Nesta sexta-feira, 30, será realizado o evento em celebração à publicação da centésima edição do Jornal Laboratório Projétil, no Teatro Luís Felipe de Oliveira, às 16h30. Estudantes, egressos e servidores ativos e aposentados apresentam músicas, leituras de reportagens, mini documentário e a exposição Projétil Ilustrado, com desenhos e ilustrações de estudantes do Curso de Artes Visuais.
A professora do Curso de Jornalismo e uma das coordenadoras do Projétil, Katarini Giroldo Miguel, explica que o Jornal Laboratório tem 33 anos de trajetória e que todas as edições estão disponíveis no portal do curso. De acordo ela, o jornal foi publicado de forma ininterrupta desde seu lançamento, sempre mantendo a tradição de grandes reportagens com temas aprofundados, fazendo com que os estudantes desenvolvam habilidades investigativas.
“Um laboratório contribui com a formação dos estudantes, para eles entenderem como é a prática jornalística, podendo experimentar as diversas linguagens, inclusive com liberdade editorial para desenvolver qualquer tipo de pauta e temos isso como pressuposto do jornal. Para a comunidade externa, como levantamos muitas pautas e damos espaço para diferentes grupos, discutindo temas como questões indígenas, sexualidade e raça, isso fortalece esse debate fora da Universidade”.
O estudante do quinto semestre de jornalismo, Maurício Aguiar, que já participou de duas publicações do Projétil e teve a oportunidade de participar da centésima edição como membro da editoria-executiva do jornal, explica que esse momento ficará marcado na história do curso e em sua trajetória pessoal.
“O Projétil é a principal etapa da nossa formação, já que para muitos de nós é a primeira experiência em uma redação de verdade e nosso primeiro contato com uma grande pauta, que temos liberdade para elaborar. Por isso, o Projétil é um jornal diferente de qualquer outro no estado, porque temos liberdade editorial para decidir nossas pautas e executá-las. Buscamos ir atrás de assuntos que a grande mídia local não aborda, dando voz à comunidades e com compromisso em defender os direitos humanos. A comunidade externa e o jornalismo sul-mato-grossense precisam do Projétil”.
A primeira edição do Projétil foi elaborada em 1989 e publicada no ano seguinte. A matéria de capa denunciava o “jogo de cena” entre o então governador de Mato Grosso do Sul, Pedro Pedrossian, e o presidente da Assembleia Legislativa na ocasião, Gandi Jamil. Além dessa, outras grandes reportagens abordando questões sociais e políticas locais foram publicadas, e o jornalista Gerson Jara foi um dos que fizeram parte dessa primeira demonstração das potencialidades dos estudantes e também integrou a primeira turma de formados pelo curso.
“Para nós era muito simbólico, juntar uma equipe, aprender a levantar uma pauta, fazer reunião do Conselho de Redação, eleger as matérias principais, a pré-diagramação, todo um processo de produção que é marcante e que aprendemos de forma processual com os professores. A minha primeira matéria que saiu era sobre o bar do Zé, no calçadão da Barão [do Rio Branco] e toda a circulação política, o encontro da esquerda, da direita, os protestos e atos que fazíamos”, explica o jornalista.
Gerson reforça que o que caracteriza o Projétil desde o início é justamente a liberdade editorial. “A centésima edição do Projétil, para mim, é uma coisa muito emocionante, porque sabemos da dificuldade que tínhamos quando o Curso de Jornalismo foi formado na UFMS, a partir de uma luta da categoria e do sindicato. […] Alcançar a 100ª edição significa que o Projétil foi uma vitória simbólica para a sociedade sul-mato-grossense e também para a Universidade e estudantes”, reforça.
Em 1993, o professor José Márcio Licerre entrou no Curso de Jornalismo para auxiliar o processo de diagramação do Projétil, que era feito de forma manual. Era preciso pensar nos tamanhos das páginas e na quantidade de textos que chegariam da redação, e assim que o professor assumiu o dever, aplicou o gabarito de diagramação, uma espécie de molde que os estudantes poderiam seguir mais rapidamente.
“Os principais desafios da época era imprimir o jornal e fazê-lo circular, sempre tiramos 5 mil exemplares, e junto com os professores Edson Silva e Mário César Silveira, deixávamos o jornal nas bancas, distribuíamos na Afonso Pena. O Projétil, dentro da história da imprensa sul-mato-grossense, se formos analisar, é um produto muito forte”.
Texto: Agatha Espírito Santo
Fotos: Arquivo do Curso de Jornalismo