No minicurso realizado na 71ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) interessados puderam conhecer mais de perto a biodiversidade de frutos do Cerrado e do Pantanal, suas potencialidades nutricionais, tecnológicas e sensoriais. Entre os dias 22 e 25 as atividades teóricas e práticas foram realizadas em sala de aula, no Laboratório de Técnica Dietética e Gastronomia e no recém-inaugurado Laboratório de Análise Sensorial da UFMS.
As responsáveis pelo minicurso são as professoras Fabiane La Flor Ziegler Sanches e Elisvânia Freitas dos Santos, que contaram com a pesquisadora Juliana Biazon para ministrarem os conteúdos. Entre os frutos nativos da região apresentados estão a guavira, bocaiuva, acuri, buriti, mangaba, jatobá, baru, jenipapu e pequi. De acordo com Fabiane, alguns já são bastante utilizados na alimentação e inclusive no desenvolvimento de produtos na linha de panificação, produção de cervejas, gelatos comestíveis e geleias, outros ainda estão no início do processo.
Os dois primeiros dias do minicurso foram de atividades teóricas, entre elas uma dinâmica na qual se propôs aos participantes escolher um dos frutos disponibilizados em um prato e relatar uma memória afetiva relacionada a ele. Entre frutos conhecidos e outros não tão conhecidos, muitos relembraram a infância e tempos em que residiram ou visitaram chácaras e fazendas.
Uma participante contou que uma tradição familiar era comer limão com sal, outra que a mãe fazia para ela jatobá batido com leite e outra ainda, que não come frutos e que a memória que tem é da obrigação imposta pelos pais na infância. “Foi um relato inédito nesta dinâmica e assim vemos que é uma atividade muito interessante porque além de proporcionar o conhecimento de novos frutos, justamente reforça a importância de uma educação alimentar adequada e rica em diversidade. Outra situação interessante foi que temos conosco no minicurso pessoas de outros estados, do norte e do sul, que trouxeram também suas experiências contribuindo com o conhecimento”, afirmou a professora.
A parte prática foi iniciada hoje (24) e terá continuidade amanhã (25). Os participantes foram divididos em três grupos para a preparação de receitas. Palitos de pequi, biscoitos de jatobá e bolo de bocaiúva ficaram prontos, mas ainda não foram degustados, pois ainda passarão amanhã pela análise sensorial. E para que o pessoal não saísse com água na boca, as organizadoras promoveram ao final das atividades de hoje uma degustação de outros produtos: bolo de jatobá, patê de ricota com baru e geleia de laranjinha-de-pacu.
Para Celeste Rodrigues da Cruz, que cursa o quarto semestre de Tecnologia em Alimentos na UFMS a divulgação da importância dos frutos nativos precisa ser ampliada no País. “É muito importante que a população conheça e utilize esses frutos porque além do valor nutricional, que proporciona qualidade de vida e mesmo o tratamento e a cura para algumas doenças, eles possuem valor econômico, uma vez que possibilitam o desenvolvimento de outros produtos e consequentemente uma nova atividade, emprego e renda”, lembrou.
Texto e fotos: Ariane Comineti – atualizada em 25/07