“Gafanhotinho-tigre. Que bicho é esse?”. Esta pergunta intitula o artigo escrito por três pesquisadores que esperam despertar a curiosidade de crianças sobre o Temnomastax tigris, pequeno gafanhoto encontrado em toda a Serra da Bodoquena e em alguns locais do Pantanal sul-mato-grossense, bem como em alguns raros lugares da Argentina, do Paraguai e da Bolívia.
O trabalho é de autoria do servidor e mestre em Biologia Animal, Renan Olivier; do professor Paulo Robson de Souza, da UFMS; e do professor Rodrigo Aranda, da Universidade Federal de Rondonópolis (UFR), e foi publicado na revista Ciência Hoje das Crianças (CHC).
“Esse trabalho surgiu de um convite do professor Paulo Robson, ao ficar sabendo de algumas curiosidades sobre esse grupo de gafanhotos. No mesmo instante, ele teve a ideia de escrever um artigo voltado às crianças, ou seja, numa linguagem mais acessível e que instigasse a curiosidade delas. Além disso, durante o desenvolvimento do artigo, tivemos a ideia de propor uma atividade de ciência cidadã, assim, apresentamos um guia de identificação de várias espécies dessa família de gafanhotos de várias regiões do Brasil, como material suplementar, estimulando a observação da natureza e olhar naturalista das crianças”, conta Renan.
Acesse gratuitamente o artigo até 5 de novembro.
A publicação lista as características desse gênero de gafanhotos, ensina as crianças a identificá-los e explica algumas curiosidades, como o fato deles serem “comedores de sal”, o que levou os pesquisadores a atraí-los com urina, processo explicado em linguagem simples e didática às crianças. “Durante as coletas na Bodoquena, encontramos grandes quantidades [do inseto] no entorno do local onde acampávamos e ao longo do rio, e ficamos curiosos em saber se estavam em busca de sal, como menciona a matéria. Pensando nisso, realizamos o experimento de desenhar o círculo com xixi rico em sal, para ver se atrairia os gafanhotos, como de fato fez. Com o retorno e entrega do material para o Renan, ele identificou a espécie e constatou ser a maior parte de machos”, comenta o Rodrigo, que na época do desenvolvimento da pesquisa era pós-doutorando na UFMS.
Mas por que fazer um artigo voltado para crianças? Segundo Renan, a ideia é incentivar a pesquisa científica e a biodiversidade do país. “Normalmente os artigos científicos são voltados a quem está vinculado a academia. A ideia de elaborar artigos científicos em uma linguagem acessível às crianças é importante pela possibilidade de ajudar a formar novas gerações de pesquisadores e também divulgar um pouco da biodiversidade brasileira. Nesse quesito, a revista Ciência Hoje das Crianças cumpre um papel de fundamental importância e também é um veículo de comunicação científica de grande abrangência, com tiragens que chegam a 200 mil exemplares, distribuídos em escolas de todo o Brasil, além do conteúdo on-line”.
Rodrigo complementa que estimular o interesse por pequenos seres vivos também é estimular a preservação do meio ambiente. “Diversos pontos são curiosos nessa história, o fato de serem gafanhotos bem pequenos e as pessoas sempre associarem a bichos grandes, o colorido e morfologia diferentes, como a posição das pernas, o circuito de gafanhotos no xixi, indicando como os cientistas pensam nas perguntas e elaboraram ideias para testá-las… Tudo isso contribui para aguçar a curiosidade nata das crianças. Além disso, fazer com que as crianças parem e olhem os pequenos seres com curiosidade e admiração é importante para incentivar a importância de conhecermos para conservar a natureza”, afirma.
O artigo “Gafanhotinho-tigre. Que bicho é esse?” ficará disponível de maneira gratuita no site da CHC até 5 de novembro. Clique aqui para ler.
Texto: Leticia Bueno