Espécies do Bioma sul-mato-grossense podem ser utilizadas na criação de fármacos

Alguns dos diversos estudos sobre o Bioma sul-mato-grossense foram apresentados na manhã de hoje (23) na 71ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). A conferência “Pesquisa etnofarmacológica do Bioma sul-mato-grossense aplicada às doenças cardiovasculares” foi realizada pelo professor Arquimedes Gasparotto Junior da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), com apresentação da professora da UFMS Maria Lígia Macedo.

Segundo o pesquisador a expectativa é que as substâncias naturais pesquisadas possam ser adjuvantes no tratamento das patologias cardiovasculares. “Que possam ser usadas com drogas convencionais e que possam aumentar a longevidade contribuindo em uma redução de pressão adicional, no efeito diurético adicional, alguma atividade antioxidante adicional, que melhore as condições clínicas dos pacientes”, explica.

O professor pesquisa a etnofarmacologia do bioma brasileiro há aproximadamente 14 anos e há seis trabalha mais especificamente o bioma regional, com ênfase em duas áreas: uma envolvendo o Cerrado e uma porção de Mata Atlântica, localizada mais ao sul do estado, e outra voltada ao Pantanal sul-mato-grossense. “É um estudo complexo que iniciamos com entrevistas com as pessoas que detêm o conhecimento tradicional como ribeirinhos, curandeiros e raizeiros. Com acesso às espécies mais utilizadas por eles realizamos então todos os ensaios biológicos como botânico, farmacológico e toxicológico, entre outros”, elucida.

Na conferência os participantes da SBPC puderam conferir cerca de 10 espécies trabalhadas pelo professor, colegas e acadêmicos sob sua orientação, no Laboratório de Eletrofisiologia e Farmacologia Cardiovascular da UFGD. Um dos exemplos é uma espécie de “chapéu-de-couro” (Echinodorus grandiflorus) com estudos já em fase de testes com pacientes. “Para as pesquisas contamos com a colaboração também de pesquisadores de outras instituições e até de outros países. A parte farmacológica e toxicológica é realizada na UFGD, a parte química na UFMS, com a professora Denise Brentan, e a parte botânica e a caracterização morfoanatômica das espécies com a Universidade Estadual de Ponta Grossa, com a professora Jane Manfron. Atualmente temos colaboradores também do Paquistão, França, Cuba e outros países”, finaliza.

 

 

Texto e fotos: Ariane Comineti