Iniciativa contribui para o enfrentamento à desinformação no Mato Grosso do Sul

A desinformação tem o poder de tomar grandes proporções e provocar danos permanentes na sociedade. Também conhecidas como fake news, podem derrubar um candidato à corrida eleitoral, prejudicar a reputação e até mesmo afetar a saúde de uma pessoa. Para evitar que elas continuem circulando livremente nas redes sociais, professores e estudantes do Curso de Jornalismo  criaram uma agência de checagem de fatos.

A agência laboratorial Veracidade busca contribuir no enfrentamento à desinformação, com atuação em Mato Grosso do Sul. O projeto intitulado Combate à desinformação e fake news: agência regional de checagem de fatos e produção de jornalismo científico recebeu financiamento da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul e tem a participação de sete estudantes bolsistas. 

A coordenadora do projeto e professora da Faculdade de Artes, Letras e Comunicação, Taís Marina Tellaroli Fenelon, explica que a proposta da agência surgiu em um contexto pós-pandêmico. Ela relembra o período marcado pela desinformação, principalmente relacionados à vacina e à Covid-19, quando muitas pessoas foram prejudicadas, e destaca que as fake news geralmente estão associadas a temas de alcance nacional. 

“A desinformação é bem amplificada nos temas nacionais, relacionados à política, à saúde, às vacinas e à ciência, são temas que sofreram grandes ataques. Tem um ou outro que a gente identifica localmente, com alguns aspectos de desinformação, principalmente nos comentários que as pessoas fazem nas notícias. Nos comentários, a gente percebe que elas não se aprofundaram, não leram a notícia completa, colocam muita suposição nos assuntos. A gente fica de olho e tenta encontrar respostas verídicas e  checadas para alguns pontos que causam dúvidas às pessoas”, afirma. 

Para a coordenadora, a internet é um ambiente propício para a disseminação das fake news. Seja nas redes sociais ou em aplicativos de mensagens, as informações falsas adquirem características sofisticadas para a manipulação e, muitas vezes, tomam uma proporção muito maior do que os conteúdos produzidos e checados pela imprensa. “A partir do momento que uma mentira circula mais, ela acaba se tornando muito mais aceitável e verdadeira do que a própria verdade”.

Para enfrentar a desinformação e estimular o pensamento crítico e a busca por informações apuradas e de qualidade, os estudantes passaram por um treinamento com o apoio do Projeto Comprova. Os bolsistas e os professores fizeram uma capacitação durante quase dois meses para identificar as informações falsas. A partir de então, foi desenvolvida uma metodologia de trabalho, que consiste em monitorar perfis locais e mapear as principais desinformações que circulam nas redes sociais dos sul-mato-grossenses.

A equipe tem uma conta no Instagram para receber dúvidas e, a partir da demanda da sociedade, produz pautas com conteúdo jornalístico. “A gente se reúne uma vez por semana e debate as pautas, os assuntos que vamos checar. A partir das nossas gravações, criamos conteúdo audiovisual e checagem em cards, para postar no perfil do Instagram”, detalha a professora Taís. 

Além de estimular a busca por informações confiáveis, o projeto também enriquece a trajetória dos estudantes envolvidos no processo. Com o olhar atento às notícias que circulam nas redes sociais e com a formação sobre a checagem de dados, os estudantes se destacam.

“Agora, eu tenho a oportunidade de produzir mais conteúdo jornalístico, ganhar prática com a rotina de trabalho. Além de que, nós que trabalhamos com checagem na Universidade, em ambiente laboratorial, vamos sair para o mercado com um diferencial. O que é muito positivo”, ressalta o estudante Murilo Medeiros.

A estudante Geane Beserra Pereira também destaca a transformação no olhar sobre o jornalismo. “Fazer as checagens e trazer os fatos é um trabalho que precisa de muita atenção para não deixar escapar nada. Sendo assim, essa experiência não fica apenas no ambiente da agência, mas amplia as minhas técnicas no fazer jornalista”.

O público pode tirar dúvidas ou sugerir pautas a serem checadas na Agência Veracidade. Para participar, basta enviar a sugestão pelo e-mail agencia.veracidade@gmail.com ou por mensagem nas redes sociais

Texto: Mylena Rocha

Fotos: Arquivo do projeto