“O Território Ofaié – Pelos Caminhos da História” será relançado durante VI RAMS

“Há muito tempo era preciso contar essa história de um jeito diferente. E eis que surge a oportunidade”.  A afirmativa bem descreve o livro “O Território Ofaié – Pelos Caminhos da História”, que em mais de 400 páginas decifra esse povo singular, que habita a margem direita do Rio Paraná, em Mato Grosso do Sul.

O livro é obra do professor e pesquisador da UFMS Carlos Alberto dos Santos Dutra, conhecido como Carlito, ex-integrante do CIMI, especialista em História do Brasil, e Cultura e História dos Povos Indígenas, que conviveu por mais de 30 anos com o Povo Ofaié.

A publicação será relançada nesta quarta-feira (5/4) após a conferência de abertura da VI Reunião de Antropologia de Mato Grosso do SUL (VI RAMS), no auditório do Multiuso, na UFMS.

Em sua segunda edição, o livro está sendo publicado pela Editora UFMS, por meio de projeto financiado pela Ação Saberes Indígenas na Escola, do Ministério da Educação.

Décadas de pesquisa

Oito famílias indígenas da nação Ofaié, que habitam o município de Brasilândia, no sudeste do Estado, são os personagens da publicação que apresenta curiosidades culturais particulares dessa etnia.

Divido em nove capítulos, o livro inicia-se com apontamentos sobre a etnografia Ofaié, fontes documentais e conceitos teóricos sobre seu território. Seguem-se textos dedicados aos temas Ofaié do Rio Negro e Taboco, pelos campos da Vacaria, entre o Ivinhema e o Três Barras, pelos caminhos do Pardo e Taquaruçi, no Puladouro do Rio Verde e em terras do Boa Esperança.

“Seguramente esses indígenas são os últimos sobreviventes dos antigos caçadores, pescadores e coletores que, até o início do século XX, chegaram ao número de dois mil indivíduos, mantendo suas aldeias ao longo de toda a margem direita do alto curso do rio Paraná”, diz o autor em introdução.

Carlos Alberto destaca que após permanecerem um longo período na história no completo anonimato e empreender uma difícil trajetória de resistência e sobrevivência, os Ofaié  passaram a compor a relação oficial das sociedades indígenas do Brasil.

“Não obstante, a existência de tão poucos estudos acadêmicos sobre a etnohistória deste povo é reveladora do grau da pouca importância que foi dada a eles e quão frouxos ainda são os laços que os prendem ao imaginário comum do processo formador deste Estado”, expõe o autor.

Fotos: Nataly Guimarães Foscaches