Perfil acadêmico mudou nas Universidades Federais

Uma pesquisa realizada pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), com a contribuição do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis (Fonaprace), revelou as características socioeconômicas básicas dos estudantes de graduação presencial das Universidades Federais do País. Ao todo, 130 mil acadêmicos de 62 instituições participaram de forma espontânea da pesquisa, que está em sua quarta atualização e está disponível no site da Andifes: www.andifes.org.br .

A mudança no perfil acadêmico é atribuída a uma combinação de fatores: a crescente utilização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem); a adesão ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu); a vigência da Lei de nº 12.711/2012 (Lei de Cotas); e a implantação de novos campi por meio da política de interiorização das universidades federais.

De acordo com Waneide Ferreira, coordenadora da Coordenadoria de Assuntos Estudantis da UFMS, a Universidade contribuiu para a pesquisa em diversos momentos e incentivou os estudantes a responderem os questionários com o apoio da Sicredi Federal e da F.C.A Comércio e Eventos LTDA, empresa que administra o Restaurante Universitário. A cooperativa e a empresa doaram tablets que foram sorteados entre os acadêmicos que responderam à pesquisa e a UFMS alcançou o percentual aproximado de respostas de 14% dos alunos.

Ainda segundo Waneide a pesquisa é muito importante para todas as instituições porque servirá como subsídio para a definição das políticas de assistência estudantil a serem implantadas e implementadas, “principalmente as políticas do Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES). Com esse perfil podemos conhecer as necessidades reais do acadêmico e ofertar ações cada vez mais eficientes propiciando sua permanência na instituição e, posteriormente, sua diplomação”, comenta.

Os dados da pesquisa da Andifes/Fonaprace mostraram que dois terços (66,19%) dos universitários das instituições de ensino superior pesquisadas têm origem em famílias com renda média de 1,5 salário mínimo, o que os encaixa exatamente no perfil do PNAES. Segundo a Andifes, em comparação com os dados da primeira pesquisa realizada, o aumento de alunos com esse perfil foi de 50%. Ainda segundo a Associação no quesito cor e raça o resultado foi de 47,57% de autodeclarados pretos e pardos nas instituições, o que evidencia a eficácia da aplicação da Lei de Cotas. Confira no site da Andifes algumas das principais características dos alunos das instituições pesquisadas.

 

Pesquisa na UFMS

Em paralelo à colaboração com a pesquisa da Andifes/Fonaprace a Divisão de Acompanhamento da Política de Assistência Estudantil da UFMS constituiu um grupo de trabalho para consolidar dados específicos sobre o perfil do universitário da Instituição e aprimorar o questionário padrão aplicado aos ingressantes. A chefe da Divisão, Samanta Felisberto, contou que desde o início do ano o grupo se reúne semanalmente. “Diferente da pesquisa nacional, na pesquisa da UFMS atingimos 100% de discentes ingressantes, isso porque já há alguns anos o preenchimento do questionário é obrigatório, para que ingressantes possam efetuar a matrícula”, explica.

O grupo é composto pela professora Carina Maciel, do curso de Pedagogia; pela assistente social Franciele Piva; pelas técnicas em assuntos educacionais Luciana Lopes e Samanta Felisberto; pelo técnico de TI Paulo Rezende e pelos alunos: de Matemática Pedro Laperuta; do Mestrado em Educação Felipe Gimenez e Karoline Macedo; e do Mestrado em Computação Simone Almeida. A equipe trabalha atualmente com os dados colhidos no triênio 2013-2015 e a consolidação das informações resultará em um documento impresso, que deve ser lançado em breve.

Samanta elucida que as pessoas envolvidas no grupo de trabalho da área de computação estão desenvolvendo um sistema para que os dados sejam comparados ano a ano, “assim será possível observar quando e em quais casos ocorreram/ocorrem evasões e poderemos verificar o porquê das ocorrências. É um trabalho mesmo visando à prevenção, pois, a partir do perfil discente poderemos dar mais atenção aos alunos que têm o perfil para evasão”, afirma. A reformulação do questionário, cujo formato atual está vigente desde 2013, deve reforçar também o trabalho preventivo.

 

Investimentos

Segundo Waneide a mudança no perfil do acadêmico das instituições de ensino superior federais demanda uma mudança de cultura por parte de toda a comunidade acadêmica, principalmente relacionada ao acolhimento e à quebra do estigma que os alunos pobres e de origem étnico-racial diversas enfrentam cotidianamente.

Ainda conforme Waneide a pesquisa também mostra a necessidade de mais investimentos na assistência estudantil, “não só para as políticas e ações, mas principalmente para a formação das equipes mínimas de trabalho para a assistência estudantil: o Assistente Social, o Psicólogo e o Técnico em Assuntos Educacionais. Hoje na UFMS as equipes são mínimas, de 10 Câmpus, apenas a Cidade Universitária, Corumbá, Aquidauana, Coxim e Três Lagoas contam com alguns dos profissionais citados. A equipe de Campo Grande cuida de toda a Instituição, o que a sobrecarrega, pois os trabalhos dos Câmpus que não têm profissionais são direcionados para Campo Grande. Nos Câmpus temos as Comissões Permanentes de Apoio e Assistência Acadêmica (CPACs), porém, a maioria é composta por servidores que acumulam outras funções em outros setores. Temos contado com o apoio dos diretores de Câmpus que disponibilizam servidores para o trabalho, no entanto precisamos de mais Assistentes Sociais e Psicólogos nessas localidades, além de institucionalizar as Comissões Permanente de Apoio e Assistência Acadêmica, tornando-as setores específicos de Assistência Estudantil”, finaliza.