Instituição é sede de primeiro campo agrostológico do Estado

Um campo agrostológico pode ser considerado um “jardim” que abriga várias espécies de plantas forrageiras e tóxicas. Constitui-se em função dos estudos sobre esse plantio e sua relação com a dieta animal, visando auxiliar economicamente o setor agropecuário da região.

No Mato Grosso do Sul, o primeiro campo agrostológico encontra-se na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FAMEZ) da UFMS, na Cidade Universitária. A ideia de implementação do campo surgiu a partir da necessidade de aprimoramento nos diagnósticos das propriedades, realizados dentro do Laboratório de Anatomia Patológica, onde eram estudados os casos de morte bovina por intoxicação no estado. Em 2012, com o auxílio da bolsa de extensão sobre “Coleções Botânicas e Museus”, oferecida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em parceria com a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect), foi possível estruturar um projeto rudimentar, que antes contava apenas com algumas mudas plantadas em locais indeterminados.

ProfessorAtualmente, o canteiro possui em média 25 espécies que são selecionadas de acordo com um mapeamento de plantas do estado, no qual possui uma classificação sobre sua importância econômica, potencialidade tóxica e seu nível de interesse pecuário, “as plantas que vêm para cá são aquelas que já foram descritas como causadoras de intoxicação na região e que podem ser encontradas por aqui, como também aquelas tóxicas que são de outros estados, com exemplares na região, que causaram intoxicação lá, mas aqui ainda não” avalia Ricardo Antônio Amaral de Lemos, professor de Medicina Veterinária e coordenador do projeto.

A adaptação das mudas é um aspecto que muitas vezes dificulta na construção do campo. Entre 10 espécies novas que são plantadas, apenas 2 ou 3 conseguem resistir às condições climáticas e ao solo, sendo que algumas nascem apenas com a propagação da sua semente. Há uma preponderância na expansão do campo, visto que não é muito indicada a vinda das espécies de fora, por não se ter domínio suficiente sobre os cuidados necessários com elas e seus princípios ativos, portanto o foco ainda são as plantas já existentes no Mato Grosso do Sul.

De acordo com o coordenador do projeto, o objetivo do campo agrostológico é prover o conhecimento sobre plantas tóxicas às pessoas que estão envolvidas com a produção animal, desde produtores rurais, médicos veterinários, agrônomos, zootecnistas, estudantes e profissionais da área em geral, tudo através da visitação. Assim como oferecer apoio para as aulas práticas de cursos e treinamentos.  Como suplementação às visitas, foi desenvolvida uma cartilha institucional que contem, de forma resumida, fotos de todas as espécies do campo, os sinais clínicos que elas causam e as principais medidas de controle.

Passados quatro anos desde a instalação do “jardim perigoso” na UFMS, já se pôde obter inúmeras descobertas sobre determinadas plantas e o comportamento dos animais em geral.  Desde a magnitude da Amorimia septentrionalis para um gado, que após ingeri-la e movimentar-se em seguida, estabelece de forma fulminante um quadro de morte súbita, até a existência alguns animais que são geneticamente mais resistentes que outros. Para o futuro, Ricardo afirma que “o primeiro passo é dar continuidade ao que estamos fazendo e o outro é intensificar as parcerias com outros cursos para que possamos nos empenhar na pesquisa sobre o princípio ativo dessas plantas, isso abre um caminho importante para o controle das intoxicações”.

Os interessados em fazer uma visita ao local e conhecer mais sobre o projeto, podem agendar, entrando em contato com o professor Ricardo por meio do telefone (67) 3345-3615.