Evento propõe reflexões e celebra 10 anos da Licenciatura em Educação do Campo

A Cidade Universitária sedia nesta quinta e sexta-feira, 8 e 9 de agosto, o 1º Seminário de Integração Licenciatura em Educação do Campo: uma década de existência na UFMS. Além da celebração ao aniversário do curso, o evento propõe reflexões sobre o tema Ensino, Pesquisa e Extensão em tempos formativos: tempo Universidade e tempo comunidade. Participam do encontro professores, egressos e estudantes da licenciatura e também do curso de Aperfeiçoamento do Escola da Terra.

A Licenciatura em Educação do Campo (Leducampo) promove a formação de professores e gestores de escolas do campo localizadas em territórios camponeses e quilombola em todo o Estado. O curso é desenvolvido na metodologia Pedagogia de alternância, que visa à interação entre o estudante que vive no campo e a realidade que ele vivencia em seu cotidiano. São quatro turmas concluídas até o momento, que totalizam 112 profissionais formados.

A vice-reitora Camila Ítavo destacou a predominância do campo na vocação do Estado e a importância da oferta de uma formação de qualidade. “Precisamos de bons professores, excelente formação e isso nosso curso faz. Hoje comemoramos 10 anos de existência. Ele começou como um programa especial do Ministério da Educação e, em 2018, conseguimos fazer a institucionalização dentro da Universidade, favorecendo o crescimento do curso e dessa entrega tão importante da UFMS para a sociedade. Temos diversos egressos em posições de destaque no Estado e no País. Além da formação, de serem professores, também temos gestores atuando no desenvolvimento, em prol das pessoas do campo. É um dia de festa e também de reflexões sobre o que podemos aperfeiçoar para nossos estudantes que estão aqui”, falou.  

“É uma alegria muito grande comemorarmos uma década de um curso que tem um diferencial, uma especificidade. Trabalhamos com uma metodologia diferenciada que é a Pedagogia de alternância, então hora os estudantes vêm até a Cidade Universitária, ficam alojados aqui, hora os professores vão até as comunidades desenvolverem seus projetos, seus estágios e práticas, juntamente com os estudantes. […] Toda a trajetória que temos no curso é extremamente importante para nós”, ressaltou a diretora da Faculdade de Educação, Milene Bartolomei Silva.

Para a coordenadora da licenciatura e também do curso de aperfeiçoamento do Escola da Terra, Edinalva da Cruz Teixeira Sakai, são muitos os motivos para comemorar. “São muitos os bons frutos do curso. A licenciatura é aberta a todos os interessados, então são pessoas que vêm de assentamentos, da zona rural, indígenas, quilombolas, pessoas que estão afastadas da capital e que não têm a possibilidade de morar aqui. O formato diferente, essa Pedagogia de alternância abre as portas do curso a todos e também nos permite o contato direto com nossos egressos, uma vez que nós professores também vamos às comunidades onde estão atuando. Vemos que eles estão contribuindo com a comunidade, ocupando seus espaços e temos entre os egressos: coordenadores, estudantes de mestrado, mestres e estudantes de doutorado aqui na Universidade”, pontuou. “Outro diferencial, é justamente possibilitar a integração entre os participantes, porque temos alunos saindo do ensino médio e pessoas já com mais idade, que não puderam estudar anteriormente e agora vêem a possibilidade da formação. Então vemos nitidamente que essa troca de saberes, conhecimento e experiência promove um grande amadurecimento”, refletiu.

“Temos buscado avançar na oferta de políticas específicas para as comunidades. Temos mantido um diálogo com a UFMS, com a Leducampo e com o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) porque esse é um espaço que precisamos ocupar”, declarou a gestora da Coordenadoria de Modalidades Específicas da Secretaria de Educação do Estado de Mato Grosso do Sul, Tania Milene Nugoli Moraes.

“Aqui na Universidade sempre tivemos um diálogo, relembrávamos aqui momentos nos quais fizemos a resistência, luta, ocupação, conversas, e tudo isso faz parte de uma conquista. […] Para nós, é sempre muito importante ver nossos assentados, acampados, indígenas e quilombolas dentro da Universidade, se encontrarem dentro da Universidade em um espaço que é nosso, onde fazemos o que gostamos e ao retornar para o campo que consigamos dar continuidade, que sejamos agentes de transformação. Parabenizo a todos que estão aqui e me coloco à disposição com uma responsabilidade ainda maior, hoje no Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA)”, disse a coordenadora da pasta local do MDA e egressa da Leducampo, Marina Ricardo Neves Viana.  

A asseguradora do Pronera, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, egressa da pós-graduação em Educação da UFMS, Gisele da Rocha Souza, relembrou um pouco da história do Programa, que completou 26 anos em abril, para destacar a alegria em ver que as reivindicações e discussões de outrora resultaram em conquistas hoje materializadas. “Os desafios existem, mas isso é o que nos forja. Imagino que esse momento será de conquistarmos ainda mais espaços. […]  Que tenhamos muito mais anos de atividade, muito mais cursos, muito mais profissionais atuando em todas as áreas, fortalecendo as comunidades”, finalizou. 

Texto: Ariane Comineti 

Fotos: Álvaro Herculano