Na sexta-feira, 20, às 9h, o Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Humap-UFMS/Ebserh), inaugura o Centro de Processamento Celular (CPC), o bunker da Radioterapia e a Unidade de Acidente Vascular Cerebral (AVC). A cerimônia será realizada no estacionamento em frente à Capela do Humap – UFMS/Ebserh (em caso de mau tempo no auditório Inard Adami no prédio de Bioclínica Química – antigo LAC) e será transmitida na página do Hospital no Facebook. A concretização das três obras se devem a esforços conjuntos das gestões do Humap e da UFMS, bem como da Ebserh na contratação de profissionais altamente especializados.
“Estamos muito orgulhosos de acompanhar o crescimento do nosso Hospital Universitário e ainda mais por oferecer serviços de excelência e fundamentais para a sociedade sul-mato-grossense. Parabéns ao superintendente, Claudio César da Silva, a toda a equipe do Humap, ao general Oswaldo de Jesus Ferreira, presidente da Ebserh, por essa grande conquista”, afirmou o reitor Marcelo Turine.
O Centro de Processamento Celular (CPC) do Humap-UFMS/Ebserh foi o último implantado no Brasil e permite que a Rede BrasilCord passe a contar com 16 Bancos Públicos de Sangue de Cordão. O objetivo é diversificar o material genético disponível para transplantes de medula óssea e facilitar a localização de doadores compatíveis em todo o território nacional.
Desde 2011, vinham sendo feitas tratativas para implantação de um Banco de Sangue Cordão Umbilical e Placentário (BSCUP) em Campo Grande, que a princípio funcionaria junto à Rede Hemosul. Após audiência pública, o Governo do Estado manifestou a impossibilidade de dar continuidade ao projeto e foi oferecida à UFMS a possibilidade de trazer o BSCUP para a instituição, que já desenvolvia pesquisa em terapias celulares.
Assim, em abril de 2018 foi firmado o convênio entre a Fundação Ary Frauzino e o Humap, para a execução do projeto da Rede BrasilCord. Financiado pelo BNDES, o projeto foi modernizado e permitiu a implantação do Centro de Processamento Celular, no qual foram investidos aproximadamente R$ 8 milhões.
O CPC está pronto para realizar o processamento e a criopreservação de células tanto hematopoiéticas quanto mesenquimais, um dos seus maiores diferenciais. As fontes de células-tronco mesenquimais são diversas. A experiência dos profissionais e pesquisadores que atuam no Humap e no CPC, consiste no processamento imediato de células do tecido adiposo, da polpa dentária, do cordão umbilical e da medula óssea.
Importância do CPC
As células-tronco hematopoiéticas são indicadas para pacientes com leucemias, linfomas, anemias graves, anemias congênitas, hemoglobinopatias, imunodeficiências congênitas, mieloma múltiplo, além de outras doenças do sistema sanguíneo e imune. Já as células-tronco mesenquimais são indicadas para pacientes com doenças que não possuem um tratamento padrão ouro na medicina tradicional. Neste sentido, a gestão do Humap-UFMS/Ebserh estuda a viabilidade de oferecer o transplante de medula óssea, otimizando o atendimento aos pacientes do estado e região.
As pesquisas clínicas indicam o uso das mesenquimais para terapias para diversas doenças, incluindo tratamentos estéticos e reparadores. Segundo a equipe de pesquisadores, alguns destes tratamentos já foram desenvolvidos no âmbito do Hospital, como: Doença de Crohn (doença autoimune), doenças inflamatórias intestinais – fístulas perianais, artrite, reconstrução de cartilagem, osteoartrite e tendão de Aquiles roto. Também já foram desenvolvidas pesquisas em modelos pré-clínicos para doenças renais, lesões na medula espinal, lesões ósseas e tendinites, que trazem uma ótima perspectiva para o desenvolvimento dos tratamentos em humanos.
A partir do início das atividades no CPC e, considerando as características genéticas da população sul-mato-grossense, além das inúmeras possibilidades de tratamentos inovadores, haverá um importante incremento na diversidade de material genético disponível para transplantes de medula óssea.
