indígenas participantes do projeto.

Fim da pesquisa coincidiu com Dia do Índio

De acordo com a coordenadora, professora Dirce Ferreira Luz, do Câmpus de Aquidauana, a ideia surgiu devido ao contato com os povos indígenas, pelo interesse em conhecer a sua cultura. “E o anseio por, de alguma maneira, melhorar a qualidade de vida desses povos”, explicou Dirce.

Com a participação do professor Marcus Vinícius Moraes de Oliveira, da UEMS, da acadêmica Tamara Ferreira, bolsista de extensão e do acadêmico Robson Rogério Gonçalves, bolsista do PIBIC, ambos da UFMS, o projeto teve como área de estudo, a Aldeia Limão Verde e outras comunidades Terena, que ficam a 20 quilômetros de distância de Aquidauana e a 51 quilômetros do distrito de Cipolândia. A ligação entre as comunidades ocorre por uma via de estrada rural não pavimentada onde são ligados os distritos e Aldeias MS-345.

“A região do município de Aquidauana, que foi alvo desta proposta de ação, concentra uma das maiores populações de índios Terena do Estado, um povo que, através dos séculos, luta para manter viva sua cultura”, revela a professora. “Assim, houve a transferência participativa dos conhecimentos empíricos dos produtores indígenas com os fundamentos científicos dos professores pesquisadores, num processo de capacitação com mútua preservação dos conhecimentos atávicos dos povos indígenas, porém com melhoria da qualidade do leite produzido”, avalia.

Festividades aconteceram na Aldeia Limão Verde

A professora relatou que as amostras de leite cru foram coletadas mensalmente no período de 12 meses, das áreas e chácaras de aldeias indígenas do Buriti, Córrego Seco, Limão Verde e Catarina. “Foram coletadas 150 amostras de leite, recolhidas em frascos estéreis identificados, refrigerados a 4°C e transportados ao Laboratório de microbiologia do leite (MICROLAB), que fica no Câmpus II de Aquidauana, para a realização das análises físico-químicas e microbiológicas”, explicou. Dirce contou também que a pesquisa trouxe conhecimentos empíricos dos produtores indígenas para os acadêmicos e fundamentos científicos dos professores pesquisadores. “Além da habilidade em se trabalhar em laboratório”, salientou.

De acordo com os resultados, as amostras de leite obtidas nas aldeias de etnia Terena da região do Alto Pantanal Sul-Mato-Grossense apresentaram qualidade nutricional dentro dos padrões exigidos pelo ministério da agricultura, pecuária e abastecimento estabelecidos na instrução normativa nº62/2011 (MAPA), mas, de acordo com os resultados da qualidade microbiológica do leite, os produtores deverão melhorar a ordenha bovina de leite in-natura, e esse leite, deverá ser consumido pela população indígena somente após ser pasteurizado.

O próximo passo dos pesquisadores é divulgar os resultados por meio de Dissertação, de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e de encaminhamento de artigo científico, além de publicações e edição de mais projetos relacionados com os povos indígenas.

DSCN1143
Projeto promoveu transferência mútua de conhecimentos entre indígenas, pesquisadores e acadêmicos
Fotos: cedidas pela coordenadora da pesquisa