Perspectivas do desenvolvimento sustentável e extrativismo são discutidas em live

Qual a importância dos produtos do extrativismo na economia do Estado? Para responder essa pergunta, foi realizada, na tarde desta quarta-feira, 28, a live Agroextrativismo: perspectiva do desenvolvimento territorial sustentável em MS. O evento integrou as atividades do projeto de extensão Agroextrativismo Sustentável: compartilhando saberes e práticas culturais locais coordenado pela professora Raquel Pires Campos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Alimentos e Nutrição (Facfan). Além da importância de produtos do agroextrativismo na economia do Estado, a live provocou reflexões sobre a valorização do território nacional . O evento contou com a participação de 48 pessoas.

“Temos que valorizar projetos que permitam à Universidade auxiliar o país, em especial na geração de riquezas, renda, qualidade de vida e, o mais importante, a produção de alimentos saudáveis, como este”, disse o reitor Marcelo Turine durante a abertura. O reitor agradeceu aos pesquisadores que integram a ação de extensão e também aos que foram convidados. Participaram da abertura, além da professora Raquel, os professores da Faculdade de Educação Alejandro Lasso e do Instituto de Biociências Ieda Bortolotto, Rosane Bastos da União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Solidária (Unicafes) e Tércio Jacques Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer). Também foram convidados o deputado federal Vander Loubet, o diretor-presidente da Agraer, André Nogueira e a diretora da Facfan Maria Ligia Macedo.

“O Pantanal abriga diversas espécies frutíferas e riquezas de biodiversidade que possuem muitas formas de reaproveitamento”, afirmou a professora Raquel. De acordo com a professora, além de uso alimentício, a mais explorada pelo agroextrativismo sustentável, a flora pantaneira pode ser usada em fins medicinais e para produção de cosméticos. Raquel reforçou e exemplificou os múltiplos usos de frutos e cascas e apontou o trabalho do projeto de atribuição de valor e aumentar o contato da sociedade com essas espécies. “Nós temos feito essa proposta de fazer oficinas, para estimular as comunidades a usarem, fazerem preparações, desenvolverem produtos. Então é importante agregar valor a esses produtos”, ressaltou.

O professor Alejandro destacou que muitas vezes o modelo do agronegócio atua em princípios que criam uma dependência absoluta das comunidades rurais, seja pequenos agricultores seja agricultores familiares, quilombolas ou comunidades ribeirinhas. Ele relatou ainda as diferenças dos princípios antigos desse ramo de negócio, que negava a diversidade cultural das pessoas e das espécies da flora. “Estamos traçando um caminho alternativo baseado no pensamento ecossistêmico, onde a palavra sociobiodiversidade é central e elementar”, disse. Alejandro comentou sobre sua vontade de auxiliar a acabar com a dependência alimentícia de outros países e sobre a existência de redes solidárias de produção no Brasil.

“As plantas alimentícias nativas são de conhecimento e muito usadas pelas populações indígenas, comunidades tradicionais, quilombolas e pequenos agricultores”, destacou a professora Ieda. Ela trouxe para a discussão os aspectos da biodiversidade pantaneira. “O Pantanal possui uma flora muito rica, com diversas espécies importantes e quem têm valor cultural para as populações”, afirmou. A professora também falou sobre os fatores de risco que podem acometer as espécies potencialmente úteis, além de dificuldades que possam acabar com o conhecimento a respeito delas. “Os incêndios e retirada de vegetação nativa, apesar de contribuírem de certa forma para as atividades econômicas, acabam com a flora pantaneira. Trabalhar com extrativismo é trabalhar com o desafio de enxergar além dessa fisionomia vegetal, que muitas vezes nos torna cegos”, disse.

Há diversos projetos que contribuem para o avanço do agroextrativismo no Estado. A professora Rosane Bastos abordou o universo do agroextrativismo e integração comunitária, falando sobre os programas com os quais teve contato. “Esses programas têm contribuído muito para projetos de pesquisa”, afirmou. Rosana também apontou os benefícios de programas de integração entre comunidades e a biodiversidade. Segunda ela, dentre as ações estão a estruturação e funcionamento das redes de economia solidária de mulheres, produtores, cadeias produtivas articuladas, além da promoção de visibilidade para grupos, produtos e serviços. “Todos esses conjuntos de ações auxiliam o cuidado com a vida, gerando o bem viver para nossas comunidades, para nós e para nosso planeta”, comentou.

A última apresentação da live foi do pesquisador da Agraer Tércio Jacques, que discussões sobre as questões de território, pontuando a diferença entre trabalho em território e trabalho territorial, abordada em suas pesquisas. Tércio apresentou reflexões sobre trabalho e indivíduo e trabalho e organização, trazendo a importância da biodiversidade para o andamento do ciclo trabalhista. O pesquisador destacou, ainda, a necessidade da articulação institucional e interdisciplinar entre projetos, a fim de desenvolver a convivência comunitária.

Após apresentação, o público pôde fazer perguntas. A atividade foi transmitida ao vivo pelo canal Agroextrativismo Sustentável, no Youtube, e está disponível para acesso. Confira:

Texto: Victória de Oliveira (estagiária da Agecom)