O serviço será financiado e executado com recursos públicos e também houve apoio para a formação da equipe técnica altamente qualificada pronta para atender as necessidades da assistência no Humap-UFMS/Ebserh e apoiar outras unidades de saúde, inclusive com transferência de tecnologia para demais instituições da rede. O CPC também está aberto para acolher pesquisa e inovação e acordos de cooperação com outros serviços e setores, sempre em benefício da sociedade, respeitando os padrões éticos e os princípios da administração pública.
“O CPC do Humap vem coroar nossa missão, que é ensinar para transformar o cuidar. E valorizar o Humap como uma instituição que, além de oferecer assistência à saúde, tem como missão a formação de profissionais altamente qualificados e o desenvolvimento de pesquisas de ponta e de vanguarda em benefício da nossa sociedade”, afirma o superintendente do Humap, Cláudio César da Silva.
O bunker conta com um acelerador linear para radioterapia e faz parte do Plano de Expansão da Radioterapia no Sistema Único de Saúde (SUS), desenvolvido pelo Governo Federal em 2012, que prevê a implantação de 80 soluções de radioterapia, contemplando equipamentos e infraestrutura, bem como a utilização do poder de compra do estado como instrumento para internalizar tecnologia e criar alternativas comerciais que possibilitem o fortalecimento e o desenvolvimento industrial, com o intuito de reduzir a dependência tecnológica do país.
Em maio 2012, por meio da Portaria nº 931, o Ministério da Saúde estabeleceu os critérios para implantação dessas 80 soluções e em dezembro de 2013 foi firmado um contrato com a empresa Varian Medical Systems para elaborar os projetos de construção dos espaços para instalação dos equipamentos e fornecimento dos aceleradores lineares.
Há mais de dez anos os serviços de radioterapia do Humap-UFMS/Ebserh estavam parados por falta de equipamentos e de profissionais. Em dezembro de 2018, a direção do Humap-UFMS/Ebserh assinou a ordem de serviço. O bunker ocupa espaço físico de 210 metros quadrados, com investimentos de mais de R$ 5 milhões provenientes do Ministério da Saúde. Desses, aproximadamente R$ 2,7 milhões foram investidos na obra e R$ 2,4 milhões na compra de equipamentos. Após a inspeção do a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e da Vigilância Sanitária, 20 novos pacientes serão atendidos por mês no bunker da radioterapia.
“O bunker da radioterapia vai garantir atendimentos de qualidade à população e também proporcionará avanços à pesquisa e ao ensino dos acadêmicos e residentes. O novo acelerador linear, por ser um equipamento moderno, vai trazer mais conforto aos pacientes durante o tratamento”, diz o superintendente do Humap.
A Unidade de AVC iniciou as atividades em maio de 2019, como projeto-piloto. No primeiro ano de funcionamento, foram atendidos 286 pacientes. Desses, 73% com AVC isquêmico, sendo que 23% deles receberam medicação trombolítica. O tempo médio da entrada do paciente no Humap-UFMS/Ebserh até a realização da tomografia é de 15,8 minutos. Já o tempo médio da entrada no hospital até receber a medicação é de 27 minutos. Entre julho de 2020 e janeiro de 2021 foram 170 pacientes. Desses, 30 conseguiram receber o tratamento trombolítico. 49% dos pacientes atendidos na Unidade conseguiram realizar tomografia computadorizada de crânio nos primeiros 25 minutos de atendimento e 86% receberam a medicação (alteplase) dentro da primeira hora de atendimento. No Brasil, a média de pacientes com AVC que conseguem chegar a tempo de serem medicados é de 3 a 4%.
Recentemente, a Unidade de AVC conseguiu autorização do Ministério da Saúde para funcionar não mais como projeto-piloto e está aguardando publicação no Diário Oficial da União para começar a receber recursos federais. “Anteriormente, como projeto-piloto, o funcionamento da Unidade estava sendo bancado com recursos próprios do Humap-UFMS/Ebserh. Nosso próximo passo é conseguirmos a habilitação integral de leitos, para dobrarmos a capacidade de atendimento à população”, enfatiza Cláudio César da Silva.
Texto: Vanessa Amin e Unidade de Comunicação Social Humap-UFMS/Ebserh
Fotos: Unidade de Comunicação Social Humap-UFMS/Ebserh